Notícia

Produção de macroalga traz benefícios ao meio ambiente e a maricultores

Macroalga Kappaphycus alvarezii é pesquisada na UFSC há mais de 10 anos

Divulgação

Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

sábado, 23 janeiro 2021 11:00

Áreas

Biologia. Negócios.

Mesmo sendo 2020 um ano em que a pandemia de COVID-19 paralisou muitas atividades econômicas, em se tratando da produção da macroalga Kappaphycus alvarezii houve dois avanços importantes. Em meio a tantas notícias nada animadoras para alguns setores estratégicos em Santa Catarina, pode-se comemorar a liberação e a regularização, por parte dos órgãos ambientais e de fiscalização, do cultivo comercial dessa espécie no litoral catarinense.

Os dois marcos ocorreram, respectivamente, nos meses de fevereiro e de dezembro, e são os fundamentos legais para que a macroalga desponte como uma nova alternativa de renda aos maricultores da região, ao lado da reconhecida produção de ostras, mexilhões e vieiras. A emergência sanitária não interrompeu o trabalho de pesquisa realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) há mais de dez anos.

A pesquisa

A macroalga foi introduzida no Brasil em 1994 pelo Dr. Edison José de Paula, professor da Universidade de São Paulo (USP), que trouxe um clone da espécie proveniente do Japão. O desafio da sua pesquisa era suprir a ausência de uma espécie nativa economicamente viável para a Maricultura. Os primeiros experimentos foram realizados no município de Ubatuba, no litoral paulista, e, concomitantemente, buscava-se a legalização desse tipo de cultivo no país.

O interesse por esse tipo de alga é mundial e deve-se principalmente à Carragenana, seu principal derivado largamente utilizado pelas indústrias alimentícia, farmacêutica, química e cosmética. Dada a inúmera aplicabilidade desse gel em diversos setores econômicos, ao menos 25 países cultivam a K. alvarezii. Somente o Brasil importa por ano mais de 2 mil toneladas do espessante, o que representa uma despesa em torno de 15 milhões de dólares.

Apesar de Rio de Janeiro e São Paulo já produzirem a espécie desde 2008, os dois estados não entraram efetivamente em uma escala comercial. Para a professora do Departamento de Aquicultura da UFSC, a bióloga Dra. Leila Hayashi, “o Brasil tem todas as possibilidades para ingressar de fato neste mercado. Os maiores fornecedores, que são Filipinas (país de origem da K. alvarezii), Indonésia e Tanzânia, não estão conseguindo atender à demanda internacional, pois enfrentam uma série de problemas decorrentes das mudanças climáticas”.

Os estudos da UFSC, em parceria com a Epagri e a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, sempre foram acompanhados pelos órgãos ambientais, por se tratar de uma espécie não nativa do Brasil. A cada período de três anos era necessário renovar a licença experimental de cultivo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mesmo sendo produzida no Brasil desde 1994 e, desde então, não ter provocado nenhum impacto ambiental, o monitoramento do ciclo produtivo deve ser constante, influenciado novamente pelas alterações climáticas.

Os benefícios

O cultivo da macroalga apresenta aspectos positivos tanto para o meio ambiente como para o produtor. Além de incrementar a economia no estado – considerado o maior fabricante nacional de moluscos bivalves (Ostra, Mexilhão e Vieira) -, suas características biológicas melhoram a qualidade da água. A Dra. Leila Hayashi elucida que “a K. alvarezii caracteriza-se por captar os nutrientes disponíveis na água, atenuando ou mesmo cessando a proliferação de algas tóxicas que causam a Maré Vermelha”, um fenômeno natural que inviabiliza a comercialização de moluscos.

A professora também destaca que “a maricultura de algas pode elevar em até 40% os lucros das fazendas marinhas”, além de proporcionar o desenvolvimento das comunidades pesqueiras, a geração de emprego e renda, a facilidade no manejo e na reprodução, o acelerado ciclo de crescimento (em média 45 dias), o atrativo valor de comércio e a garantia de venda interna e externa.

O cultivo 

No Brasil, utiliza-se como modelo padrão a balsa de cultivo, que “é constituída por um conjunto de tubos de PVC com diâmetro de 100 mm e 3 metros de comprimento, vedados em suas extremidades, funcionando como flutuadores conectados entre si através de cabos de polipropileno de 8 mm”, segundo a Revista Panorama da Aquicultura. A estrutura “é ancorada em suas extremidades por meio de estacas de ferro enterradas no fundo ou poitas de concreto”. O periódico especializado também informa que, em média, uma balsa pode produzir sete toneladas de algas frescas a cada 50 dias, podendo chegar a oito toneladas no verão, “dependendo do local de cultivo e outros fatores como densidade de algas/m2, temperatura da água, salinidade, luminosidade e herbivoria”.

Em Santa Catarina, as balsas serão compostas por boias especialmente desenhadas para o cultivo de macroalgas e os ciclos de produção poderão ser menores que 50 dias, dependendo da época do ano, finalizou a Dra. Leila Hayashi.

Acesse a notícia completa na página da UFSC.

Fonte: Rosiani Bion de Almeida, Agecom/UFSC.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account