Notícia

Pesquisas com economia circular propõem reaproveitamento de resíduos

Uso da borra de café como fertilizante e da biomassa da agricultura familiar para geração de energia podem ser exemplos de economia circular

Divulgação

Fonte

UFMS | Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Data

sexta-feira, 20 setembro 2019 13:50

Áreas

Gestão de Resíduos.

Enxergar a produção de forma regenerativa é a proposta da economia circular, que seduz cada vez mais pessoas e mercados diante da escassez crescente de recursos naturais renováveis. Nessa linha, o professor Dr. Alexandre Meira de Vasconcelos, do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (PGRN) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), coordena pesquisas que reaproveitam resíduos com fins de desenvolvimento de novos produtos ou incremento de outros existentes.

“[A economia circular] É uma tendência mundial, começou com mais força na Europa, a partir de 2014, quando se descobriu que era necessário mudar os modelos de negócios, desmaterializar produtos e processos, uma vez que os recursos naturais estão mais escassos e o acesso a eles mais difícil”, explica o professor Alexandre.

A grande motivação da economia circular é ter o viés econômico além do ambiental, tornando-a atrativa ao meio empresarial, mas com impacto positivo na preservação do meio ambiente. “Já há cidades na China que utilizam basicamente carros elétricos, o que tem impacto superpositivo no meio ambiente porque a energia elétrica é renovável e o combustível fóssil é deixado de lado. Essa tendência da economia circular vai significar um divisor de água do ponto de vista geopolítico e econômico”, diz o especialista.

Borra de café como fertilizante

Uma das propostas de reutilização é o caso de uso popular da borra de café como insumo na produção. A pesquisa “Aproveitamento da borra de café como fertilizante agrícola”, coordenada pelo professor Alexandre, foi realizada com alunos da graduação de Engenharia de Produção da UFMS, Cintia Satie Fudo e Otávio Augusto Oliveira Marangoni, e teve a parceria de pesquisadores da Universidade Anhanguera, coordenados pela professora Dra. Denise Pedrinho.

“Eles estavam desenvolvendo um trabalho relacionado ao plantio de alface e a mim interessava o aproveitamento de resíduos. Uma recomendação popular é usar a borra de café como fertilizante nas plantas, por isso, fomos experimentar a borra de café nos pés de alface”, explica o professor Alexandre. Os pesquisadores queriam descobrir se havia alguma influência no comprimento radicular (raiz da planta), na germinação e no crescimento. Desenvolveu-se então esse trabalho com a alface nos laboratórios da Universidade Anhanguera e a análise estatística foi feita na UFMS.

O resultado apontou que, dependendo da concentração da borra de café no substrato de plantio, havia sim alteração principalmente no tempo da germinação e no crescimento das plantas. Os pesquisadores não chegaram a verificar se havia alteração nas características físico-químicas, nem no sabor.

Uso da biomassa

O mestrando Carlos Eduardo Borges Junior, do PGRN, estudou o uso de biomassa da agricultura familiar para geração de energia elétrica, por meio de biogás.O estudo foi feito no Assentamento Jiboia, em Sidrolândia, utilizando como biomassa resíduos de evisceração de animais, dejetos de animais em geral (cama de frango, de pocilga e de gado confinado), resíduos orgânicos e esgoto residencial. “A proposta era mensurar essa biomassa, mensurar o potencial de energia e escolher o biodigestor mais adequado para esse local”, explica o mestrando.

Carlos Eduardo identificou que o melhor, considerando todos os cenários, para o Assentamento Jiboia, seria utilizar modelo de biodigestor canadense, de forma a gerar energia para o próprio assentamento ou para algum equipamento público no local como em escola, na cozinha industrial ou na associação de moradores.

O trabalho apontou ainda o ganho que haveria do ponto de vista ambiental com a utilização dessa biomassa. A estimativa é de que o Assentamento, com 238 famílias, teria uma biomassa suficiente para produzir mais de 400 mil metros cúbicos por ano e gerar em torno de 600 megawatts/ano, deixando de emitir mais de 50 mil de toneladas de CO2 anuais.

O cálculo de emissão de CO2 envolve também o impacto sobre a natureza desses dejetos. “Em pequenas propriedades, por exemplo, é comum, após o abate dos animais, quando há sobra de vísceras, o pessoal enterrar, o que contamina solo e traz impactos negativos”, completa Alexandre.

Como é um projeto de alcance social, para implantação do biodigestor o Assentamento precisaria de interferência de políticas públicas, segundo o coordenador. “Não dá para dizer que os proprietários sozinhos irão conseguir fazer porque, além da geração de energia, tem a questão de distribuição de energia. Se você tem um biodigestor centralizado no Assentamento, é preciso ter fiação e poste para distribuição”, conclui Carlos Eduardo.

Acesse a notícia completa na página da UFMS.

Fonte: Paula Pimenta, UFMS. Imagem: Divulgação.

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