Notícia

Pesquisa indica que poluentes presentes em resíduos plásticos no ambiente marinho pode levar à contaminação crônica de espécies animais

Artigo sobre poluentes orgânicos persistentes (POPs), aderidos em pellets coletados no litoral do Paraná

Alexander Turra, IOUSP

Fonte

UFPR | Universidade Federal do Paraná

Data

quarta-feira, 13 março 2019 15:00

Áreas

Gestão Ambiental, Gestão de Resíduos, Sustentabilidade.

Pesquisa aponta que, além do problema da ingestão de plástico por animais marinhos, há uma complicação que pode se tornar ainda mais preocupante: os poluentes persistentes que estão aderidos a esse material e são liberados para aqueles que os ingerem. O trabalho de pesquisa foi realizado pelo professor do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Dr. César de Castro Martins, em conjunto com pesquisadores de Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e publicado na revista científica Chemosphere em um artigo sobre poluentes orgânicos persistentes (POPs), aderidos em pellets coletados no litoral do Paraná.

O Dr. Martins explica que pellets são grânulos (pequenas bolinhas) de plástico utilizados como matéria-prima das resinas plásticas comercializadas. Esse material é considerado um vetor para o transporte e para o acúmulo de poluentes orgânicos persistentes dispersos em ambientes costeiros e marinhos.

O estudo determinou a concentração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e bifenilos policlorados (PCBs) associados aos grânulos plásticos coletados em um trecho de 39 quilômetros do litoral paranaense, região que compreende principalmente praias oceânicas expostas, para entender a dinâmica espacial e o risco potencial representado por esses poluentes. A avaliação apontou que as concentrações totais de HPA excederam o nível de efeito limiar estabelecido para sedimentos e definido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. É uma análise que destaca o desafio de ligar diretamente a poluição microplástica com os potenciais efeitos toxicológicos de POPs em águas costeiras.

“A absorção de compostos orgânicos por organismos aquáticos e marinhos que consomem resíduos plásticos pode levar a uma série de efeitos crônicos e letais, incluindo danos ao sistema nervoso central, desregulação endócrina, câncer e comprometimento reprodutivo”, relata o pesquisador. Há, ainda, evidências de que esses materiais podem ter efeitos sobre a saúde humana por meio do consumo de frutos do mar contaminados por estes poluentes.

Segundo o estudo, o monitoramento da concentração e composição molecular de poluentes associados a microplásticos pode fornecer informações sobre as origens prováveis, a persistência e os efeitos toxicológicos desses materiais no ambiente marinho, já que uma variedade de fatores pode influenciar a capacidade dos microplásticos em absorver contaminantes orgânicos do meio ambiente.

A pesquisa indica que os gradientes de contaminação podem não ser lineares, mas governados por aportes específicos de pellets e fontes locais de poluição, podendo haver disparidade marcada entre as entradas de detritos plásticos e seu potencial de causar danos ambientais. Desta forma, as partículas mais antigas transportadas de regiões distantes, tendo sofrido maior desgaste e decomposição, podem ser mais propensas a acumular contaminantes orgânicos, representando um risco maior do que aquelas originadas localmente.

Por isso, os programas de monitoramento desempenham papel fundamental à medida que podem considerar tanto a fonte de pellets, como o seu tempo de exposição no ambiente e a concentração e composição molecular dos POPs associados. Para os autores, é essencial que mais pesquisas envolvendo modelagem hidrodinâmica sejam realizadas para estabelecer ligações mais conclusivas entre as fontes e prováveis efeitos toxicológicos de detritos plásticos no meio ambiente, principalmente em regiões de intensa atividade portuária, como o litoral paranaense.

Acesse a notícia na página da UFPR.

Fonte: Superintendência de Comunicação Social, UFPR.  Imagem: Alexander Turra, IOUSP – divulgação.

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