Notícia

Análise das águas residuais é utilizada no mapeamento do uso internacional de drogas ilícitas

Resultados das campanhas internacionais de monitoramento realizadas anualmente durante sete anos (2011-2017) por um grupo  de cientistas foram compilados em um artigo científico

Divulgação, Universidade McGill

Fonte

Universidade McGill

Data

sexta-feira, 25 outubro 2019 09:40

Áreas

Gestão de Resíduos. Saneamento. Saúde.

A epidemiologia baseada em águas residuais é uma disciplina científica em rápido desenvolvimento com potencial para monitorar em tempo real tendências da população para o uso de drogas ilícitas. Ao amostrar uma fonte conhecida de águas residuais, como um esgoto em uma estação de tratamento de águas residuais, os cientistas podem estimar a quantidade de drogas usadas em uma comunidade a partir dos níveis medidos de drogas ilícitas e de seus metabólitos excretados na urina. Os resultados das campanhas internacionais de monitoramento realizadas anualmente durante sete anos (2011-2017) por um grupo internacional de cientistas, o grupo SCORE (Grupo Europeu CORe de análise de esgote), agora são compilados em um artigo publicado na revista  científica Addiction.

Dados sobre o uso de drogas de 37 países ao redor do mundo

No total, as águas residuais de mais de 60 milhões de pessoas em 120 cidades de 37 países foram analisadas pelo menos uma vez em um período de uma semana para explorar tendências espaciais no nível da população no uso de quatro substâncias ilícitas (anfetamina, metanfetamina, ecstasy e cocaína). Duas cidades canadenses em Quebec, Montreal e Granby, foram monitoradas e contribuíram para a construção de um conjunto de dados central que permitiu aos cientistas avaliar tendências temporais nos comportamentos de consumo de drogas.

“A participação no projeto SCORE nos permitiu contribuir para o desenvolvimento de melhores práticas para a implementação da epidemiologia baseada em águas residuais, bem como contribuir para um conjunto de dados internacionais sobre tendências geográficas e temporais no consumo de drogas”, disse a Dra. Viviane Yargeau, do Departamento de Engenharia Química da Universidade McGill, no Canadá . “A experiência desenvolvida também foi fundamental na concepção e condução do projeto piloto iniciado pelo Statistics Canada em março de 2018 sobre o monitoramento do consumo de drogas através da análise de águas residuais, a fim de coletar dados adicionais no contexto da legalização da cannabis.”

Diferentes países, diferentes hábitos de drogas

Os resultados confirmam as grandes diferenças no uso de drogas em todo o mundo:

  • A metanfetamina dominou o cenário das drogas nas cidades monitoradas na América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e na Australásia (Austrália, Nova Zelândia e Coréia do Sul), com níveis médios excedendo em quantidade significativa os encontrados na Europa Oriental.
  • Tanto para Granby quanto para Montreal, o consumo geralmente era próximo ou abaixo da média para todas as cidades incluídas no estudo, exceto a metanfetamina, para a qual ambas as cidades faziam parte das cidades dominantes.
  • O consumo de metanfetamina, embora baixo em média quando comparado a outros estimulantes, apresentou alguns pontos acentuados localizados nas cidades do leste (na Eslováquia, República Tcheca e leste da Alemanha) e está sendo expandido para o norte e centro da Europa.
  • A cocaína domina o cenário de uso de drogas nas cidades do sul e oeste (na Suíça, Itália, França, Espanha, Reino Unido) e seus níveis sofreram um aumento entre 2011-2017 na maioria dos locais amostrados.
  • A Bélgica e a Holanda também relataram um uso muito alto de cocaína e anfetamina, substância que também aumentou seu consumo em muitos países do norte da Europa.
  • Na América do Sul (Colômbia e Martinica), a cocaína prevaleceu sobre as outras substâncias. Não foi possível discernir tendências temporais nesse caso devido à recente inclusão de locais não europeus nas campanhas internacionais de monitoramento.
  • O ecstasy não domina nenhum cenário de drogas, mas seu uso aumentou no período de 2011 a 2017 na maioria das cidades onde foi identificado.

A correspondência entre números de uso de drogas derivados de análises de águas residuais e de indicadores epidemiológicos estabelecidos, por exemplo dados de prevalência ou estatísticas de apreensão de drogas, demonstra o potencial da análise de águas residuais como um indicador adicional e complementar das tendências de consumo de drogas. Essa metodologia fornece tendências quase em tempo real, no nível da população, do consumo de drogas ilícitas, o que permite identificar novos padrões de abuso muito antes do que outras metodologias.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade McGill (em inglês).

Fonte: Katherine Gombay,Universidade McGill. Imagem: Divulgação, Universidade McGill.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account