Notícia

Florestas subaquáticas: ecologistas marinhos reuniram a história do manejo de florestas de algas em todo o mundo

Águas rasas do oceano ao longo de um terço das costas do mundo são selvas submarinas vibrantes de algas marrons conhecidas como ‘florestas de algas’

Dr. John Turnbull, UNSW

Fonte

UNSW | Universidade de Nova Gales do Sul

Data

sábado, 23 julho 2022 11:30

Áreas

Biodiversidade. Biologia. Ecologia. Gestão Ambiental. Mudanças Climáticas. Oceanografia. Políticas Públicas.

O oceano está cheio de tesouros esperando para serem explorados. Mas há algo escondido logo abaixo da superfície com uma história que pode ser um dos segredos mais bem guardados de todos. Águas rasas do oceano ao longo de um terço das costas do mundo são selvas submarinas vibrantes de algas marrons conhecidas como ‘florestas de algas’. Embora habitats semelhantes, como os recifes de coral, geralmente recebam mais atenção, essas florestas marinhas são um dos ecossistemas mais marcantes e produtivos da Terra.

“Eles são como uma bela floresta tropical, mas debaixo d’água. São centros de biodiversidade, desempenhando um papel na captura de carbono e fornecendo um habitat para muitas espécies”, disse a Dra. Adriana Vergés, ecologista marinha da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW) em Sydney, na Austrália.

Enquanto as florestas de algas sustentam centenas de milhões de espécies e pessoas, elas estão desaparecendo em todo o mundo em um ritmo alarmante. Apesar de serem conhecidas por sua alta taxa de crescimento, em alguns lugares, florestas inteiras praticamente desapareceram.

O aquecimento dos oceanos está acelerando o seu declínio, com ondas de calor impactando diretamente as algas que precisam de água fria e rica em nutrientes para prosperar. Uma explosão no número de ouriços-do-mar devido à sobrepesca das populações de predadores é outro fator.

Cientistas marinhos da UNSW em Sydney, que trabalham para reviver esses ecossistemas outrora prósperos, concluíram recentemente a primeira revisão abrangente dos esforços de restauração de florestas de algas em todo o mundo. O estudo reúne as lições de 260 projetos de restauração florestal de algas ao longo de 300 anos, 16 países e cinco idiomas para mapear como a prática de restauração florestal subaquática evoluiu.

A pesquisa, publicada na revista científica Biological Reviews, também ajudará a moldar as melhores práticas para futuros esforços de restauração de florestas de algas.

Para Aaron Eger, principal autor do estudo e doutorando da Escola de Ciências Biológicas, Ambientais e da Terra da UNSW em Sydney, os resultados contam uma história de esperança e realismo: “Encontramos histórias de sucesso verdadeiras de todo o mundo, cada uma mostrando que a restauração, embora atualmente cara, é uma meta alcançável  e você pode reverter os danos ambientais contínuos de longo prazo. Mas isso, além de caro, tem acontecido principalmente em pequena escala e em esforços isolados”.

Anteriormente, a história dos esforços de restauração de florestas de algas muitas vezes não era contada, e as lições aprendidas de cada tentativa nunca foram reunidas.

Fonte: Grant Callegari, Instituto Hakai

Metodologia e escala

Quando se trata de replantar as florestas submarinas, a pesquisa descobriu muitos métodos diferentes que tentam restaurar as populações de algas em todo o mundo – alguns mais eficazes do que outros.

O transplante de algas de um local doador para estabelecer tamanhos populacionais significativos em outros lugares mostrou os melhores sinais de sucesso, principalmente quando localizados adjacentes a leitos de algas existentes. Enquanto isso, a implantação de recifes artificiais é comum, mas cara, e nem sempre é adequada para o ambiente local.

A semeadura – uma técnica em que sementes de diferentes espécies de plantas são misturadas para restabelecer uma comunidade – também pode ajudar a ampliar os projetos de restauração de algas para tamanhos maiores a custos razoáveis, se bem-sucedidos. Métodos mais experimentais de restauração, como a manipulação genética de espécies de algas, também têm potencial, mas trazem riscos desconhecidos para o gerenciamento holístico dos oceanos.

“Pode ser possível desenvolver um método universal que seja de baixo custo, fácil acesso e possa ser replicado em larga escala, mas há muita pesquisa e muito dinheiro que ainda precisa ser investido nesse estudo”, disse Aaron Eger.

Qualquer metodologia universal precisaria levar em conta o aquecimento do oceano e as populações de ouriços-do-mar – na verdade, a pesquisa descobriu que o pastoreio de ouriços é a razão mais frequente pela qual a restauração de algas é necessária e a causa mais comum do fracasso de um projeto.

“Se não resolvermos os problemas dos ouriços-do-mar e da temperatura, não importa quão bom seja o método. Mas se você resolver esses problemas e não tiver um bom método escalável, também pode não ser muito útil”, explicou Aaron Eger.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a reportagem completa na página da Universidade de Nova Gales do Sul (em inglês).

Fonte: Ben Knight, UNSW. Imagem: Dra. Adriana Verges em Bondi, Nova Gales do Sul, Austrália. Fonte: Dr. John Turnbull, UNSW.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account