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Estudo indica que maioria das grandes cidades dos EUA não está preparada para o aumento das temperaturas

Nos EUA, análise destacou lacunas no planejamento municipal para enfrentar calor mais intenso

jack atkinson via Unsplash

Fonte

UCLA | Universidade da Califórnia em Los Angeles

Data

segunda-feira, 20 junho 2022 14:35

Áreas

Cidades. Clima. Desigualdade Socioambiental. Engenharia Ambiental. Geociências. Geografia. Gestão Ambiental. Governança Ambiental. Mudanças Climáticas. Políticas Públicas. Sociedade.

Este mês, Denver, Las Vegas e Phoenix, nos Estados Unidos, registraram recordes de altas temperaturas. E em todo o país, os cidadãos dos Estados Unidos estão se preparando para um verão escaldante. No entanto, apesar das altas temperaturas mais frequentes e intensas no horizonte, as cidades estão despreparadas para lidar com o desafio, de acordo com uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

Um novo estudo, publicado na revista científica Environmental Research Letters, analisou documentos de planejamento municipal de 50 grandes cidades em todo o país. Os pesquisadores descobriram que 78% dos planos climáticos dessas cidades mencionavam o calor como um problema, mas poucos ofereciam uma estratégia abrangente para resolvê-lo. Menos ainda abordaram o impacto desproporcional que o calor tem sobre moradores de baixa renda e comunidades.

“Apenas alguns anos atrás, poucas cidades falavam em se preparar para o aumento das temperaturas, então é um passo importante que o calor esteja se tornando uma parte importante das discussões”, disse a Dra. V. Kelly Turner, autora principal do estudo e diretora do UCLA Luskin Center for Innovation. “Mas sem medidas concretas para proteger os moradores, as cidades estão atrasadas em relação ao problema”, salientou.

Segundo os pesquisadores, o calor, exacerbado pela mudança climática, tornou-se um dos riscos climáticos mais mortais do país, sendo responsável por mais mortes em um ano típico do que furacões, inundações ou tornados. Na Califórnia, de acordo com uma investigação recente do Los Angeles Times, o calor matou cerca de 3.900 pessoas entre 2010 e 2019. E a pesquisa da UCLA mostrou que o calor leva a mais partos prematuros, dificulta o aprendizado dos alunos e aumenta o risco de lesões nas crianças e trabalhadores. Apesar desses efeitos prejudiciais e abrangentes, a governança para o calor historicamente ficou atrás de outros perigos relacionados às mudanças climáticas.

Para avaliar o planejamento, os pesquisadores – da UCLA, da Universidade Estadual do Arizona e da Universidade do Sul da California – examinaram 175 planos municipais das 50 cidades mais populosas dos Estados Unidos, com base em um banco de dados aberto que eles criaram. Eles realizaram uma análise de conteúdo para entender os tipos de soluções e intervenções propostas pelas cidades em resposta ao calor e por quê.

A equipe descobriu que, em geral, as soluções para o aumento das temperaturas não correspondiam à gravidade ou complexidade do problema. Como os planos municipais enquadraram a questão do calor urbano influenciou fortemente a forma como as cidades abordaram o assunto e, na maioria dos casos, limitaram o escopo de sua abordagem, disseram os pesquisadores.

Por exemplo, muitos planos analisaram o calor através de um olhar de ‘perigo’, concentrando-se em eventos extremos, como ondas de calor. Ao identificar o problema como uma crise semelhante a um furacão ou inundação, as soluções geralmente se encaixam em uma abordagem de resposta a desastres – como sistemas de alerta e centros de refrigeração públicos com ar condicionado.

Outros planos definiram a questão em termos do ‘efeito de ilha de calor urbano’, um fenômeno pelo qual as cidades – por causa de sua infraestrutura de absorção de calor, como o asfalto – se tornam e permanecem mais quentes do que as áreas rurais vizinhas. Ao enquadrar a questão como um problema de uso da terra, esses planos geralmente se concentravam em maneiras físicas de resfriar as cidades. A adição de mais árvores foi a intervenção mais comum, enquanto telhados frios que refletem o sol e vegetação também foram mencionados.

No entanto, o estudo descobriu que essas duas abordagens para a governança do calor raramente se sobrepunham. E embora cada abordagem tenha seus benefícios, esses enquadramentos limitados não abordam a questão completa, enfatizaram os pesquisadores.

“Se as cidades não estiverem considerando uma imagem completa do calor – quão crônico ele é e seus impactos díspares no solo – não seremos capazes de proteger totalmente os moradores e podemos acabar exacerbando as injustiças sociais e ambientais existentes”, disse a coautora Emma French, doutoranda em planejamento urbano na UCLA Luskin School of Public Affairs.

Mesmo algumas soluções aparentemente óbvias, como fornecer sombra ao ar livre para os moradores, receberam pouca atenção nos documentos de planejamento, observou a Dra. Ariane Middel, coautora do estudo e professora da Universidade Estadual do Arizona. “A sombra é a maneira mais eficaz de proteger os pedestres da exposição à luz solar, mas poucas cidades mencionaram sombra em seus planos”, destacou a professora.

Além disso, o calor só foi identificado como uma questão de equidade em um terço das vezes, apesar de um crescente corpo de evidências de que as comunidades urbanas periféricas são desproporcionalmente afetadas pelo aumento das temperaturas como resultado de desigualdades sociais, estruturais e relacionadas à saúde de longa data. As cidades que não abordam essa disparidade podem esperar implicações cada vez mais adversas no futuro, enfatizaram os pesquisadores.

Entre as cidades com preparações mais robustas para temperaturas mais elevadas, a participação em ‘redes ambientais’ como a Liga Nacional das Cidades e a Rede de Diretores de Sustentabilidade Urbana foi mais comum. Esses grupos reúnem profissionais de sustentabilidade de todo o país e suas estruturas de governança mais amplas podem oferecer oportunidades para compartilhar as melhores práticas.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em Los Angeles (em inglês).

Fonte: Michelle Einstein, UCLA. Imagem: jack atkinson via Unsplash.

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