Notícia
Projeto colaborativo internacional ajuda a compreender a poluição ambiental com pesquisa interdisciplinar
Especialista em Toxicologia da Universidade Hokkaido fala sobre parceria internacional que estuda problemas globais do risco químico
Divulgação, Universidade Hokkaido
Fonte
Universidade Hokkaido
Data
terça-feira, 4 janeiro 2022 14:45
Áreas
Gestão Ambiental. Qualidade do Ar. Saúde. Toxicologia.
A poluição ambiental é um grande problema em todo o mundo. Um projeto ambicioso está em andamento para esclarecer a toxicidade de produtos químicos em humanos, animais e meio ambiente e o mecanismo de poluição que ocorre em áreas contaminadas.
A Dra. Mayumi Ishizuka, professora do Instituto de Pesquisa Veterinária da Universidade Hokkaido, no Japão, e especialista em toxicologia, é a pesquisadora principal do projeto “Colaboração entre diferentes áreas em problemas globais de risco químico: iniciativas e construção de infraestrutura pela equipe da Universidade de Hokkaido”.
A Universidade de Hokkaido entrevistou a professora Mayumi Ishizuka para esclarecer a iniciativa:
Universidade Hokkaido: Fale sobre o histórico e o propósito do projeto.
Dra. Mayumi Ishizuka: Na Medicina Veterinária, o papel da toxicologia é avaliar quantitativamente os efeitos dos poluentes em humanos e animais e esclarecer seus mecanismos de ação. Porém, mesmo nos casos em que os efeitos e mecanismos de ação dos poluentes são conhecidos, ainda persistem questionamentos, tais como: como esses poluentes afetam o ecossistema em geral? Como eles afetam as comunidades no nível socioeconômico? A conexão entre os efeitos nos indivíduos e os efeitos em uma escala maior não é clara.
Nessas circunstâncias, um novo paradigma se desenvolveu no campo da toxicologia: Advers Outcome Pathway (AOP). Esse paradigma se baseia na ideia de compreender de forma abrangente os efeitos adversos dos poluentes desde o nível celular, no laboratório, até o nível da comunidade, no campo.
A toxicologia, por si só, está longe de ser suficiente para encontrar uma solução para os problemas globais causados pelos poluentes. Propusemos reunir especialistas de várias áreas, como Epidemiologia, Saúde Pública, Medicina, Engenharia, Agricultura e Ciência da Informação para avaliar completamente a situação em regiões poluídas. O grupo de pesquisadores em início e meio de carreira que se reuniu sob esta proposta foi denominado Hokkaido University Tackling Team.
Universidade Hokkaido: As colaborações incorporam mais de dez pesquisadores da Universidade Hokkaido, e as instituições participantes incluem a Universidade da Zâmbia, a Universidade de Chiba e a Universidade Ehime, entre outras. Como essa rede foi construída?
Dra. Mayumi Ishizuka: A Universidade de Hokkaido tem sido tradicionalmente forte em ciência de campo e pesquisadores de campo daqui têm viajado para o exterior em busca de suas pesquisas. Acho que nossos pontos fortes históricos tiveram uma forte influência na formação da equipe. Quase metade deles são pesquisadores de campo, por isso é fácil se comunicar e todos são muito ativos. Na verdade, cada membro voluntariamente iniciou suas próprias pequenas colaborações; como resultado, a rede está se expandindo como galhos e folhas de uma árvore. Acredito que esse crescimento está longe de terminar e espero vê-lo crescer e amadurecer.
A Universidade da Zâmbia e a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Hokkaido têm uma longa história compartilhada. Quando a Faculdade de Medicina Veterinária foi estabelecida na Universidade da Zâmbia, os membros do corpo docente da Universidade Hokkaido, que interagiram com seus colegas da Zâmbia por muitos anos, visitaram o local e deram palestras.
O estado real da poluição ambiental na Zâmbia e em outros países africanos há muito é considerado uma ‘caixa preta’. A abordagem típica de realizar pesquisas para obter dados científicos que constituem a base da prevenção foi adiada. Atualmente, estamos tentando esclarecer a situação real da poluição por chumbo na Zâmbia e substanciá-la com evidências. Esperamos que isso se torne um modelo para pesquisas futuras.
Universidade Hokkaido: Como você conectou a toxicologia a outras áreas durante este projeto?
Dra. Mayumi Ishizuka: Pode haver projetos colaborativos entre a Medicina Veterinária e diferentes campos, incluindo a Toxicologia, em outras universidades, mas não acho provável que haja muitos exemplos envolvendo pessoas especializadas em Economia, Engenharia e Agricultura.
Quando se fala em ‘Medicina Veterinária’, a maioria das pessoas pensa nos ‘médicos de animais”, com sua própria prática clínica. Embora esse aspecto permaneça importante, a pesquisa em Medicina Veterinária moderna também se concentra em doenças que afetam humanos e animais (panzoologia ou zoobiquidade) e a disseminação de doenças zoonóticas em todo o mundo. O campo da Medicina Veterinária se expandiu significativamente para incluir humanos, animais, ecossistemas e meio ambiente.
Na verdade, eu costumava ser uma pesquisadora que se concentrava apenas na minha pesquisa. Houve um tempo em que eu apenas informava aos moradores de áreas contaminadas o risco que eles enfrentavam. Quando meus alunos me disseram: “Podemos contar aos residentes sobre os riscos que enfrentam, mas não podemos dizer a eles como administrar esses riscos com os recursos que possuem”, fiquei sem palavras: foi então que percebi o erro na minha abordagem. Comecei comunicando-me com outros pesquisadores da minha rede, e isso aos poucos evoluiu para a ideia de estabelecer uma colaboração interdisciplinar formal. Começar foi difícil, porque não é fácil construir uma rede, mas fomos movidos pelo ideal de fazer pesquisa para realizar uma sociedade melhor.
Universidade Hokkaido: Qual é a importância da Ciência da Informação em sua pesquisa?
Dra. Mayumi Ishizuka: No passado, costumávamos medir moléculas individuais nas células ou tecidos; agora que houve grandes avanços na tecnologia, uma análise abrangente tornou-se possível. Agora podemos medir a diferença na expressão gênica entre aqueles que foram expostos a produtos químicos e aqueles que não foram. Porém, para analisar essa vasta quantidade de dados, é necessária a expertise de profissionais da área de Tecnologia da Informação. Simultaneamente, uma vez que as informações inter-regionais virão da Economia e da Medicina no futuro, as respostas que podemos obter mudarão dependendo de como os dados são analisados. É muito encorajador ter um especialista em Ciência da Informação que pode processar diversos dados desde o nível individual até a escala global. Os membros da colaboração interdisciplinar estão altamente motivados.
Ainda há muitas coisas que quero fazer. Eu gostaria de mostrar o futuro de novas medidas contra a poluição ambiental por meio da colaboração interdisciplinar, enquanto ouço os especialistas e também as comunidades afetadas.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Hokkaido (em inglês).
Fonte: Sohail Keegan Pinto, Universidade Hokkaido. Imagem: Divulgação, Universidade Hokkaido.
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