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Participação das florestas tropicais na remoção de carbono da atmosfera está cada vez menor

Estudo de quase 100 instituições rastreou 300.000 árvores ao longo de 30 anos

Pixabay

Fonte

Universidade de Exeter

Data

segunda-feira, 9 março 2020 16:25

Áreas

Ciência Ambiental. Clima. Ecologia.

Uma colaboração científica global, liderada pela Universidade de Leeds e com a participação da Universidade de Exeter, ambas no Reino Unido, revelou o início de uma temida mudança das florestas tropicais intactas do mundo: elas estão passando de sumidouro de carbono para fontes de carbono.

As florestas tropicais intactas são conhecidas como sumidouros globais de carbono de extrema importância, retardando as mudanças climáticas ao remover o carbono da atmosfera e armazená-lo nas árvores, um processo conhecido como sequestro de carbono. Os modelos climáticos costumam prever que esse sumidouro de carbono da floresta tropical continuará por décadas.

No entanto, uma nova análise de três décadas de crescimento e morte de árvores de 565 florestas tropicais intactas em toda a África e Amazônia descobriu que a absorção geral de carbono nas florestas tropicais intactas da Terra atingiu o pico na década de 1990.

Na década de 2010, em média, a capacidade de uma floresta tropical absorver carbono havia caído em um terço. A mudança é em grande parte causada por perdas de carbono devido à morte de árvores. O estudo de quase 100 instituições fornece a primeira evidência em larga escala de que a absorção de carbono pelas florestas tropicais do mundo já iniciou uma preocupante tendência de queda.

“Durante décadas, as florestas tropicais têm funcionado como sistemas naturais de remoção de carbono em escala continental que tem desacelerado o aumento do dióxido de carbono atmosférico. O fato de que esse sumidouro de carbono tenha atingido o pico e esteja prestes a declinar acentuadamente em apenas algumas décadas em duas das maiores florestas tropicais da Terra deve ser um sinal de alerta. Precisamos agir agora para compensar esse sumidouro de carbono perdido e enfrentar as mudanças climáticas”, destacou o co-autor Dr. Ted Feldpausch, professor  da Universidade de Exeter, que passou anos vivendo e estudando florestas remotas na Amazônia e na África.

O autor principal do estudo, Dr. Wannes Hubau, ex-pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Leeds, agora sediado no Museu Real da África Central, na Bélgica, afirmou: “Mostramos que o pico de captação de carbono nas florestas tropicais intactas ocorreu nos anos 90. Combinando dados da África e da Amazônia, começamos a entender por que essas florestas estão mudando, com níveis de dióxido de carbono, temperatura, seca e dinâmica da floresta sendo a chave [dessas mudanças]. O dióxido de carbono extra estimula o crescimento das árvores, mas todos os anos esse efeito é cada vez mais combatido pelos impactos negativos de temperaturas e secas mais altas, que retardam o crescimento e podem matar árvores”.

A capacidade de remoção de carbono perdida nos anos 2010 em comparação aos anos 90 é de 21 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, equivalente a uma década de emissões de combustíveis fósseis do Reino Unido, Alemanha, França e Canadá juntos.

Em geral, as florestas tropicais intactas removeram 17% das emissões de dióxido de carbono produzidas pelo homem nos anos 90, e esta capacidade foi reduzida a apenas 6% nos anos 2010.

Esse declínio ocorre porque essas florestas foram menos capazes de absorver carbono em 33% e a área de floresta intacta caiu em 19%, enquanto as emissões globais de dióxido de carbono aumentaram em 46%.

“Nossa modelagem desses fatores mostra um declínio futuro em longo prazo no sumidouro das florestas africanas e que o sumidouro da floresta amazônica continuará a enfraquecer rapidamente, e prevemos que se torne uma fonte de carbono em meados da década de 2030”, concluiu o especialista.

Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Nature.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Exeter (em inglês).

Fonte: Universidade de Exeter. Imagem: Pixabay.

 

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