Notícia

Remoção de carbono baseada na natureza pode ter papel crítico na redução do aumento da temperatura global

A partir de modelo climático global, pesquisadores  dizem que ecossistemas naturais podem ajudar nos esforços para mitigar as mudanças climáticas

Waren Brasse via Unsplash

Fonte

Universidade Concordia

Data

terça-feira, 5 abril 2022 12:05

Áreas

Biomas. Ciência Ambiental. Clima. Engenharia Florestal. Geociências. Geografia. Modelagem Climática. Mudanças Climáticas. Recursos Naturais.

Na luta para retardar e potencialmente reverter as mudanças climáticas globais, a humanidade precisará contar com uma série de comportamentos e ações. A primeira e mais importante é a redução drástica da queima de combustíveis fósseis. Os sumidouros naturais de carbono da Terra, como florestas, turfeiras, pântanos e outros ecossistemas, também desempenham um papel: são fundamentais para remover o carbono da atmosfera.

Neste sentido, um novo estudo liderado pela Universidade Concordia, no Canadá, foi publicado recentemente na revista científica Nature Communications Earth & Environment. No artigo, os pesquisadores explicam como as soluções climáticas baseadas na natureza podem contribuir significativamente para a meta de emissões líquidas zero de meados do século, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris. Um aumento na cobertura florestal, a adoção de práticas agrícolas aprimoradas e a restauração ou conservação de ecossistemas de armazenamento de carbono podem levar a uma redução significativa do aumento da temperatura de pico, segundo eles. Mas isso só é verdade se o reflorestamento e outras medidas baseadas na natureza forem implementadas simultaneamente com ambiciosas reduções de gases de efeito estufa.

“A análise mostrou que, se conseguirmos mitigar as emissões de combustíveis fósseis com rapidez suficiente e também aumentar a quantidade de carbono armazenada em sistemas naturais, você verá uma contribuição”, disse o Dr. Damon Matthews, professor do Departamento de Geografia, Planejamento e Meio Ambiente da Universidade Concordia e autor principal do artigo. “É apenas uma parte de todo o efeito, mas é uma contribuição mensurável para os esforços de mitigação climática”, ressaltou o pesquisador.

Mesmo ações temporárias poderão ser úteis

Embora o armazenamento de carbono baseado na natureza pareça uma resposta relativamente fácil e óbvia, não deve ser considerado uma solução permanente, de acordo com o Dr. Matthews. Grande parte do carbono armazenado em ambientes naturais pode ser perdido de volta para a atmosfera devido à atividade humana ou distúrbios como incêndios florestais. Mas mesmo que isso aconteça, o armazenamento bem-sucedido nas próximas décadas poderia ter um benefício positivo tangível na redução das temperaturas de pico.

Os pesquisadores usaram um modelo climático global para explorar o efeito do armazenamento temporário de carbono terrestre juntamente com diferentes cenários de emissões futuras com níveis variados de esforços de descarbonização. O modelo mostrou que, no caso de um aumento moderado nas emissões nas próximas décadas, seguido por um declínio gradual, o armazenamento temporário de carbono baseado na natureza atrasaria, mas não reduziria o resultado da temperatura.

Outro cenário prevê uma redução acentuada das emissões de gases de efeito estufa, atingindo zero líquido em meados do século. Este é o cenário mais esperançoso, levando a um pico de temperaturas globais em meados do século, seguido por temperaturas em declínio. Nesse cenário, medidas temporárias de remoção de carbono baseadas na natureza foram capazes de diminuir o pico de temperatura, ajudando a limitar o aumento da temperatura às metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.

Juntamente com essa contribuição para os esforços de mitigação climática, o Dr. Matthews também enfatizou os muitos outros benefícios potenciais de soluções baseadas na natureza bem pensadas: “Este pode ser um caminho para melhorar a forma como nos relacionamos com o mundo natural. Restaurar ou conservar ecossistemas pode promover ganho de carbono, além de gerar benefícios à biodiversidade, à qualidade da água e do ar. Há também potenciais benefícios sociais. As soluções baseadas na natureza devem respeitar os direitos da terra indígena, mas também podem ser lideradas por comunidades indígenas – é aí que há um potencial real para cenários de ganho mútuo”, concluiu o Dr. Damon Matthews.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Concordia (em inglês).

Fonte: Patrick Lejtenyi, Universidade Concordia. Imagem: Waren Brasse via Unsplash.

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