Notícia

Soluções baseadas na natureza são essenciais para o Brasil cumprir sua promessa de zero emissões líquidas até 2050

Soluções baseadas na natureza poderiam mitigar quase 80% da promessa de zero emissões líquidas do Brasil e reduzir 781 milhões de toneladas de dióxido de carbono em média por ano no Brasil durante os próximos 30 anos

Bruno Kelly/Amazônia Real via Wikimedia Commons

Fonte

Universidade de Oxford

Data

quinta-feira, 2 novembro 2023 18:05

Áreas

Carbono. Ciência Ambiental. Desmatamento. Ecologia. Engenharia Florestal. Geografia. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Políticas Públicas. Queimadas. Recursos Naturais. Sustentabilidade Ambiental.

Sem a implementação de soluções baseadas na natureza, em particular o fim do desmatamento e a restauração da vegetação nativa, o Brasil colocaria em risco os seus compromissos de Contribuição Nacionalmente Determinada (CND), incluindo alcançar zero emissões líquidas de Gases do Efeito Estuda (GEE) até a metade do século, de acordo com uma pesquisa publicada por uma equipe internacional liderada pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. O estudo também concluiu que interromper o desmatamento é a medida de mitigação mais importante que o Brasil pode tomar para zerar as emissões líquidas até 2050, evitando ao mesmo tempo a perda de biodiversidade. Os resultados foram publicados na revista científica Global Change Biology.

A equipe de pesquisa projetou as emissões de GEE do Brasil até 2050 sob diferentes cenários políticos por meio de uma abordagem de modelagem integrada. Foi feita uma comparação das potenciais reduções de emissões resultantes de soluções baseadas na natureza (incluindo restauração em grande escala) com soluções de engenharia, como a Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono (BECAC), além dos seus custos econômicos relativos.

Os resultados indicaram que soluções baseadas na natureza poderiam mitigar quase 80% da promessa de zero emissões líquidas do Brasil e reduzir 781 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em média por ano no Brasil durante os próximos 30 anos. A eliminação do desmatamento legal e ilegal e a promoção da restauração em grande escala têm o potencial de manter o Brasil em um caminho claro para zero emissões líquidas de GEE por volta de 2040, sem a necessidade de implantar tecnologias caras e ainda não maduras de emissões negativas.

A Dra. Aline Soterroni, autora principal do estudo e pesquisadora da Universidade de Oxford, explicou: “O controle do desmatamento e a restauração da vegetação nativa estão prontos para serem implementados imediatamente a um custo relativamente baixo quando comparados a soluções de engenharia como a BECAC. Isso dá ao Brasil uma vantagem comparativa sobre outros países. É também uma situação de tripla vantagem porque a implementação cuidadosa de soluções baseadas na natureza ajuda a mitigar e a adaptar-se às alterações climáticas, a reduzir a perda de biodiversidade e a apoiar a economia”.

Alcançar isso, no entanto, exigiria políticas nacionais que vão além do atual Código Florestal do Brasil. Os pesquisadores descobriram que a implementação do Código Florestal sem ações adicionais preencheria a lacuna nas emissões de GEE em 38% até 2050, ficando muito aquém da meta de zero emissões líquidas.

“Embora a implementação do Código Florestal seja urgente e possa permitir ao Brasil alcançar e aumentar a sua ambição climática em curto prazo, não será suficiente para resolver todas as lacunas para zero emissões líquidas até meados do século. Os esforços econômicos necessários para ir além do Código Florestal seriam pelo menos três vezes menos dispendiosos do que os custos associados à BECAC, reduzindo ao mesmo tempo os riscos de impactos nocivos das alterações climáticas”, acrescentou a Dra. Aline Soterroni.

O Dr. Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coautor do estudo, destacou: ‘A agricultura é o segundo maior setor emissor no Brasil e é considerada difícil de reduzir [as emissões]. O setor energético do país já possui uma parcela significativa de energias renováveis e sua contribuição para a ambição líquida zero do Brasil dependeria fortemente da BECAC. Soluções baseadas na natureza, em particular acabar com o desmatamento e restaurar a vegetação nativa, são o caminho a seguir neste sentido, uma vez que a implantação de tecnologias de emissões negativas será muito cara e, mais importante, muito arriscada, uma vez que não foi comprovado que estas tecnologias funcionam em escala ainda”.

Segundo os pesquisadores, o plano de zero emissões líquidas do Brasil deve considerar a urgência de deter o desmatamento, a necessidade de aumentar os investimentos em práticas agrícolas sustentáveis e fontes de energia renováveis, a importância de promover projetos de alta integridade para compensar as emissões residuais e a consistência com uma transição justa e equitativa.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Oxford (em inglês).

Fonte: Universidade de Oxford. Imagem: queimada de grande porte em área de desmatamento vista às margens da rodovia BR-230 no município de Apuí, Amazonas, em 2020. Fonte: Bruno Kelly/Amazônia Real via Wikimedia Commons.

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