Notícia

Pesquisadores da UEMA investigam patologias fúngicas em peixes cultivados no Maranhão

Ocorrência de enfermidades nos peixes cultivados é um fator limitante para o desenvolvimento da piscicultura

Divulgação, UEMA

Fonte

UEMA | Universidade Estadual do Maranhão

Data

segunda-feira, 31 maio 2021 06:40

Áreas

Monitoramento Ambiental. Saúde.

O Brasil e o Estado do Maranhão têm potencial para a aquicultura, em especial, por sua disponibilidade hídrica, clima favorável e ocorrência natural de espécies aquáticas que compatibilizam interesse zootécnico e mercadológico. No entanto, a ocorrência de enfermidades nos animais cultivados é um fator limitante para o desenvolvimento da piscicultura, ocasionando perdas massivas com sérios prejuízos econômicos. No caso particular do Maranhão, tem-se algumas pisciculturas administradas por pequenos produtores e, até então, não existia qualquer informação sobre a qualidade sanitária desses locais de criação e sobre a sanidade dos animais. Então, um novo projeto foi iniciado na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com este foco.

“A ideia central do projeto se alinha à demanda Estadual, orientada pelo Programa ‘Mais Produção’ que, a partir do Decreto nº 30.851 de 11 de junho de 2015, passou a coordenar um conjunto de ações integradas na agricultura, pecuária, pesca e aquicultura, com foco no abastecimento em todo o Maranhão. Assim, inicialmente a proposta de trabalho se concentrou em entender a dinâmica produtiva de tilápias na Ilha de São Luís, passando por análises realizadas a partir de coletas e aplicação de questionários em pisciculturas distribuídas pelos quatro municípios que compõem a Grande Ilha… [e ainda] identificar, a partir de análises morfológicas, citopatológicas e moleculares, as principais espécies de ocorrência nesses agroecossistemas e determinar em que medida estas se configuram como fatores limitantes à produção aquícola maranhense,” explicou a professora Dra. Ilka Serra, coordenadora do projeto.

A pesquisa é desenvolvida pela Dra. Ilka Serra , juntamente com o professor Dr. Thiago Anchieta de Melo e a aluna egressa do Programa de Pós-graduação em Recursos Aquáticos e Pesca (PPGRAP), professora Ingrid Tayane. O  grupo de pesquisa conta, hoje, com a participação de dois alunos de mestrado, quatro alunos de Iniciação Cientifica e um aluno de extensão. Além do desenvolvimento da pesquisa no Laboratório de microbiologia, é realizado um trabalho colaborativo com outros pesquisadores de diferentes laboratórios: Laboratório de Biologia Molecular com apoio da professora Dra. Lígia Tchaicka e Laboratório de Morfofisiologia Animal com a professora Dra. Débora Martins Silva Santos.

Iniciada em 2017, a pesquisa foi realizada em três pisciculturas localizadas em São José de Ribamar e três em Paço do Lumiar com análise microbiológica e físico-química da água e de amostras de pele e brânquia de tilápias. As análises histológicas revelaram alterações morfológicas nas brânquias de todos os peixes analisados, ainda com a presença de coliformes totais com elevados valores para as pisciculturas de São José de Ribamar.

A presença da bactéria Escherichia coli foi verificada também em cultivo localizado em São José de Ribamar indicando contaminação fecal da água do viveiro, uma vez que essa bactéria pertence à microbiota intestinal de animais homeotérmicos pela vazão de alguma fonte de efluente doméstico diretamente no viveiro ou no poço artesiano que abastece a piscicultura.

Durante o projeto foi possível identificar uma espécie nova de levedura, a Candida duobushaemulonii, em peixes cultivados  em São José de Ribamar e Paço do Lumiar. A espécie já foi relatada em alguns países como China, Índia, Panamá e em 2016 no Brasil, tendo sido isolada a partir de fontes clínicas. A espécie encontrada nessa pesquisa representa o primeiro registro no Brasil e pode representar um potencial risco de infecção para o homem, uma vez que a contaminação de alimentos por patógenos pode ocorrer em qualquer ponto da cadeia produtiva.

A pesquisa aproximou a Universidade dos produtores de peixes do Maranhão de forma que ambos foram beneficiados. “Nós por obtermos materiais para estudo e eles também, uma vez que os resultados das análises foram compartilhadas com todos os produtores. Produzimos a cartilha e conseguimos distribuir alguns exemplares, inclusive estamos com proposta de submissão de projeto de extensão para a distribuição sistematizada, mas no momento foi interrompido por conta da pandemia. Em conjunto, as diferentes fases deste estudo se alinham a um único propósito: aumentar a disponibilidade do pescado de qualidade no Estado e fortalecer a cadeia produtiva da piscicultura no Maranhão”, concluiu a Dra. Ilka Serra.

Com a análise da sanidade dos peixes, tem sido possível diminuir as taxas de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) associadas ao consumo de pescados, uma vez que a contaminação de alimentos por patógenos pode ocorrer em qualquer ponto da cadeia produtiva, inclusive na produção, e isso se torna um risco quando o peixe é consumido cru ou mal cozido. A pesquisa já foi realizada em pisciculturas localizadas em São José de Ribamar, Paço do Lumiar, na Baixada Maranhense representado por Itans (Matinha) e Cacoal (Viana) e atualmente estão sendo realizadas coletas em Tutóia.

Os últimos resultados foram publicados na revista científica Aquaculture Research.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UEMA.

Fonte: Priscila Abreu, UEMA. Imagem: Divulgação, UEMA.

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