Notícia

Soluções inéditas para recuperar lixão e gerar energia

UnB e CEB realizam pesquisa para remediação ambiental, energética e sustentável de aterros sanitários. Meta é tirar o máximo de energia de antigo lixão e tentar minimizar o passivo ambiental

Dênio Simões/Agência Brasilia

Fonte

UnB | Universidade de Brasília

Data

quarta-feira, 5 fevereiro 2020 10:55

Áreas

Energia. Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Sociedade.

Fornecer uma solução para a área do antigo lixão da Estrutural (fechado em 2018) que contemple não apenas questões ambientais, mas também energéticas e sustentáveis. Este foi o desafio colocado para a Universidade de Brasília (UnB) ao integrar o Projeto de Remediação Ambiental, Energética e Sustentável para Aterros (RAEESA), uma parceria com a Companhia Energética de Brasília (CEB).

Com isso, a UnB comprometeu-se a estudar, ao longo de dois anos, todos os cenários possíveis para o local, desde o aproveitamento energético até a mitigação ambiental, que consiste em intervenções para reduzir ou reparar impactos ambientais prejudiciais à atividade humana. As alternativas pensadas para o local, também chamado Aterro Controlado do Jóquei Clube, poderão ser utilizadas em outros 2.500 lixões que ainda existem no país e estão na iminência de serem fechados.

“Quando se encerra uma área de disposição de resíduos sólidos, seja urbano ou industrial, deixa-se um grande passivo para a sociedade. Não dá para simplesmente fechar e determinar que ninguém mais coloque resíduos ali”, afirma o professor Dr. Antonio Brasil Junior, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB e coordenador geral do projeto.

“Existe uma série de custos que a sociedade continua pagando durante décadas para fazer a gestão ambiental da área e mitigar os passivos associados aos diferentes impactos da água de subsolo, como chorume, decomposição natural do lixo orgânico depositado na área, que entra em todas as subestruturas de água de superfície, e toda uma poluição do ar associada à emissão de gases do efeito estufa, em particular, o CO2”, explica o especialista.

O projeto RAEESA envolve o estudo de soluções sustentáveis para a concepção de sistemas híbridos de conversão energética, associado a soluções de remediação ambiental de aterros de resíduos sólidos urbanos. Segundo o docente, o Brasil hoje começa a seguir a tendência internacional de resolver problemas como este, integral ou parcialmente, a partir de soluções que visem à transformação de todo o potencial energético de resíduos sólidos em energia.

“Em Brasília, há 200 hectares de área em que não se pode fazer nada, a não ser acompanhar, mas também existe metano – gás combustível – emitido a partir da decomposição do que foi enterrado ali, e existe o próprio material de resíduos sólidos que também pode ser utilizado para conversão energética a partir de sua queima. E como é uma área bastante devoluta dentro do DF, próxima ao mercado consumidor de energia, é possível fazer uma hibridização com um vetor energético de energia solar fotovoltaica”, detalha o pesquisador.

Além do professor Antonio Brasil Junior, participam do projeto outros docentes, além de cerca de 25 estudantes de graduação, mestrado e doutorado da UnB. O professor Dr. Paulo Celso Gomes, do Departamento de Engenharia de Produção da UnB e especialista em gestão ambiental e ordenamento territorial, explica que a Universidade está trabalhando para minimizar o passivo existente no antigo lixão da Estrutural. “O resíduo domiciliar parou de ser colocado no lixão em janeiro de 2018 e passou a ser colocado no aterro sanitário, mas há um passivo consolidado. O resíduo da construção civil, que é considerado majoritariamente inerte, continua sendo disposto no antigo lixão. Então o local continua recebendo essa massa, mas não tem mais resíduo orgânico (ou tem muito pouco) e não tem mais catadores, ou seja, é mais fácil fazer o gerenciamento e aplicar qualquer tecnologia de recuperação. Estamos viabilizando a recuperação ambiental da área, que antes era impossível com 2 mil catadores lá em cima e com esse resíduo domiciliar chegando todos os dias”, afirma o Dr. Paulo Gomes.

Soluções

Recentemente, a UnB apresentou à CEB relatório parcial com o diagnóstico feito até o momento, após um ano de vigência do contrato, e com propostas de mitigação e de aproveitamento energético. Entre as soluções inicialmente pensadas estão a geração de energia a partir de placas fotovoltaicas (energia solar), de coleta e aproveitamento de gás e de queima de resíduos (termelétrica).

Marcela Rodrigues, mestranda em Ciências Mecânicas na Universidade de Brasília, participa do projeto desde o início, em outubro de 2018. O trabalho desenvolvido com a equipe estará em sua dissertação, prevista para ser defendida em agosto de 2020. Em campo, ela captura imagens termográficas a partir de uma câmera com infravermelho para verificar anomalias de temperatura no solo do antigo lixão da Estrutural. O objetivo final do estudo é possibilitar uma forma segura de trabalhar a gestão de gás.

O próximo passo seria alugar um drone para ter uma imagem completa do aterro com infravermelho e fazer o chamado wallcover, que é a mensuração da concentração de gás em toda a estrutura do terreno. “Se conseguirmos confirmar essa hipótese, podemos usar o infravermelho para uma gestão completa do escapamento do gás no aterro, sem precisar colocar em risco vidas humanas. Hoje funcionários vão até o local acender o escapamento de gás, que pode explodir, a depender da concentração”, frisa Marcela.

Contexto

O antigo lixão da Estrutural era o segundo maior do mundo até 2018 quando foi fechado, atrás apenas do localizado em Jacarta, na Indonésia, que segue em operação. Este recebe cerca de 10 mil toneladas de resíduos por dia, enquanto o de Brasília recebia 9 mil toneladas. Ainda hoje, após o fechamento determinado por lei, o Aterro Controlado do Jóquei Clube recebe entre cinco e seis mil toneladas de resíduos da construção civil, uma média de 130 mil toneladas por mês.

Acesse a notícia completa na página da UnB Ciência.

Fonte: Marcela D’Alessandro/Secom UnB. Imagem: Dênio Simões/Agência Brasilia.

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