Notícia

Estudo aponta contaminação por metais em peixes do Rio Doce

Estudo recém-publicado analisou cerca de 70 peixes de cinco espécies que costumavam ser consumidas e comercializadas na Vila de Regência antes do desastre

Gecenir Kaizer via Wikimedia Commons

Fonte

Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz

Data

segunda-feira, 30 novembro 2020 10:40

Áreas

Ciência Ambiental. Química. Recursos Naturais.

Um artigo recém-publicado confirma cientificamente, pela primeira vez, a contaminação por metais em peixes do estuário do Rio Doce, no Espírito Santo, após o rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana, em Minas Gerais. O desastre, ocorrido em novembro de 2015, provocou o vazamento de, aproximadamente, 43 milhões de m3 de rejeitos de mineração. As análises mostram que, em agosto de 2017, peixes comestíveis coletados na Vila de Regência, localidade do município de Linhares, no Norte do estado, apresentavam níveis de arsênio, cádmio, cromo, cobre, mercúrio, manganês, chumbo, selênio e zinco acima do permitido para consumo humano. Na mesma época, a concentração de cádmio, cromo, chumbo e zinco nos sedimentos do estuário era de dez a 350 vezes maior do que no período anterior ao desastre.

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) colaborou com a pesquisa, coordenada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). O trabalho também teve participação da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Universidade de São Paulo (USP). Os resultados foram publicados na revista científica PeerJ – Life & Environment.

Desde o desastre, a pesca encontra-se proibida na foz do Rio Doce. Considerando a situação de 2017 e análises de sedimentos do estuário (ambiente de transição entre rio e mar) coletados em 2018, os pesquisadores apontam risco de contaminação crônica e reforçam a necessidade de monitoramento na região. “O estudo detectou níveis muito altos de alguns metais e correlação com proteínas que indicam ocorrência de estresse oxidativo nos peixes. Esse resultado confirma o dano ambiental e aponta risco para a saúde humana. O biomonitoramento é importante e deve ser contínuo”, afirmou a Dra. Rachel Ann Hauser Davis, bióloga e pesquisadora do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC e uma das autoras do artigo.

Risco para a saúde humana, animal e ambiental

O estudo recém-publicado analisou cerca de 70 peixes de cinco espécies que costumavam ser consumidas e comercializadas na Vila de Regência antes do desastre. Níveis de metais superiores ao recomendado para alimentação por normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou de organismos internacionais foram encontrados em animais de todas as espécies, incluindo variedades de bagre (Cathorops spixii Genidens genidens), tainha (Mugil sp.) e carapeba (Diapterus rhombeus e Eugerres brasilianus).

A avaliação incluiu amostras de fígado e músculo dos animais e contemplou nove metais – arsênio, cádmio, cromo, cobre, mercúrio, manganês, chumbo, selênio e zinco. “Tudo que é ingerido passa pelo fígado e aquilo que o órgão não consegue metabolizar, se deposita no tecido muscular, que é consumido pelos seres humanos. Por isso, essas análises são importantes no biomonitoramento”, esclareceu a Dra. Rachel.

Quase 90% dos peixes apresentavam altos níveis de manganês, selênio e zinco no fígado. Considerando bagres e tainhas, os nove metais foram detectados em quantidade tóxica no órgão em, pelo menos, um exemplar de cada espécie. Entre os carapebas, sete metais foram identificados no tecido hepático de D. rhombeus e seis em E. brasilianus.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.

Fonte: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz). Imagem: Rio Doce. Fonte: Gecenir Kaizer via Wikimedia Commons.

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