Notícia

Tipuana é tolerante a secas extremas e pode ajudar a enfrentar a mudança climática

Pesquisa revela que árvore tem taxa de crescimento acelerada com maior temperatura, podendo contribuir com a resiliência das cidades

Joanbanjo via Wikimedia Commons

Fonte

Agência FAPESP

Data

domingo, 4 agosto 2024 12:45

Áreas

Biodiversidade. Botânica. Ciência Ambiental. Ecologia. Mudanças Climáticas. Políticas Públicas. Qualidade do Ar. Recursos Naturais. Saúde. Sociedade. Sustentabilidade.

Uma das três principais espécies de árvores presentes na cidade de São Paulo, a tipuana (Tipuana tipu) se mostrou tolerante a secas extremas, podendo ser considerada uma alternativa para promover a resiliência urbana contra as mudanças climáticas. A conclusão está em pesquisa publicada na revista científica Urban Climate.

O estudo avaliou o impacto da seca de 2013/2014 no desenvolvimento de árvores em ruas e parques de São Paulo. A escolha do período se deveu ao fato de essa seca ter sido extrema e registrada no verão, estação normalmente chuvosa e quando as árvores mais crescem.

Com base na análise da largura dos anéis de crescimento e de processos relacionados ao ciclo do carbono, os pesquisadores concluíram que a tipuana apresenta aceleração de fotossíntese em condições de maior temperatura tanto em diferentes micro-habitats urbanos como durante eventos de seca, refletindo em taxas de crescimento mais altas, apesar das condições climáticas limitantes.

“Precisamos de cidades cada vez mais resilientes diante dos efeitos do aquecimento global. E uma das ferramentas para isso é a arborização urbana. Temos de ser pragmáticos em alguns momentos e devemos escolher espécies capazes de responder bem a esses eventos extremos para não perdermos a provisão de serviços ecossistêmicos, como a captura de carbono e a regulação de temperatura”, explicou o Dr. Giuliano Locosselli, professor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP) e autor correspondente do artigo. A pesquisa recebeu o apoio da Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

As áreas urbanas devem abrigar 68% da população mundial até 2050, com acréscimo de 2,2 bilhões de habitantes em relação ao que existe hoje, segundo relatório da ONU-Habitat. Por outro lado, esses ambientes estão cada vez mais vulneráveis a secas e eventos extremos devido à redução de espaços verdes permeáveis e ao surgimento de ilhas de calor.

Por isso, a discussão de cidades resilientes, com planejamento territorial e capacidade de preparação, resposta e recuperação rápida diante dos desafios climáticos tem ganhado cada vez mais espaço. No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, o governo federal divulgou o decreto que institui o Programa Cidades Verdes Resilientes.

O objetivo é aumentar a resiliência dos municípios brasileiros diante dos impactos causados pela mudança do clima por meio da integração de políticas e estímulo a práticas sustentáveis e de valorização dos serviços ecossistêmicos do verde urbano.

“A composição de espécies resistentes a diferentes situações faz com que a cidade inteira seja resiliente a qualquer evento extremo. No estudo, trazemos um elemento que ajuda a compor essa biodiversidade. Estamos também pesquisando outras espécies nativas”, disse o professor Giuliano Locosselli.

O professor – em parceria com o Dr. Marcos Buckeridge, pesquisador do Instituto de Biociências da USP (IB-USP) e coautor do artigo, e um grupo de cientistas de outras instituições – tem desenvolvido uma série de estudos buscando formas de otimizar os serviços ecossistêmicos de florestas urbanas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e da poluição – prática que compõe as chamadas “soluções baseadas na natureza”.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Luciana Constantino, Agência FAPESP. Imagem: tipuana (Tipuana tipu). Fonte: Joanbanjo via Wikimedia Commons.

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