Notícia

Programa de apoio a unidades de conservação na Amazônia diminui desmatamento em até 39%

Redução foi comprovada em artigo de pesquisadores da UFMG, do Funbio, do WWF e da Universidade de Bonn

Britaldo Silveira Soares-Filho et al. via revista 'Biological Conservation'

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

sexta-feira, 17 fevereiro 2023 14:45

Áreas

Biodiversidade. Ciência Ambiental. Conservação. Desmatamento. Ecologia. Geografia. Monitoramento Ambiental. Políticas Públicas. Recursos Naturais. Sensoriamento Remoto. Sustentabilidade.

As áreas protegidas são reconhecidas como uma das estratégias mais eficazes de conservação da biodiversidade. Para buscar recursos que financiem a criação e a manutenção dessas reservas, o Brasil criou, em 2002, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que é gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Os recursos são aplicados no sistema nacional de Unidades de Conservação (UCs), a maior iniciativa mundial de preservação de florestas tropicais.

Em artigo publicado na revista científica Biological Conservation, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do World Wildlife Fund (WWF), do Funbio e da Universidade de Bonn, na Alemanha, mensuraram o impacto do Arpa no apoio à redução do desmatamento e das emissões de CO2 na Amazônia brasileira no período de 2008 a 2020. O professor Dr. Britaldo Silveira Soares Filho, coordenador do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG, explicou que o Arpa apoia 120 unidades de conservação na Amazônia, sendo 60 de Uso Sustentável – unidades que possibilitam o emprego de recursos naturais pelas populações que habitam as áreas – e 60 de Proteção Integral.

“O artigo mostra que investimentos como o Arpa são efetivos e são um diferencial. Nossas análises mostraram que as UCs de Proteção Integral apoiadas pelo Arpa tiveram redução do desmatamento 9% maior do que a observada nas UCs não apoiadas pelo programa. Já nas UCs de Uso Sustentável a presença do Arpa resultou em redução adicional no desmatamento de 39%”, disse o pesquisador.

Para comprovar a redução de desmatamento nas áreas, os pesquisadores recorreram a dados do Programa de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia por Satélites (Prodes) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os pesquisadores usaram informações cartográficas para desenvolver modelos de inferência sobre como estariam as áreas consideradas caso elas não contassem com os recursos do programa.

Financiamento não é suficiente

Segundo o professor Britaldo, a comparação das taxas de desmatamento explicita a importância de programas de financiamento para a proteção da biodiversidade na Amazônia. No entanto, eles não podem ser considerados a única estratégia de conservação.

“O investimento faz a diferença. O dinheiro do Arpa é usado para criar planos de gestão das UCs e possibilita o manejo da infraestrutura física para desenvolver programas ambientais. Muitas UCs só existem no papel, pois ainda não contam com um esforço de campo que demarque os territórios e faça a fiscalização. Portanto, os recursos financeiros acabam consolidando as áreas protegidas.”

Em áreas protegidas (UCs e terras indígenas) da Amazônia brasileira, o desmatamento caiu 21% de 2008 a 2020, o que contribuiu, em certa medida, para frear uma forte tendência de alta nas taxas registradas na região. Por isso, o Dr. Britaldo Soares Filho avaliou que a implementação das UCs deve ser um dos focos do governo federal. Recursos advindos de programas como o Arpa acabam sendo essenciais para o sucesso da implementação dessas UCs e para a posterior redução do desmatamento.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.

Fonte: Luana Macieira, UFMG. Imagem: Terras indígenas e Unidades de Conservação no bioma da Amazônia com e sem o apoio do Arpa nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Fonte: Britaldo Silveira Soares-Filho et al. via revista ‘Biological Conservation’.

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