Notícia

Tecnologias para refrigeração: como se refrescar sem prejudicar o planeta

Pesquisadores da UFU buscam soluções para ar condicionado e sistemas de refrigeração menos nocivos ao meio ambiente

Marco Cavalcanti

Fonte

UFU | Universidade Federal de Uberlândia

Data

terça-feira, 3 março 2020 15:55

Áreas

Engenharia Ambiental. Engenharia Mecânica. Mudanças Climáticas. Sociedade. Tecnologias.

Um sistema de refrigeração pode emitir substâncias nocivas ao meio ambiente e contribuir para o aquecimento global. Em busca de soluções para este problema, pesquisadores do Laboratório de Energia, Sistemas Térmicos e Nanotecnologia (LEST) do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realizam pesquisas na área de novos fluidos ambientalmente mais favoráveis e que influenciem menos o aquecimento global. As pesquisas incluem desde a área de sistemas de refrigeração aplicados a supermercados até o sistemas de ar condicionado.

O engenheiro mecânico e pesquisador Dr. Enio Bandarra conta que, atualmente, o principal assunto de discussão ambiental é o aquecimento global e não mais o comprometimento da camada de ozônio. Segundo ele, os fluidos que afetavam a camada do gás já foram eliminados em sua maioria. Os poucos que restam, estão sendo eliminados agora. “Hoje, a tendência é a diminuição do uso de fluidos com alto potencial de aquecimento global (GWP)”, afirma o pesquisador.

Muitos modelos de ar condicionado, principalmente o split, possuem um fluido chamado R-410A, que tem alto GWP, como explica o professor Bandarra. Se um quilo dessa substância vaza no meio ambiente, o equivalente a 2.000 quilos de dióxido de carbono seria emitido para a atmosfera, uma quantidade muito alta e que classifica o poder de aquecimento global desse fluido em 2.000. É na redução desses danos que as pesquisas do laboratório atuam: pensando em novos fluidos.

Os pesquisadores do LEST também têm estudado fluidos naturais como o Propano (R-290) para substituir tais fluidos prejudiciais: “Esse fluido natural, por exemplo, o GWP dele é da ordem de três. Significa que se um quilo desse fluido vazar, o equivalente a três quilos de dióxido de carbono seria emitido para a atmosfera e não duas toneladas como no [caso do] outro”, esclarece o pesquisador.

Preocupação Ambiental

Existem diversos acordos mundiais em torno de melhorias ambientais, em destaque o acordo de Kigali, no qual a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), responsável por representar os setores da indústria, reiterou sua posição de diminuição dos níveis de consumo dos HCFCs e HFCs, segundo informações publicadas em seu site oficial. O posicionamento foi reafirmado em concordância com o Ministério do Meio Ambiente por meio do Programa Brasileiro de Eliminação de Fluidos Refrigerantes.

O professor Bandarra explica o que são os HCFCs, abreviação para Hidroclorofluorcarbonos: “São substâncias que agridem a camada de ozônio […] e ainda são muito utilizadas no Brasil e nos países em desenvolvimento. O fluido se chama HCFC-22, comumente conhecido como R-22”. relata o especialista.

O R-22 possui elevado GWP (cerca de 1.800, o que equivale a 1.800 quilos de CO2, caso 1 quilo desse fluido vaze para atmosfera) e já existe uma política de eliminação desse fluido no Ministério do Meio Ambiente.

“Em países desenvolvidos já não se usa mais o R-22. Em países em desenvolvimento, como é o nosso caso, ainda é permitido o uso até 2040.” conclui o pesquisador.

Uso do Propano

O Propano é um hidrocarboneto considerado fluido natural, amigável ao meio ambiente, e tem sido apontado como excelente alternativa para os sistemas de ar condicionado.

O contraponto desse fluido é o fato de ser inflamável por se tratar de um combustível. Mas Bandarra assegura: “Dentro de um sistema de refrigeração você não tem oxigênio presente, você não tem faísca, sendo assim não há perigo de explosão, a não ser em um vazamento. Em sistemas de pequeno porte, quando se tem uma pequena quantidade de propano, não há perigo nenhum de se utilizar esse fluido no sistema de refrigeração e ar condicionado” , reitera o engenheiro.

O laboratório verifica também algumas outras opções de fluidos para propor ao mercado. Os pesquisadores estudam, em termos de eficiência energética, quais fluidos que se adaptam melhor a diversos sistemas.

Papel do Consumidor

A primeira recomendação do pesquisador para o consumidor é ficar sempre atento ao consumo de energia de qualquer sistema de refrigeração, seja geladeira, ar condicionado ou mini adegas. Para isso, basta olhar o Selo Procel, aquele que vem colado no aparelho e que possui a classificação por letras. Bandarra recomenda sempre procurar adquirir os que possuem classificação A, pois são os que têm melhor eficiência energética, ou seja, o melhor custo em termo de refrigeração pelo valor que o consumidor está pagando.

“Com isso, você consome menos energia, gera menos dióxido de carbono equivalente no meio ambiente e deve procurar também aqueles sistemas de refrigeração com fluidos ambientalmente corretos”, explica o especialista.

“Hoje quase a totalidade dos refrigeradores domésticos e das geladeiras produzidos no Brasil são feitos com R-600A, chamado isobutano, um hidrocarboneto. Então, a maioria das casas possui esse fluido inflamável, porém em pequena quantidade, 60 ou 70 gramas aproximadamente, praticamente menos do que vem em um isqueiro. Com isso, você colabora com o meio ambiente, tanto em termos de consumo de energia quanto de vazamento desse fluido que, se acontecer, não agride o meio ambiente e não colabora com o efeito estufa”, conclui o Dr. Enio Bandarra.

Acesse a notícia completa na página da UFU.

Fonte: Lucas Ribeiro, UFU. Imagem: Marco Cavalcanti.

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