Notícia

Exposição a resíduos plásticos na gestação eleva risco de câncer de próstata na prole

Cientistas buscaram mimetizar no experimento os níveis de ftalatos – alguns dos contaminantes do lixo plástico – observados no sangue e na urina de mulheres grávidas

Dustan Woodhouse via Unsplash

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira, 7 novembro 2023 12:25

Áreas

Biologia. Embalagens. Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Materiais. Microbiologia. Química. Saneamento. Saúde. Sociedade. Solo. Toxicologia.

Compostos químicos liberados durante o processo de degradação do plástico podem reprogramar as células da próstata durante o desenvolvimento fetal e neonatal, aumentando o risco dos filhos de mães expostas de desenvolver o câncer de próstata quando adultos. É o que mostra um estudo feito com roedores no Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (IBB-Unesp).

O trabalho foi conduzido pela doutoranda Ariana Musa de Aquinobolsista da FAPESP no Programa de Pós-Graduação em Biologia Geral e Aplicada, sob a orientação do professor Dr. Wellerson Rodrigo Scarano. Os resultados foram publicados na revista científica Chemosphere.

Com base em dados já disponíveis na literatura científica, o experimento buscou mimetizar a exposição humana aos chamados ftalatos – compostos químicos usados para dar maleabilidade ao plástico. Para isso, ratas gestantes foram expostas a uma mistura de seis diferentes ftalatos, preparada de acordo com a proporção observada no sangue e na urina de mulheres grávidas. Segundo os autores, a concentração usada no estudo se assemelha à existente no ambiente doméstico.

“Os ftalatos têm a capacidade de desregular o sistema endócrino e o desenvolvimento normal de órgãos como a mama e a próstata dependem de hormônios funcionando corretamente para acontecer. Com isso, a nossa hipótese era de que a influência dessas substâncias num momento tão importante como a gestação e a lactação, no qual a próstata está se desenvolvendo, poderia aumentar a chance de os indivíduos desenvolverem doenças prostáticas durante o envelhecimento. Tal hipótese surgiu a partir de estudos anteriores feitos pelo grupo que mostravam que a próstata dos animais tratados era menos desenvolvida ao nascimento e na pré-puberdade”, explicou o professor Wellerson Scarano à Assessoria de Imprensa do IBB-Unesp.

Aproximadamente 38% dos descendentes machos expostos aos resíduos químicos através do organismo materno desenvolveram tumores quando envelheceram, em diferentes graus de comprometimento. Os resultados mostraram que houve reprogramação molecular por meio de mecanismos epigenéticos durante o desenvolvimento da próstata dos roedores, o que aumentou a suscetibilidade ao adenocarcinoma in situ, um tipo de tumor maligno ainda localizado (fase inicial).

Cientistas do mundo inteiro têm estudado as repercussões que alterações nutricionais, farmacológicas e de exposição ambiental durante a gestação e a infância podem ter sobre o indivíduo quando ele se torna adulto.

“O estudo foi desenvolvido em ratos, mas acende a luz vermelha sobre um dos maiores problemas de saúde pública mundial, que é o acúmulo de lixo plástico nos rios, oceanos e no solo. Parte desse lixo plástico se decompõe para formar os micro e nanoplásticos e todos os aditivos usados na sua fabricação são liberados nesses ambientes, incluindo os ftalatos. Com isso, os seres humanos são expostos pelo ar, pela água e pelos alimentos ingeridos contendo partículas derivadas dos plásticos. A investigação sobre os efeitos dos resíduos plásticos sobre a saúde continua em andamento e com certeza trará mais resultados”, concluiu o Dr. Wellerson Scarano.

A pesquisa também teve a participação de pesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign e da Universidade Harvard, ambas nos Estados Unidos.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Agência FAPESP. Imagem: Dustan Woodhouse via Unsplash.

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