Destaque

Um experimento de alcance sem precedentes na Amazônia: pesquisadores do INPA e Unicamp receberão R$ 18 milhões do governo britânico para o projeto AmazonFACE

Fonte

Jornal da Unicamp

Data

segunda-feira, 15 novembro 2021 10:05

AmazonFACE, projeto internacional que envolve pesquisadores brasileiros, foi apresentado na COP26 (Conferência da ONU para Mudanças do Clima). Ele contará com 2,5 milhões de libras (cerca de R$ 18 milhões), viabilizados a partir de um acordo entre governo britânico, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com possibilidade de novos reembolsos anuais. “O foco central do programa é um experimento de alcance sem precedentes, que vai expor uma área de floresta amazônica madura a uma concentração de CO2 (dióxido de carbono) prevista para o futuro”, explicou o Dr. David Montenegro Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI-Unicamp).

Segundo o Dr. David Lapola, presente no evento em Glasgow (Escócia) juntamente com seu colega do INPA Dr. Carlos Alberto Quesada, o AmazonFACE aborda uma questão global: como as mudanças climáticas afetarão a floresta amazônica, a biodiversidade que ela abriga e os serviços ecossistêmicos que fornece à humanidade. “Uma das principais incertezas é sobre como a Amazônia irá reagir às rápidas mudanças no planeta causadas pela queima de combustível fóssil e pelo desmatamento. Estamos olhando muito o desmatamento, enquanto as florestas estão sendo silenciosamente corroídas pelas mudanças climáticas – e sabemos muito pouco sobre esse processo”.

Como observa o professor da Unicamp, o CO2 é o principal gás do efeito estufa e, quanto maior sua concentração, maior o calor; mas ele também tem um efeito direto sobre as plantas, enquanto insumo básico da fotossíntese. “A questão é: o que acontece quando se aumenta esse CO2? Não sabemos. Temos experimentos semelhantes nos Estados Unidos e Europa, mas lidando com ecossistemas temperados, completamente diferentes do nosso. O IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] aponta, de maneira consensual, que, teoricamente, a Amazônia tende a secar, com redução de chuvas e o óbvio aquecimento. Mas quando se fornece mais CO2 às plantas, elas aumentam de biomassa, ficando mais ativas. Também teoricamente, isso contrabalançaria o efeito negativo do aumento de temperatura e da redução de chuva.”

Tecnologia FACE

Na COP26, os pesquisadores assinaram um convênio para iniciar a construção, perto de Manaus, de uma estação de pesquisa usando a tecnologia Free-Air CO2 Enrichment (FACE). O Dr. David Lapola explica o processo com uma ilustração onde estão representados círculos demarcados na floresta e 16 torres de 35 metros de altura, ultrapassando a copa das árvores. “Teremos tubos verticais com furos do lado de dentro do círculo, ligados a um tanque de CO2 puro, que é liberado pelo sistema computacional. Esse pedaço de floresta vai ficar exposto, durante um longo tempo, a uma concentração atmosférica de gás carbônico 50% maior que no ambiente.”

O pesquisador do CEPAGRI recorda que a primeira reunião sobre o AmazonFACE ocorreu em 2011, mas que o projeto começou de fato em 2015. Em sua fase 1, delimitaram-se as parcelas de pesquisa na floresta e começou a ser medido tudo que estava previsto no experimento em si. “Como o recurso que esperávamos em 2017 não veio, decidimos fazer um experimento menor, com câmeras a três metros de altura no sub-bosque da floresta, focando árvores juvenis de dois, três metros. O projeto não esteve parado, continuamos buscando recursos com afinco para a fase 2, o que é resultado de uma equipe coesa, persistente e paciente.”

O INPA está sediando o experimento, que já conta com cerca de 40 pesquisadores. Agora será formado um novo consórcio, que incluirá a comunidade britânica de forma mais incisiva. “Temos pesquisadores na floresta desde 2015, coordenados pelo professor Beto Quesada e outros. O que está em jogo no AmazonFACE é descobrir se o aumento de gás de carbono na atmosfera, que vem ocorrendo nas últimas décadas, leva a floresta a estocar mais CO2. Temos ainda a questão da água, pois boa parte da chuva é reciclada na floresta e, em certos eventos meteorológicos, chega ao Sudeste, por exemplo. O experimento vai mostrar se haverá alteração nesses fluxos de água e no balanço hídrico regional”, concluiu o pesquisador.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.

Fonte: Luiz Sugimoto, Jornal da Unicamp.

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