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Desmatamento global aumenta poluição por mercúrio

Cientistas quantificaram fator anteriormente negligenciado nas emissões de mercúrio antropogênicas

Felipe Werneck, Ascom/Ibama via Wikimedia Commons

Fonte

MIT | Instituto de Tecnologia de Massachusetts

Data

quarta-feira, 14 fevereiro 2024 15:00

Áreas

Biologia. Bioquímica. Desmatamento. Engenharia Florestal. Geociências. Geografia. Gestão Ambiental. Qualidade da Água. Química. Saúde. Saúde Ambiental. Sustentabilidade. Tecnologias. Toxicologia.

Cerca de 10% das emissões de mercúrio produzidas pelo homem todos os anos são o resultado do desmatamento global, de acordo com um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

A vegetação mundial, desde a floresta amazônica até às savanas da África Subsaariana, funciona como um sumidouro que remove o poluente tóxico do ar. Contudo, se a atual taxa de desmatamento permanecer inalterada ou acelerar, os pesquisadores estimam que as emissões líquidas de mercúrio continuarão aumentando.

“Temos negligenciado uma fonte significativa de mercúrio, especialmente em regiões tropicais”, disse o Dr. Ari Feinberg, ex pós-doutorando no Instituto de Dados, Sistemas e Sociedade (IDSS) do MIT e principal autor do estudo.

O modelo dos pesquisadores mostrou que a floresta amazônica desempenha um papel particularmente importante como sumidouro de mercúrio, contribuindo com cerca de 30% do sumidouro global. A redução do desmatamento na Amazônia poderia, portanto, ter um impacto substancial na redução da poluição por mercúrio.

A equipe de pesquisa também estimou que os esforços globais de reflorestamento poderão aumentar a absorção anual de mercúrio em cerca de 5%. Embora isto seja significativo, os pesquisadores sublinham que o reflorestamento por si só não deve substituir os esforços mundiais de controle da poluição.

“Os países têm feito grandes esforços para reduzir as emissões de mercúrio, especialmente os países industrializados do norte, e por boas razões. Mas 10% da fonte antropogênica global é substancial e existe um potencial para que esse número seja ainda maior no futuro. [Abordar essas emissões relacionadas ao desmatamento] precisa ser parte da solução”, disse a Dra. Noelle Selin, autora sênior do estudo, professora do IDSS e do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT.

O artigo científico com os resultados, publicado na revista científica Environmental Science and Technology, tem a participação, além do Dr. Ari Feinberg e da Dra. Noelle Selin, dos coautores o Dr. Martin Jiskra; do Dr. Pasquale Borrelli, professor da Universidade Roma Tre, na Itália; e do Dr. Jagannath Biswakarma, pós-doutorando no Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática.

Modelagem do mercúrio

Nas últimas décadas, os cientistas concentraram-se geralmente no estudo da desmatamento como fonte de emissões globais de dióxido de carbono. O mercúrio, um oligoelemento, não recebeu a mesma atenção, em parte porque o papel da biosfera terrestre no ciclo global do mercúrio só recentemente foi melhor quantificado.

As folhas das plantas absorvem o mercúrio da atmosfera, da mesma forma que absorvem o dióxido de carbono. Mas, ao contrário do dióxido de carbono, o mercúrio não desempenha uma função biológica essencial para as plantas. O mercúrio permanece em grande parte dentro de uma folha até cair no chão da floresta, onde o mercúrio é absorvido pelo solo.

O mercúrio torna-se uma séria preocupação para os humanos se acabar em corpos d’água, onde pode ser metilado por microrganismos. O metilmercúrio, uma potente neurotoxina, pode ser absorvido pelos peixes e bioacumulado através da cadeia alimentar. Isso pode levar a níveis arriscados de metilmercúrio nos peixes dos quais os humanos se alimentam.

“Nos solos, o mercúrio está muito mais fortemente ligado do que seria se fosse depositado no oceano. As florestas estão prestando uma espécie de serviço ecossistêmico, na medida em que sequestram mercúrio por períodos de tempo mais longos”, disse o Dr. Ari Feinberg, que é agora pós-doutorando no Instituto de Físico-Química Blas Cabrera, na Espanha.

Desta forma, as florestas reduzem a quantidade de metilmercúrio tóxico nos oceanos.

Muitos estudos sobre o mercúrio concentram-se em fontes industriais, como a queima de combustíveis fósseis, a mineração de ouro em pequena escala e a fundição de metais. Um tratado global, a Convenção de Minamata de 2013, apela às nações para que reduzam as emissões produzidas pelo homem. No entanto, não considera diretamente os impactos do desmatamento.

Em trabalhos anteriores, os pesquisadores construíram um modelo para investigar o papel que a vegetação desempenha na absorção de mercúrio. Utilizando uma série de cenários de mudança no uso da terra, ajustaram o modelo para quantificar o papel do desmatamento.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês).

Fonte:  MIT News. Imagem: Ibama e Polícia Federal combatem grupo criminoso responsável por extrair e comercializar ilegalmente madeira da Reserva Biológica do Gurupi e das Terras Indígenas Caru e Alto Turiaçu, no Maranhão. Fonte: Felipe Werneck, Ascom/Ibama via Wikimedia Commons.

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