Destaque

Projeto colabora para edifícios mais sustentáveis e eficientes

Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

quarta-feira, 4 maio 2022 19:20

Entender, promover e disseminar estratégias e técnicas para o desenvolvimento de edifícios que sejam adequados ao clima no qual estão inseridos, que aproveitem a iluminação natural, com maior eficiência energética e menor impacto ambiental, que busquem a redução do desperdício de água tratada e que levem em conta as necessidades dos usuários. Esses são os principais objetivos do projeto Adequação climática e uso racional de água em edificações, coordenado pelo Dr. Enedir Ghisi, professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e vencedor da categoria Pesquisa Aplicada do Prêmio Pesquisa de Destaque, organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC).

Em andamento desde 2007, o projeto envolve uma ampla gama de assuntos que impactam diretamente o consumo de energia e a qualidade de vida das pessoas, incluindo desempenho e conforto térmico, aproveitamento da água da chuva, análise do ciclo de vida das construções, sistemas de iluminação integrados com a iluminação natural e comportamento do usuário. Nesses 15 anos, foram publicados mais de 140 artigos em revistas científicas e orientados mais de 150 estudantes e pesquisadores, da graduação ao pós-doutorado.

“Já foram vários trabalhos sobre isso, e a gente já tem algumas conclusões dos trabalhos realizados. Já sabemos que as edificações, de fato, não podem ser construídas de qualquer jeito, que é o que vem sendo feito no Brasil o tempo inteiro, desde longa data. Projeta-se a edificação e ela é construída daquele jeito em qualquer clima. Isso é errado. Não tem como funcionar. Uma casa projetada para ser construída em Florianópolis deveria ser diferente de uma casa em Lages; ela deveria ser diferente de uma casa em Belém, no Norte do Brasil; ela deveria ser diferente de uma casa no litoral do Nordeste, por exemplo. Cada edificação deveria ter características diferentes para cada um desses climas e para qualquer outro clima que a gente tem. Então, quando vemos os programas governamentais por aí, financiando a construção do mesmo projeto em todo o Brasil, temos algo completamente inadequado”, explicou o professor Enedir.

Uma construção não apropriada ao clima local tem reflexos diretos no consumo de aparelhos como ar-condicionado ou ventiladores, caso a pessoa possa adquirir esses bens. “Senão ela vai morar numa casa onde ela vai sofrer mais, porque vai ser muito quente no verão, porque vai ser muito frio no inverno e, se ela não tem recurso para comprar esses equipamentos, ela simplesmente vai sofrer lá dentro passando calor ou passando frio”, comentou o professor. O mesmo vale para outras questões, como a iluminação. Ambientes com bom aproveitamento de luz natural podem garantir a economia com iluminação artificial. “Qualquer tipo de edificação, uma casa, um prédio comercial, um prédio público, uma escola, assim por diante, todas elas deveriam levar isso em consideração”, enfatizou o docente.

O tipo de parede, o modelo dos vidros, características das telhas, a cor da tinta – tudo isso se reflete no consumo de energia e no conforto dos usuários. Alguns exemplos de erros que, segundo o professor Enedir, ainda se repetem bastante, apesar de serem simples de se resolver, são a aplicação de tons escuros nas fachadas e o uso de janelas sem proteção externa além do vidro, como venezianas e persianas de PVC.

Aproveitamento de água da chuva

Os estudos sobre uso racional da água tratada, aproveitamento de água da chuva e reutilização da água residual de processos domésticos como lavagem de louça e banho compõem outra importante linha do projeto. O foco é empregar a água da chuva e a água residual nos usos que não demandam água potável, como descarga ou rega de jardim – o que pode representar uma fatia considerável do consumo total.

Um levantamento realizado pelo grupo do professor Enedir em dez prédios públicos de Florianópolis indicou que chega a 77% o percentual de água utilizada que não precisaria ser potável. “Poderia ser água de chuva, por exemplo. A gente poderia também usar equipamentos economizadores de água para reduzir esse consumo. A porcentagem é muito alta”, afirmou o pesquisador.

Pavimentos permeáveis

Um dos trabalhos mais recentes da equipe na área de economia de água envolve as pesquisas com pavimentos permeáveis para captação e armazenamento de água da chuva. Esses pavimentos são projetados em um sistema que conta com distintas camadas. A água que escoa sobre essa superfície, em vez de ir para a sarjeta, atravessa todos os níveis do pavimento até chegar a um reservatório específico, de onde é bombeada para outros reservatórios do edifício.

Comportamento das pessoas

Não importa quantos cálculos se façam, mesmo os mais refinados projetos podem fracassar completamente se não levarem em conta as pessoas que frequentarão o local. Por isso, o grupo de Enedir tem se dedicado, também, a estudar o comportamento do usuário e sua influência no consumo de energia, bem como busca sempre considerar essa perspectiva em suas análises.

“O usuário tem um comportamento geralmente previsível, mas nem sempre. Então, se a gente projeta a edificação prevendo que o usuário vai estar lá dentro num determinado período, e ele não está lá dentro naquele determinado período, isso dá um resultado completamente diferente do que pode ter sido previsto originalmente”, comentou o professor. “Em grande parte dos casos, os profissionais projetam a edificação mas esquecem que tem pessoas que vão morar lá dentro ou que vão trabalhar naquele lugar ou que vão estudar naquela sala. Mas não deveriam, pois o comportamento das pessoas tem de ser levado em consideração”, concluiu o Dr. Enedir Ghisi.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Santa Catarina.

Fonte: Camila Raposo, Agecom/UFSC.

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