Notícia

Novo material ecoeficiente pode ser usado na construção civil

Fonte

Universidade Politécnica de Madri

Data

sábado, 20 julho 2019 12:00

Áreas

Construção Civil. Engenharia Civil. Resíduos Sólidos. Sustentabilidade.

Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Escola Técnica Superior de Edificações da Universidade Politécnica de Madri (UPM) mostrou como os resíduos de lã mineral podem ser usados como uma alternativa às fibras de reforço usadas atualmente em materiais de construção. Além disso, os pesquisadores conseguiram melhorar as propriedades mecânicas e térmicas dos produtos aos quais os resíduos são incorporados, evitando seu aterro. O resultado do trabalho é uma nova argamassa de cimento que recicla materiais isolantes pela primeira vez e reduz o consumo da areia utilizada em sua fabricação, o que contribui para implementar os critérios da economia circular no setor de construção.

A construção civil tem uma importância ambiental muito grande e os resíduos produzidos pela construção ou demolição podem ser usados para substituir parte da matéria-prima para materiais de construção. Um desses resíduos, que está crescendo de forma alarmante, é a lã mineral, que compõe materiais isolantes usados ​​para isolamento térmico e acústico que aumentam a economia de energia dos edifícios. Até 0,2% do volume de todos os resíduos de construção e demolição gerados na Europa vem da lã mineral. Estima-se ainda que, em 2020, serão gerados nos 28 países da União Europeia mais de 2,5 milhões de resíduos desses materiais, caracterizados pela sua difícil reutilização e baixa taxa de reciclagem e formas de recuperação.

Uma equipe de pesquisadores da UPM passou anos estudando como a reciclagem pode ser aplicada até mesmo para materiais de construção. Assim, eles descobriram que tanto a estrutura química quanto a microestrutura das argamassas que incorporam fibras recicladas é semelhante à das argamassas sem fibras; ou seja, não há alteração significativa causada pela adição dessas fibras que afete a funcionalidade da argamassa, o que significa que seu uso para construção é possível. Eles também verificaram que, mesmo que as fibras recicladas venham de um aterro, suas propriedades não são afetadas. Além disso, “tem sido cientificamente provado que argamassas que incorporam resíduos de lã mineral são mais leves, o que, juntamente com a sua composição química, pode melhorar suas propriedades de isolamento em relação a outras argamassas comerciais” indica a Dra. Mercedes River, especialista que tem fez parte da equipe de pesquisa.

Em outro estudo, os pesquisadores concluíram que os compostos obtidos possuem propriedades mecânicas similares àqueles que contêm fibras comerciais utilizadas atualmente, com uma resistência à flexão melhorada pela incorporação deste tipo de resíduo. Esta resistência tem valores muito similares aos materiais que incorporam fibras de polímero comercial e vidro resistente a compostos alcalinos, opção que não é muito sustentável, pois necessita de muita energia para sua fabricação.

Em um trabalho mais recente, em que também contribuiu um cientista da Universidade Tecnológica de Bialystok, na Polônia, os pesquisadores procuraram minimizar a areia utilizada para a preparação de argamassa de cimento, já que a areia é o recurso natural mais demandado no mundo, seguido pela água e à frente dos combustíveis fósseis. A Dra. Carolina Piña, que já participou de várias pesquisas e é a pesquisadora principal deste último estudo, enfatiza que “com estas argamassas ecológicas consegue-se reciclar até 50% do volume de areia utilizado, incluindo mais de 100 kg de lã mineral por tonelada de cimento”.

Os resultados obtidos pelos pesquisadores nos testes mecânicos, físicos e microscópicos indicam que o uso de resíduos de lã mineral nas argamassas de cimento reduz o impacto ambiental, reduzindo o uso de areia e conseguindo a reavaliação desses resíduos que atualmente são depositados em aterros sanitários.

Acesse o resumo do artigo publicado na revista científica Construction and Building Materials em junho de 2019 (em inglês).

Acesse o resumo do artigo publicado na revista científica Construction and Building Materials em dezembro de 2018 (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol).

Fonte: Universidade Politécnica de Madri. Imagem: Pixabay.