Notícia

Sustentabilidade só é possível com bem-estar coletivo

Segundo tese defendida na Feagri, conceito está na base das ações das comunidades que vivem em dois assentamentos rurais na Amazônia norte mato-grossense

Divulgação

Fonte

Jornal da Unicamp

Data

quarta-feira, 27 março 2019 11:35

Áreas

Agricultura, Gestão Ambiental, Sustentabilidade.

A sustentabilidade dos assentamentos rurais na Amazônia norte mato-grossense está ameaçada pela chegada da soja na região. Por causa desse processo, já foram registradas mortes de várias culturas agrícolas, o que compromete a produção orgânica, além da contaminação de pessoas em razão do uso excessivo de agrotóxicos. A despeito disso, os trabalhadores rurais da região demonstram resiliência e seguem comprometidos com práticas produtivas que não agridem o ambiente e que buscam o bem-estar da coletividade. A constatação faz parte da tese de doutorado defendida pelo engenheiro agrônomo Dr. Wagner Gervazio na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, sob a orientação da professora Dra. Sonia Bergamasco.

O objetivo do trabalho foi avaliar a sustentabilidade dos assentamentos rurais daquela região. O Dr. Gervazio tomou para análise o Assentamento São Pedro, localizado a 54 quilômetros da sede do município de Paranaíta, e o Assentamento Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) São Paulo, distante cerca de 50 quilômetros da cidade de Carlinda. Os assentamentos apresentam características distintas, desde o histórico e a forma de ocupação até os modelos de organização e produção.

O primeiro foi criado em dezembro de 1997 e possui 776 lotes, distribuídos em 22 comunidades, nas quais vivem 3.500 pessoas. A área total é de 35 mil hectares. A principal atividade econômica é a pecuária de leite. O segundo é resultado da luta de trabalhadores pela terra. Durante dez anos, os sem-terra ficaram acampados no local, vivendo em barracos de lona. Em 2012, o PDS foi criado. O assentamento está organizado por parcelas de 50 hectares cada. Destes, 18 são de uso individual por família. Os demais 32 hectares constituem Reserva Legal Coletiva. A área abriga 46 famílias. As principais atividades econômicas são a pecuária do leite e a fruticultura.

Para analisar os assentamentos, Gervazio considerou o conceito de sustentabilidade baseado no entendimento de “bem viver” dos povos originários da América. O modelo está focado no equilíbrio e na centralidade da vida e é orientado pela ética da suficiência para toda a comunidade e não somente para o indivíduo. “Considerando esses pressupostos, trabalhamos o conceito de sustentabilidade a partir dos saberes dos sujeitos, ou seja, os agricultores e agricultoras. Conforme esse entendimento, a sustentabilidade deve ser concebida a partir das concepções culturais, das narrativas, das percepções e da cosmovisão das pessoas envolvidas no processo”, explica o pesquisador.

A melhor forma de avaliação da sustentabilidade dos assentamentos rurais da Amazônia norte mato-grossense, continua o autor da tese, se dá por meio da coletividade e da participação, à luz do contexto histórico e dialético. Para analisar mais profundamente essa questão, o pesquisador desenvolveu um método didático-pedagógico denominado “Círculos da Sustentabilidade”. As bases utilizadas foram fornecidas pela educação popular de Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão e Orlando Fals Borda. Gervazio também se valeu do “Marco para a Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade” (MESMIS), ferramenta de gestão ambiental.

Acesse a notícia completa no site do Jornal da Unicamp.

Fonte: Manuel Alves Filho. Imagem: divulgação.

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