Notícia

Preservação focada em estoque de carbono deixa florestas tropicais desprotegidas

Estudo inédito mostra que minimizar aquecimento global não é garantia de manter biodiversidade

Canal Ambiental, Portal T4H

Fonte

UFLA | Universidade Federal de Lavras Projeto Minas Faz Ciência

Data

terça-feira, 25 setembro 2018 11:30

Áreas

Biodiversidade, Clima, Desmatamento, Mudanças Climáticas.

O projeto Minas Faz Ciência destacou um estudo inédito que aborda a relação entre aquecimento global e a manutenção da biodiversidade. A pesquisa conta com a participação de professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) o Dr. Júlio Louzada, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada.

O estudo, que resultou na publicação de um artigo, é parte da produção acadêmica da Rede Amazônia Sustentável. Foram analisadas 39 microbacias do Pará, desde áreas de pastagens até áreas de florestas primárias sem qualquer distúrbio. Os pesquisadores avaliaram a região, durante 18 meses, com medições do conteúdo de carbono e da diversidade de espécies de plantas, pássaros e besouros em 234 áreas. O trabalho mostra que é possível, com uma perda pequena de carbono, conservar 70% de biodiversidade.

Relação biodiversidade e carbono

Durante muitos anos, se pensou que conservar grandes áreas de floresta significaria ter grandes estoques de carbono, portanto, um bom fator minimizador de aquecimento do planeta. De acordo com o professor, a ideia era de conservação da biodiversidade numa relação direta com a conservação de estoque de carbono. O que o estudo publicado recentemente mostra é que essa relação só ocorre até determinado ponto.

“Nas florestas mais conservadas e sem distúrbio essa relação é bem menor que nas florestas secundárias, pois há outros fatores que interferem na biodiversidade, como as interações ecológicas e heterogeneidade microclimática”, afirma.

A lógica de muita biodiversidade é igual a muito carbono só acontece em locais com distúrbios graves, espaços em que ocorreram queimadas ou desmatamento. Em florestas intactas, como a Amazônia, a relação biodiversidade e carbono é bem fraca. Portanto, conforme o professor Louzada, não é somente fazer um plano de conservação da Amazônia mantendo locais com maior estoque de carbono que estará, consequentemente, conservando a biodiversidade.

“A biodiversidade precisa de políticas integradas e paralelas, nem sempre relacionadas a locais como maior estoque de carbono. Não há, atualmente, política de proteção ambiental que una a lógica de estoque de carbono com biodiversidade. Á ideia é que as coisas sejam planejadas de forma mais inteligente”, detalha o pesquisador.

O cultivo de eucaliptos, por exemplo, gera grandes estoques de carbono, mas a árvore não produz fruto e o monocultivo tem baixo valor para a biodiversidade. “No entanto, a gente já conhece iniciativas que podem agregar fixação de carbono na atmosfera usando eucalipto e mantendo a biodiversidade com corredores florestais que interliguem fragmentos de florestas. Existe a possibilidade de manejar a paisagem para que fixe carbono e ao mesmo tempo seja produtiva e tenha valor para biodiversidade”.

Acesse a notícia completa na página Minas Faz Ciência.

Fonte: Ana Carolina Rocha (estagiágia DCOM/UFLA) e Luana Cruz, Minas Faz Ciência.

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