Notícia

Pesquisa sobre recicladores em economia solidária recebe prêmio do CNPq

Resultados apontam que coletores aumentaram a renda e a qualidade de vida

Milton Santos

Fonte

UFU | Universidade Federal de Uberlândia

Data

sexta-feira, 27 julho 2018 10:30

Áreas

Educação Ambiental, Gestão Ambiental, Saneamento, Saúde, Sociedade, Sustentabilidade.

Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. A frase do químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794) descreve bem o que acontece com os materiais reciclados que são coletados. Objetos que parecem não ter utilidade para muitos se tornam oportunidade de trabalho para outros. Essa forma de negócio cresceu tanto que surgiram as cooperativas especializadas em reciclagem. Juntos, os coletores realizam um serviço em unidade, com os benefícios de um trabalho formal.

Com o objetivo de compreender o impacto desses empreendimentos econômicos solidários (EES) na trajetória profissional dos seus funcionários, a estudante Camila Maria de Oliveira, juntamente com a professora Márcia Freire de Oliveira, da Faculdade de Gestão e Negócios, da Universidade Federal de Uberlândia (Fagen/UFU), elaborou um projeto de iniciação científica intitulado “A economia solidária como determinante na trajetória profissional de seus participantes: um estudo multicasos no setor de reciclagem de Uberlândia – MG”.

A ideia da pesquisa surgiu logo que Camila entrou na universidade. “No primeiro período, gostei muito do tema que a Márcia trabalhava. Cheguei nela e disse que queria fazer iniciação científica, que gostava muito da área social”, conta a graduanda. Já a reciclagem, foi escolhida pelo fato de a estudante possuir conhecimentos sobre a área. “Quando fiz curso técnico, estudei logística reversa, assim escolhemos e começamos o projeto”, explica.

As etapas

A pesquisa, que teve início em 2017 e durou um ano, foi realizada em duas cooperativas de reciclagem: Cooperativa dos Recicladores de Uberlândia (Coru) e Associação de Coletores de Plástico, PET, PVC e outros Materiais Recicláveis (Acopppmar). O contato com as empresas foi estabelecido por meio da coordenadora do Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (Cieps), Cristiane Betanho, que auxiliou no desenvolvimento do projeto e disponibilizou um veículo para levar a estudante até os locais.

Para começar, foi realizado um levantamento de dados que gerou categorias de análise. Posteriormente, essas informações foram utilizadas para classificar os resultados. Já entre novembro/2017 e janeiro/2018, foi o tempo de ir a campo. Por meio de entrevistas com ex-participantes, participantes atuais e gestores, foi analisada a trajetória de trabalho e como a entrada nesses empreendimentos impactou a vida profissional dos catadores de material para reciclagem. “Conversamos com os participantes e gestores. Procuramos também ex-participantes que já haviam saído desses empreendimentos. Foi a maior dificuldade, pois não tínhamos o contato”, conta Camila.

Com todas as informações em mãos, o próximo passo foi classificá-las. “A ideia que tínhamos era que o ingresso nesses empreendimentos iria proporcionar uma melhora na qualidade de vida, partindo do aumento da geração de renda. Isso se confirmou”, afirma Camila. Os resultados apontaram que os coletores pertencentes a esses empreendimentos conseguiram aumentar a renda de forma significativa, pois, “como eles produzem juntos, conseguem produzir um volume maior de material do que os que trabalham individualmente”, explica. Com o aumento da renda, também cresceu o poder de compra. Muitos conseguiram adquirir casa, automóveis e até investir nos estudos.

Por deixarem o trabalho informal das ruas e se tornarem associados das cooperativas, outros benefícios conquistados foram assistência social, serviços de advocacia, contabilidade e auxílio financeiro. O dado que surpreendeu as pesquisadoras foi em relação à formação dos trabalhadores. “Achávamos que iríamos encontrar somente pessoas que não tinham formação. A maioria tem somente Ensino Fundamental. Havia até analfabeto, mas existem pessoas que concluíram o Ensino Médio e quatro tinham Ensino Superior”, explica Camila.

A premiação

A pesquisa recebeu o 15º Prêmio de Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Inicialmente, o trabalho havia vencido a seleção interna, realizada pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) da UFU, em que são selecionadas pesquisas de todas as áreas do conhecimento. “A gente ficou super feliz de ter sido premiada. Foi uma primeira etapa, com a melhor nota de todas as ICs da UFU”, conta Márcia.

Em seguida, o estudo concorreu com os trabalhos de outras universidades pela premiação do CNPq e também ficou em primeiro lugar. Esta é a primeira vez que a universidade ganha como destaque, com um trabalho de iniciação científica.“Um motivo de muito orgulho. É importante investir na pesquisa. Desde a graduação o aluno pode se envolver, elas [as pesquisas] não estão restritas somente ao mestrado e doutorado”, afirma a professora.

Com a premiação, a estudante recebeu um valor em dinheiro e uma bolsa de mestrado. “O mais importante foi ter ganho a bolsa de mestrado, porque, para mim, foi um grande incentivo, um passo a mais que dei”, conta Camila. A cerimônia de entrega do prêmio será realizada na 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (Sbpc), que ocorrerá na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em julho, com cobertura do Comunica UFU.

Acesse a notícia completa no site da UFU.

Fonte: Natália Spolaor, UFU. Imagem: Milton Santos, divulgação.

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