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Pesquisadores pedem que os principais investidores em combustíveis fósseis colaborem em ações contra as mudanças climáticas

Estudo mostrou que dez investidores têm o maior impacto potencial no uso futuro da maior parte das reservas de carbono do mundo

Keri Jackson via Pixabay

Fonte

Universidade de Otago

Data

terça-feira, 21 junho 2022 06:25

Áreas

Economia. Energia. Engenharia Ambiental. Governança Ambiental. Indústria. Mudanças Climáticas. Negócios.

Dez acionistas internacionais têm o potencial de mudar a indústria de combustíveis fósseis para uma direção mais sustentável, mostrou uma nova pesquisa. Coletivamente, esses investidores – compostos por grandes consultores de investimentos, governos e fundos soberanos – respondem por uma parcela considerável do potencial de emissões nas 200 maiores empresas globais de petróleo, gás e carvão.

Se as reservas de combustíveis fósseis existentes forem queimadas, essas empresas – identificadas na plataforma The Carbon Underground 200™ – poderiam gerar 674 gigatoneladas extras de emissões de carbono: 20 vezes mais que as emissões globais em 2019 e três vezes mais que o orçamento global de carbono. Isso levou um grupo de acadêmicos a pedir que eles se engajem positivamente com uma transição de baixo carbono ou sejam responsabilizados por propagar a instabilidade climática.

O Dr. Sebastian Gehricke, professor do Departamento de Contabilidade e Finanças da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, é um dos coautores do estudo publicado na revista científica Environmental Innovation and Societal Transitions. O Dr. Gehricke colaborou com Truzaar Dordi, autor principal do estudo e doutorando da Universidade de Waterloo, no Canadá, na pesquisa e desenho metodológico, coleta de dados e interpretação dos resultados.

Os resultados mostraram que dez investidores têm o maior impacto potencial no uso futuro da maior parte das reservas de carbono do mundo, com base no número e tamanho da propriedade e no potencial de emissões relacionado às empresas. Usando um novo mecanismo de pontuação que combina a influência dos investidores com a exposição às emissões, os pesquisadores descobriram que eles possuem 49,5% do potencial de emissões, de acordo com a plataforma The Carbon Underground 200.

Algumas das empresas de combustíveis fósseis têm apenas um acionista principal – geralmente uma entidade governamental – que poderia influenciar a empresa a apoiar uma transição de baixo carbono.

“Para alguns, é um grande grupo de muitos acionistas que devem colaborar para se engajar efetivamente. O engajamento pode assumir muitas formas, desde a simples votação de propostas de uma forma que apoie uma transição, reunião com a administração para influenciar as atividades da empresa, levantando preocupações formais ou propostas de acionistas e até uma ação legal contra a empresa”, disse o professor Gehricke.

Investidores que afirmam fazer parte da transição, mas detêm a propriedade dessas empresas e não usam sua influência para afetar [com responsabilidade ambiental] as atividades da empresa, constituem o que se chama de greenwashing, explicou o professor. Greenwashing é quando uma organização faz afirmações falsas, infundadas ou enganosas sobre a sustentabilidade de seu produto, serviço ou operações comerciais.

“Se esses investidores não estão fazendo tais alegações, mas também não estão afetando as mudanças dentro das empresas, então eles não estão em sintonia com a missão global de fazer a transição para um mundo de baixo carbono”, disse o professor Gehricke. A forma como as empresas são responsabilizadas, em ambos os casos, depende dos reguladores.

“Se os investidores retirassem seu investimento, isso enviaria uma mensagem clara às empresas e afetaria seu custo de financiamento. Para nós, como civilização global, para enfrentar o desafio das mudanças climáticas, precisamos da ação de todos que têm poder e influência. Os investidores têm um grande papel a desempenhar nesta missão global e nossa pesquisa mostra a enorme influência de um pequeno grupo de investidores”, destacou o Dr. Sebsatian Gehricke.

O professor argumentou que quanto mais poder e influência uma entidade ou pessoa tem, mais responsabilidade ela tem para apoiar a transição, para as gerações atuais e futuras de seres vivos no planeta.

“Os atores financeiros que perpetuam e lucram com a exploração, extração ou transporte de combustíveis fósseis devem ser responsabilizados diretamente pela instabilidade climática causada pela produção [desses combustíveis]”, concluiu o pesquisador.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Otago (em inglês).

Fonte: Jessica Wilson, Universidade de Otago. Imagem: Keri Jackson via Pixabay.

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