Notícia

Pesquisadores mapeiam distribuição de elementos químicos fundamentais para o abastecimento de água potável

terras raras também são considerados contaminantes emergentes

Divulgação

Fonte

Jornal da Unicamp

Data

segunda-feira, 15 julho 2019 14:00

Áreas

Ciência Ambiental, Geociências, Recursos Hídricos, Sustentabilidade.

Terras raras são elementos químicos que ganharam muita importância durante a revolução tecnológica das últimas décadas, com sua introdução em novos materiais para produzir componentes essenciais de itens diversos como celulares, televisores ou painéis solares. Esses elementos ocorrem naturalmente em rochas, solos e águas, em quantidades variáveis, mas quase sempre da ordem de partes por milhão (rochas e solos) e por trilhão (águas). Devido ao seu uso crescente, os elementos terras raras também têm sido adicionados ao ambiente como resultado de atividades antrópicas (humanas). Em sua tese de doutorado, o geólogo Dr. Bruno Cesar Mortatti estudou a distribuição do grupo de terras raras nas sub-bacias dos rios Atibaia e Jaguari, orientado pela professora Dra. Jacinta Enzweiler, no Instituto de Geociências (IG).

Segundo o Dr. Bruno Mortatti, as sub-bacias do Atibaia e do Jaguari estão no contexto maior da bacia do rio Piracicaba e são fundamentais para o abastecimento de água potável para parte da população paulista. “Os rios que alimentam estas sub-bacias são represados e formam os principais reservatórios do sistema Cantareira, que envia aproximadamente 33 metros cúbicos de água por segundo para a Região Metropolitana de São Paulo – dados indicam que 94% desse volume vêm dos rios que são objeto do nosso estudo. Por sua importância para o abastecimento público, quisemos investigar como os elementos terras raras estão distribuídos nos principais tipos de rochas da área e na água dos rios das duas sub-bacias.”

O autor da tese acrescenta que quando as rochas se alteram e se formam solos, a maior parte do conteúdo original de terras raras é retida nas próprias rochas. Já nos rios, esses elementos encontram-se no material em suspensão (muitas vezes proveniente de erosão) e só uma fração pequena está efetivamente dissolvida. “Em estudo anterior orientado pela professora Jacinta, realizado na porção mais à jusante do rio Atibaia, incluindo o seu afluente ribeirão Anhumas, descobriu-se a presença de anomalias de gadolínio (um dos terras raras) devidas à inserção antrópica no ambiente. Justamente para entender as assinaturas à jusante, precisávamos estudar a região à montante, de onde elas vinham. Isso incluía os rios Atibainha e Cachoeira, que formam o Atibaia, bem como os demais rios e os reservatórios que fazem parte do sistema Cantareira.”

Contaminantes emergentes

De acordo com a Dra. Jacinta Enzweiler, os elementos terras raras são assim denominados porque, quando foram descobertos, o seu isolamento e identificação não eram simples e pensava-se também que eram pouco abundantes. No entanto, eles são amplamente disseminados e a quantidade do terra rara mais presente na crosta terrestre, o cério, é aproximadamente a mesma do cobre, elemento com o qual temos mais familiaridade. “Em condições naturais, a transferência dos terras raras das rochas para as águas é diminuta porque a sua solubilidade é muito baixa. Por outro lado, esses elementos podem apresentar comportamentos um pouco diferentes entre si em águas naturais, já que estas com frequência possuem composições (sais dissolvidos e acidez) distintas. Mas, em 1996, um primeiro artigo científico publicado na Alemanha mostrou a presença de anomalias de gadolínio na água de vários rios daquele país, explicadas pelo uso deste elemento como agente para realçar imagens de ressonância magnética.”

O autor da pesquisa acrescenta que, por causa desta introdução recente e crescente no ambiente, os elementos terras raras também são considerados contaminantes emergentes. “Se não forem feitos estudos para monitorá-los, vamos sobrepor essa assinatura provocada pelo homem com a assinatura do próprio ambiente natural, sem distinguirmos umas das outras. Estudos como este da tese servem para conhecer as suas distribuições naturais e obter parâmetros para avaliar se houve ou não adição antrópica.”

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.

Fonte: Luiz Sugimoto, Jornal da Unicamp. Imagem: Divulgação.

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