Notícia

Tecnologia pode ajudar a combater crise alimentar prevista pela FAO

Jovens cientistas formados pela Esalq-USP usam análise genômica e bioinformática para melhorar produtividade no campo

Rodrigo Trevisan

Fonte

Jornal da USP | Universidade de São Paulo

Data

quinta-feira, 26 julho 2018 17:00

Áreas

Agricultura, Ciência Ambiental, Gestão Ambiental, Sustentabilidade, Tecnologias.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou o alerta alguns anos atrás: para alimentar uma população mundial estimada em 9 bilhões de pessoas em 2050, seria necessário duplicar a produção agrícola. Desde então, uma geração de jovens pesquisadores vem se capacitando para produzir mais ocupando menor área, em tempo mais curto e de forma sustentável, mitigando os impactos ambientais. Eles utilizam técnicas de análise genômica e bioinformática para gerar novos cultivares e subsidiar com dados precisos as decisões dos agricultores.

Uma dessas pesquisadoras é a melhorista e geneticista Júlia Silva Morosini, doutoranda no programa de Genética e Melhoramento de Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Ela trabalha com ferramentas como a predição genômica para fazer o melhoramento genético de milho. No segundo semestre, deve realizar uma série de análises focadas em tornar mais eficiente o uso de nitrogênio.

“Na minha pesquisa, temos informações dos marcadores para estimar quanto uma planta ou população vai produzir ou qual será o desempenho de uma dada característica com base em dados moleculares, antes mesmo da planta ir para o campo”, conta Júlia. “Nosso objetivo é selecionar uma planta que seja capaz de demandar a metade do nitrogênio para ter o mesmo rendimento”, completa ela.

Júlia é orientada pelo professor Dr. Roberto Fritsche Neto, do Departamento de Genética da Esalq. O docente coordena o Laboratório de Melhoramento de Plantas Alógamas. As pesquisas do laboratório tem dois objetivos: compreender a genética e o melhoramento de plantas em condições de estresse abiótico – ligado principalmente às condições ambientais – e desenvolver um banco de material genético de milho tropical que seja mais eficiente no uso de nitrogênio.

“Buscamos desenvolver modelos e métodos de predição genética, os quais irão auxiliar no desenvolvimento de cultivares mais adaptados (produtivos e estáveis) aos ambientes atuais e futuros. Consequentemente, aumentar seguridade alimentar e reduzir custos de produção”, detalha Fritsche Neto.

Inovações já são realidade?

Para trabalhar com informações na escala da planta, é essencial possuir equipamentos e contar com a ajuda da bioinformática. A produção científica registra ganhos sensíveis com o investimento em tecnologia. “Como um experimento ocupa uma grande área, o trabalho que antes era realizado por oito pesquisadores aqui do laboratório, durante uma semana, hoje resolvemos com o drone em apenas uma tarde. E o resultado obtido não é subjetivo, pelo contrário”, diz a geneticista Júlia.

Segundo o engenheiro agrônomo Rodrigo Gonçalves Trevisan, da Esalq, tecnologias de melhoramento genético como a fenotipagem de alto rendimento já são o presente em pesquisas envolvendo culturas de alto valor agregado, a exemplo dos citros, do café e do milho. Ele entende que há oportunidades para o desenvolvimento de novas ferramentas que atendam a demanda de individualização por planta. Entretanto, a transferência de tecnologia ao campo ainda é um obstáculo a ser vencido.

A produção em 2050

Os jovens cientistas da Esalq divergem quando o assunto são suas previsões a respeito do desafio colocado pela FAO: será possível alimentar toda a população mundial em 2050?

Trevisan acredita que as novidades tecnológicas nos campos da geração de energia, do melhoramento genético e do manejo não apenas serão capazes de garantia a segurança alimentar de 9 bilhões de pessoas em 2050, como também trarão alimentos com melhor qualidade nutricional. “Eu acredito que com o tipo de tecnologia que hoje estamos desenvolvendo, tão disruptiva, permite projetar um cenário de expansão exponencial da produção agrícola. Ao invés de pensarmos em um aumento de 5% a cada ano, quem sabe podemos imaginar dobrar a cada ano ou algo nessa dimensão”, projeta o engenheiro agrônomo.

Acesse a notícia completa no site da USP.

Fonte: Redação Jornal da USP (Caio Albuquerque/Divisão de Comunicação da Esalq). Imagem: Rodrigo Trevisan, Esalq-USP.

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