Notícia

Pesquisa inédita descreve condições sociais suscetíveis à hanseníase

Saneamento, moradia, renda, cor, região do país, idade e acesso a programas sociais do governo são fatores que influenciam as chances de contrair ou não a doença

Divulgação

Fonte

UnB Ciência

Data

sexta-feira, 25 outubro 2019 08:00

Áreas

Saneamento, Saúde Ambiental, Sociedade.

Atualmente, mais de 28 mil pessoas são acometidas pela hanseníase no Brasil. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a doença atinge, ainda hoje, 200 mil pessoas a cada ano no mundo todo, sendo que a cada dez novos casos, um ocorre no Brasil. O país tem a maior incidência proporcional da doença e perde em número total de casos apenas para a Índia.

A suscetibilidade e as condições primárias para contrair a doença eram desconhecidas até pouco tempo. Contudo, no último mês, o artigo Socioeconomic determinants of leprosy new case detection in the 100 Million Brazilian Cohort: a population-based linkage study publicado no periódico The Lancet Global Health apontou que há populações e grupos sociais com maior probabilidade de contaminação.

A pesquisa confirmou que pessoas sem acesso aos direitos básicos constitucionais são mais suscetíveis à doença. As chances de adquirir a hanseníase são dobradas em pessoas em situação de pobreza e quando não há habitação regularizada. Além disso, o estudo comprovou que famílias de baixa renda com acesso a programas sociais, como o Bolsa Família, têm chances reduzidas de contrair doenças, como tuberculose e hanseníase. “Sofre mais com a doença e suas consequências quem não recebeu auxílio do governo”, aponta o Dr. Gerson Penna, professor e pesquisador do Programa de Medicina Tropical da UnB, e coordenador do estudo em Brasília.

A pesquisa é uma parceria entre Universidade de Brasília (UnB), Fiocruz BrasíliaCentro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Universidade Federal da Bahia (UFBA), London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e Universidade Federal Fluminense (UFF). “Este é um projeto que visa mostrar que as doenças negligenciadas precisam de um olhar além do médico”, afirma Penna.

A DOENÇA – A hanseníase é uma doença curável, de baixo contágio, mas carregada de preconceitos e estigmas desde a Antiguidade. É infecciosa crônica e causada pela bactéria Mycobacterium leprae (daí o nome lepra, pelo qual a enfermidade era conhecida). O indivíduo pode sofrer incapacidades físicas permanentes nas mãos, nos pés e olhos. O diagnóstico precoce ainda é o fator mais importante para a cura.

Após 13 anos em queda, a hanseníase voltou a crescer no Brasil. Foram 28.657 pessoas diagnosticadas em 2018, segundo o Ministério da Saúde. Em dois anos, houve crescimento de 14%. Para efeito de comparação, em 2016, foram 25.214 casos confirmados da enfermidade.

POPULAÇÕES ATINGIDAS – Em todo país, 33 milhões de pessoas acessaram um dos 20 programas sociais do governo federal inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), no período de 2007 a 2014. Entre elas, 24 mil indivíduos contraíram a hanseníase neste intervalo de tempo. Esta parcela da população corresponde a 0,02% dos quase 114 milhões de cadastrados no CadÚnico e que possuem renda familiar de até três salários mínimos.

Com o cruzamento dos dados e a descoberta do número de doentes, a pesquisa passou a perseguir as características socioeconômicas da parcela de contaminados. Neste recorte, os pesquisadores descobriram que pessoas autodeclaradas pretas ou pardas são mais suscetíveis à hanseníase do que as autodeclaradas brancas. Com relação às faixas etárias, pessoas de até 15 anos e de cor preta possuem 92% mais risco de adoecer do que as de cor branca.

Residentes das regiões Norte e Centro-Oeste têm de cinco a oito vezes mais chances de contrair a hanseníase. Pessoas em situação de pobreza (sem renda ou com renda per capita abaixo de R$ 250 por mês) apresentam risco 40% maior em relação aos indivíduos que ganham acima de um salário. Em relação ao gênero, o sexo masculino é mais propício a contrair a doença.

Outros fatores considerados como de risco são a ausência de saneamento, a aglomeração de pessoas na mesma casa, a falta de energia elétrica e as habitações de taipa ou madeira.

Acesse a notícia completa na página da UnB Ciência.

Fonte: Kevin Lima/Agência Facto. Imagem: Divulgação.

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