Notícia

As implicâncias climáticas do setor da saúde

Pesquisadores encorajam médicos a, além de cuidar dos pacientes, adotar o cuidado com a saúde planetária, incluindo também a preservação do mundo natural do qual a saúde humana depende

Pixabay

Fonte

Escola de Medicina da Universidade Yale

Data

sábado, 2 outubro 2021 14:35

Áreas

Mudanças Climáticas. Saúde. Sustentabilidade. Tecnologias.

Como grande emissor global de gases de efeito estufa, o setor da Saúde está contribuindo para uma das maiores ameaças à saúde pública do século 21: as mudanças climáticas. Para enfrentar a crise crescente, a Dra. Jodi Sherman, professora de Anestesiologia na Escola de Medicina e de Epidemiologia na Escola de Saúde Pública da Universidade Yale, nos Estados Unidos, está convocando profissionais médicos para se mobilizarem e se empenharem por emissões líquidas zero. A Dra. Jodi Sherman é também diretora fundadora do programa de Sustentabilidade Ambiental de Cuidados em Saúde do Centro de Mudanças Climáticas e Saúde da Universidade Yale.

Para evitar os efeitos mais severos das mudanças climáticas, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que o aquecimento global precisa ser limitado a 1,5°C. Os especialistas estimam que para atingir essa meta, será necessário cortar as emissões para quase metade dos níveis de 2010 até 2030 e atingir as emissões líquidas zero até 2050. Em todo o mundo, os cuidados de saúde contribuem com aproximadamente 5% das emissões de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, grande parte da população global não tem acesso a cuidados de qualidade. Prestar melhores cuidados a mais pessoas é essencial; no entanto, isso deverá aumentar a poluição prejudicial, disse a Dra. Sherman, a menos que a comunidade médica trabalhe ativamente para reduzir as emissões e atingir seu próprio nível líquido zero.

“Nós, mais do que qualquer outro setor, devemos liderar o caminho para obter emissões líquidas zero”, reforçou a Dra. Jodi Sherman.

A pandemia da COVID-19 lançou luz sobre a vulnerabilidade mesmo de nações de alta renda a interrupções nas cadeias de abastecimento globais. À medida que a demanda por cuidados e suprimentos aumentava com a disseminação do vírus, os sistemas de saúde em todo o mundo ficaram lutando por recursos. A comunidade médica foi capaz de agir em conjunto, compartilhando informações e mudando os modelos de atendimento, para superar muitas dessas dificuldades iniciais com velocidade impressionante.

O controle da taxa de emissões provenientes de cuidados de saúde, por outro lado, tem ocorrido de forma muito mais lenta. Em um artigo publicado recentemente na revista científica The BMJ, a Dra. Sherman e colegas encorajam os médicos a adotar o cuidado com a saúde planetária, além de cuidar dos pacientes para incluir também a preservação do mundo natural do qual a saúde humana depende. Os danos causados ​​pela poluição do sistema de saúde nos Estados Unidos, disse a professora, são de magnitude semelhante aos danos causados ​​por erros médicos evitáveis ​​e devem ser incluídos nos esforços de segurança do paciente: “Essencialmente, esta lente de saúde planetária reconhece que existem ligações cruciais entre a saúde humana e a mudança ecológica e a nossa capacidade de prosperar”.

A Dra. Sherman apresentou recomendações para a ação clínica em três níveis – práticas clínicas individuais, organizações de saúde e sociedades profissionais e agências regulatórias. Iniciativas em larga escala incluem a incorporação de fontes mais verdes de energia na operação de hospitais e sistemas de transporte. Mas, mesmo em nível clínico, os provedores têm a capacidade de fazer mudanças.

“Todos podem fazer algo, não importa onde estejam ou em que posição estejam. É por meio da ação coletiva que vamos ajudar a transformar o sistema de saúde”, destacou a professora.

Uma forma de os provedores reduzirem sua pegada ecológica é maximizando o valor dos cuidados que prestam. Aproximadamente um quarto dos serviços de saúde fornecidos globalmente, disse a Dra. Sherman, são considerados de “baixo valor” – em outras palavras, os custos superam os benefícios. Os exemplos incluem consumo excessivo de suprimentos e exames médicos desnecessários. É responsabilidade dos médicos fornecer cuidados que não apenas sejam desejados e clinicamente eficazes, mas também minimizem os danos à saúde ambiental. Os médicos podem trabalhar para fornecer cuidados de alto valor, não apenas mantendo-se atualizados sobre as melhores práticas, mas também abandonando testes, procedimentos e medicamentos que estão desatualizados e agindo como administradores de recursos.

“Uma coisa é adotar o melhor e mais recente tipo de atendimento, mas se não abandonarmos os métodos mais antigos, acabaremos prestando atendimento de baixo valor”, ressaltou a pesquisadora.

Outras recomendações principais delineadas no documento incluem o incentivo à coordenação entre os médicos para evitar viagens desnecessárias e a repetição de exames desnecessários, e ser proativo para reduzir a necessidade de atendimento posterior. Mais da metade dos serviços de saúde nos Estados Unidos são fornecidos a apenas 5% da população que luta com doenças crônicas em estágio avançado. E, em muitos casos, essas doenças poderiam ser reversíveis ou evitáveis ​​com medidas menos intensivas se tivessem sido tratadas em um estágio anterior.

Algumas das recomendações da Dra. Sherman são bastante semelhantes às soluções para os desafios colocados pela pandemia da COVID-19. A escassez de equipamentos, por exemplo, destacou a importância de construir resiliência na cadeia de abastecimento mundial. A Dra. Sherman pede uma mudança em direção a uma economia circular com suprimentos reutilizáveis. Manter os materiais em uso o maior tempo possível não apenas reduz a vulnerabilidade à interrupção dos suprimentos consumíveis, mas também ajuda a reduzir as emissões e outras formas de resíduos.

Enfrentar o desafio de alcançar emissões líquidas zero na área de saúde precisará ser um esforço global e conjunto. “Precisamos descobrir como tornar os cuidados de saúde seguros para a saúde planetária, bem como para a saúde do paciente”, concluiu a Dra. Jodi Sherman.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Yale (em inglês).

Fonte: Isabella Backman, Escola de Medicina da Universidade Yale. Imagem: Pixabay.

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