Notícia

É possível a produção comercialmente viável de plástico neutro para o clima

Fonte

ETH Zurique | Instituto Federal de Tecnologia de Zurique

Data

sexta-feira, 1 outubro 2021 06:20

Áreas

Indústria. Negócios. Sustentabilidade.

Desde o início dos anos 1950, os plásticos encontraram seu caminho em quase todas as áreas da vida moderna. Entre 1964 e 2014, o consumo de plástico aumentou vinte vezes, passando de 15 para 311 milhões de toneladas por ano. Não apenas a poluição ambiental causada por resíduos de plástico aumentou durante esse tempo, mas a quantidade de petróleo que sua manufatura consome é grande, assim como as emissões de gases de efeito estufa associadas.

Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), na Suíça, da Universidade RWTH Aachen, na Alemanha, e da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB), nos Estados Unidos, criaram um novo modelo computacional de produção e descarte global de plástico. A equipe foi liderada pelo Dr. André Bardow, ex-professor da Universidade  RWTH Aachen e agora professor de Engenharia de Sistemas de Energia e Processos no ETH Zurique. Com seu modelo, os cientistas demonstram que é possível produzir de forma econômica plásticos que tenham um balanço líquido de zero emissão de gases de efeito estufa ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Isso é possível graças a uma combinação inteligente de três tecnologias já existentes: reciclagem de plástico e produção de plástico a partir de biomassa e de CO2 por meio da captura e utilização de carbono (CCU). Os pesquisadores publicaram seu estudo na última edição da revista Science.

Maior reciclagem de plástico

Como os cálculos mostraram, a chave é usar o máximo possível de plástico reciclado, complementado pelos outros dois métodos de fabricação. Esses três tipos de manufatura correspondem ao princípio da economia circular. Ao combinar as três tecnologias de forma ideal, a quantidade de energia necessária pode ser reduzida de 34% a 53% em comparação com a prática de fabricação baseada em fósseis atual, complementada com captura e armazenamento extensivo de carbono (CCS) – particularmente em plantas de incineração de resíduos, onde os produtos plásticos são incinerados no final de seu ciclo de vida.

O custo do método de fabricação recém-proposto está no mesmo nível do cenário alternativo de fabricação de fósseis. Em condições favoráveis, em 2050, o custo da produção global de plástico pode ser reduzido em até 288 bilhões de dólares por ano em comparação com o cenário alternativo. Para isso, a biomassa, o CO2 e a eletricidade renovável devem estar disponíveis a baixo custo, a extração e o fornecimento de petróleo devem se tornar mais caros e devem ser fornecidos incentivos para o investimento em reciclagem. “A menor demanda de energia pode parecer contraintuitiva, mas resulta da quantidade de energia que a reciclagem economiza ao longo de todo o ciclo de vida”, disse o Dr. Bardow.

Os formuladores de políticas podem promover o caminho para os plásticos neutros para o clima, oferecendo incentivos para mais reciclagem de plástico e maior uso de biomassa e CCU, concluíram os autores no estudo. “Não devemos pensar nas diferentes tecnologias para a fabricação de plástico individualmente, porque há um grande potencial em combiná-las de maneira inteligente”, destacou o professor André Bardow.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do ETH Zurique (em inglês).

Fonte: ETH Zurique e Universidade RWTH Aachen. Imagem: Anna Shvets via Pexels.