Destaque
Nova espécie e novo gênero de alga descobertos por pesquisadores podem funcionar como bioindicadores de qualidade das águas
Em estudos realizados na Área de Proteção Ambiental de Alter do Chão e no lago da Hidrelétrica de Curuá-Una, em Santarém, no Pará, pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) fizeram uma dupla descoberta: uma nova espécie de alga microscópica, que por suas peculiaridades também caracterizou um novo gênero para a ciência. A pesquisa, publicada na revista científica European Journal of Phycology, foi realizada durante o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos (PPGRACAM), pelo Dr. Luís Gustavo Canani, com coautoria da Dra. Dávia Talgatti e do Dr. Sérgio de Melo, professores da UFOPA.
Os espécimes de Torgania coronata foram coletados no lodo acumulado no fundo dos lagos e fazem parte da dieta de peixes, anfíbios e insetos aquáticos. Essas algas são organismos fotossintetizantes: assim como as plantas, realizam fotossíntese e produzem oxigênio em ambientes aquáticos.
Segundo o Dr. Canani, a nova espécie pertence ao grupo das diatomáceas, que abriga uma grande variedade de algas, de águas doce e salgada, que “em geral são ótimas indicadoras da qualidade da água, já que são abundantes na maioria dos ambientes aquáticos e são sensíveis a alterações, respondendo rapidamente às mudanças dos fatores físicos, químicos e biológicos, devido ao seu ciclo de vida rápido”.
Os locais em que a Torgania coronata foi encontrada apresentam águas ácidas e com baixa concentração de sais e nutrientes, o que indica boa qualidade das águas, com baixa poluição decorrente de esgotos e outras atividades humanas. “Este gênero, junto com outras diatomáceas, pode ser utilizado no biomonitoramento de ambientes aquáticos da Amazônia”, afirmoua o pesquisador.
Porém, o Dr. Luís Gustavo Canani ressalta que é necessário ter atenção a atividades que possam impactar os ambientes e prejudicar o ciclo de vida das espécies. Já é possível observar construções às margens do Jurucuí; e no lago da UHE há plantações no entorno e indicação de construção de tanques de piscicultura. “Estes empreendimentos, apesar de bastante importantes para a economia local, devem ser realizados com muito cuidado e com um bom gerenciamento e planejamento, sempre ouvindo pesquisadores e especialistas, a fim de manter as boas condições do lago, evitando que haja a extinção desta espécie recém-descoberta e de outros organismos aquáticos que vivem no local. Além disso, estima-se que nestes locais possam existir ainda espécies novas desconhecidas pela ciência”, concluiu o especialista.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UFOPA.
Fonte: Comunicação/UFOPA.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar