Notícia

Pesquisadores de 26 instituições apontam preocupação com ecossistemas de água doce na região Neotropical

Identificar limiares ecológicos é útil para definir limites regulatórios e orientar o gerenciamento de zonas ribeirinhas em direção à conservação da biota de água doce

Inpa

Fonte

UFMS | Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Data

sexta-feira, 12 junho 2020 13:20

Áreas

Biodiversidade. Ecologia.

Proteger a vegetação ribeirinha ao redor dos córregos é vital para reduzir os efeitos prejudiciais das mudanças ambientais nos ecossistemas de água doce e para manter a biodiversidade aquática.

Essa é uma das afirmações de 50 pesquisadores de 26 instituições de pesquisa de todo o mundo, entre elas a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio dos professores Fabio Roque e Franco Souza, do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, o pós-doutorando Francisco Valente-Neto e o professor Laysson Albuquerque, do Laboratório de Inteligência Artificial, Eletrônica de Potência e Sistemas Digitais, que publicaram recentemente artigo na revista científica Journal  of  Applied  Ecology.

O artigo “Limiares da biodiversidade de água doce em resposta à perda de vegetação ripária na região neotropical” aborda questões de uma das mais ricas regiões do mundo no ambientes de água doce – a Neotropical.

Para os pesquisadores, identificar limiares ecológicos é útil para definir limites regulatórios e orientar o gerenciamento de zonas ribeirinhas em direção à conservação da biota de água doce.

“Utilizando dados nacionais de peixes e invertebrados que ocorrem em pequenos riachos brasileiros, estimamos limiares de perda de vegetação nativa nos quais há mudanças bruscas na ocorrência e abundância de bioindicadores de água doce e testamos se há respostas congruentes entre diferentes biomas, grupos biológicos e tampão ripícola tamanhos”, explicam os cientistas. Eles alertam que agricultura, pecuária e urbanização, embora sejam essenciais, estão entre os usos do solo que têm empurrado os ecossistemas aquáticos em direção ao colapso.

“Isso significa comprometer serviços ecossistêmicos vitais fornecidos pelos ambientes de água doce, como o controle de enxurradas e de doenças, a purificação da água e o fornecimento de alimento. Quando isso ocorre, uma parte significante da biodiversidade é perdida”, afirmam.

Para obter os dados, os pesquisadores realizaram anos de trabalho, coleta, identificação e organização das informações sobre os ecossistemas aquáticos brasileiros, em uma iniciativa para aumentar a colaboração dos pesquisadores brasileiros em distintas  áreas  –  o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), financiado  pelo Governo Federal (CNPq) e Estadual de Goiás (FAPEG). “Especificamente, o INCT-EECBio, é voltado a fomentar grupos de pesquisa que ajudem a solucionar problemas da conservação da biodiversidade”, explica o Dr. José Alexandre F. Diniz Filho, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenador do INCT-EECBio.

O Dr. Renato Dala-Corte, pesquisador do Pós-Doutorado da UFG, enfatiza que esta é a primeira vez que questões envolvendo o efeito da degradação ripária sobre a biodiversidade aquática são investigadas com uma grande quantidade de dados, para distintos biomas.

“Nós já sabíamos com base em outros estudos que proteger a vegetação ripária é a chave para manter os ecossistemas de água doce saudáveis e para proteger a biodiversidade. O que nós não sabíamos é se existiam padrões consistentes ao longo de grandes regiões e se nós poderíamos recomendar um tamanho único de  reserva  ripária  que  maximizasse  a  proteção  da  biodiversidade  ao  mesmo  tempo  que permitisse a adoção das práticas comuns de uso do solo no restante da paisagem”, relata o Dr. Renato.

Os autores utilizaram imagens de satélite para detectar as mudanças no entorno dos riachos, combinadas com uma abordagem de estimar pontos abruptos de alterações da biota (limiares) baseados  em  indicadores  biológicos.  “Esses limiares ocorrem quando vários indicadores biológicos respondem de forma similar a uma certa quantidade de perda de vegetação ripária”, complementa o Dr. Renato Dala-Corte.

Os limiares médios de perda de cobertura da vegetação nativa variaram amplamente entre biomas, tamanhos de tampões e grupos biológicos: flutuando de 0,5% a 77,4% para peixes, de 2,9% a 37,0% para invertebrados aquáticos e de 3,8% a 43,2% para um subconjunto de invertebrados aquáticos.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFMS.

Fonte: Paula Pimenta, UFMS. Imagem: Inpa.

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