Notícia
Pesquisadores criam estrutura para avaliar medidas ambientais
Estudo considera os possíveis efeitos de medidas como a geoengenharia solar, que envolve a pulverização de pequenas quantidades de aerossóis reflexivos na estratosfera para refletir a luz solar e diminuir o aquecimento global
Pixabay
Fonte
Universidade da Califórnia em Los Angeles
Data
segunda-feira, 30 março 2020 11:00
Áreas
Geociências. Sustentabilidade. Tecnologias.
O fim das crises ambientais globais, como as mudanças climáticas e a diminuição do número crescente de espécies extintas de vegetais e animais, exigirá soluções radicais que podem levar séculos para serem implementadas. Enquanto isso, as crises estão prejudicando o planeta e o bem-estar humano de maneiras que não podem esperar por soluções perfeitas.
Assim, acadêmicos e outros líderes ambientais estão voltando seu foco para medidas de interrupção, que podem não resolver completamente os maiores problemas maiores, mas podem mitigar os danos causados pelas mudanças climáticas, enquanto soluções mais complexas e de longo prazo são implementadas.
Um novo estudo avalia a eficácia de tais medidas e recomenda uma estrutura para avaliá-las. O estudo foi publicado na revista científica Nature Sustainability, e contou com a participação de acadêmicos e líderes de organizações sem fins lucrativos, incluindo especialistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) em ciência, direito e políticas públicas .
Medidas paliativas ambientais podem incluir a geoengenharia solar – que considera a pulverização de pequenas quantidades de aerossóis reflexivos na estratosfera para refletir a luz solar e desacelerar o aquecimento global – em vez dos processos maiores e mais complexos de mudar a sociedade para ser neutra em carbono e remover o dióxido de carbono da atmosfera.
A história recente oferece exemplos específicos, disse a Dra. Holly Buck, pesquisadora de pós-doutorado da UCLA e autora principal do artigo. Porto Rico optou por soluções rápidas depois que sua rede elétrica foi devastada pelo furacão Maria, usando geradores movidos a gás, enquanto uma infraestrutura permanente era reconstruída.
E em 2019, a empresa Pacific Gas & Electric cortou a eletricidade de mais de 2 milhões de pessoas durante períodos de extremo risco de incêndio na Califórnia, reconhecendo que falhas dos equipamentos estavam ligadas a cinco dos dez incêndios mais destrutivos no estado desde 2015.
O artigo lança luz sobre as implicações sociais das soluções para as mudanças climáticas, onde pesquisas anteriores tendiam a se concentrar principalmente nas perspectivas técnicas e de engenharia das medidas. “Estamos fazendo perguntas sobre quem ganha, quem perde e quem toma as decisões. Isso tornará a discussão mais robusta”, afirma a Dra. Holly Buck.
A estrutura para avaliar as medidas paliativas compreende oito critérios:
- Eficácia em curto prazo
- Riscos e danos
- Os chamados efeitos distributivos – ou seja, quem ganha e quem perde
- Se existe um caminho econômico para uma solução permanente economicamente viável
- Se atuará como uma barreira para soluções futuras
- Como permitirá que as metas de longo prazo sejam atingidas
- Se existe um mecanismo para passar de metas de curto para longo prazo
- Se inclui um processo para avaliar soluções e caminhos de longo prazo
O artigo aplicou essa estrutura às injeções estratosféricas de aerossóis, um tipo de geoengenharia solar que poderia ser usada como paliativo até que o objetivo final de interromper as emissões e remover o dióxido de carbono da atmosfera possa ser alcançado.
Os autores examinaram a abordagem porque é promissora, mas suscitou controvérsia. Testes anteriores mostram que essa medida seria altamente eficaz e apresentaria poucos riscos econômicos e teria bom desempenho se julgada por alguns dos critérios listados no artigo. Mas não está claro se a geoengenharia solar pode colocar em risco comunidades, grupos ou nações com poucos recursos. Além disso, as medidas paliativas geralmente levantam preocupações sobre a possibilidade de criar desincentivos para ações mais urgentes para reduzir as emissões e remover o carbono da atmosfera.
“A verdadeira questão é: quando essas alternativas ambientais se tornam uma desculpa para não avançar? Esse é um perigo claro, mas precisamos discutir isso”, concluiu a Dra, Holly Buck.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UCLA.
Fonte: David Colgan, UCLA. Imagem: Pixabay.
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