Notícia

Os desafios para a conservação das cangas da Amazônia

Pesquisadores compararam flora de Minas Gerais e do Pará e encontraram importantes diferenças; objetivo é orientar formulação de políticas de preservação

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Fonte

Agência UFC

Data

quarta-feira, 11 dezembro 2019 10:45

Áreas

Biodiversidade. Conservação.

Um estudo da Universidade Federal do Ceará (UFC), produzido em parceria com pesquisadores do Pará e do Reino Unido, considerou um ecossistema vítima de uma contradição: os campos rupestres sobre cangas ferrugíneas, que, apesar de abrigarem milhares de diferentes espécies e formações geoambientais, estão entre os afloramentos que mais sofrem com as ameaças de degradação, por serem alvo de interesse da atividade mineradora.

Também conhecidas como ilhas de ferro, as cangas são formadas principalmente por rochas ferruginosas. A pesquisa, feita no âmbito do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), analisou e comparou a ocorrência desses sistemas na região da serra dos Carajás, no Pará (contexto amazônico), e no Sudeste do Brasil, considerando os afloramentos da serra do Espinhaço, em Minas Gerais.

O principal objetivo foi estudar a biogeografia dos ecossistemas, algo necessário para a formulação de políticas de preservação. Tanto as regiões de cangas em Carajás quanto no Sudeste brasileiro são representações dos chamados campos rupestres, mas foi constatada uma diferença substancial na composição de espécies das duas regiões, o que alerta para a necessidade de criação de políticas específicas para cada um deles.

A heterogeneidade e a diversidade de espécies vegetais já eram uma característica conhecida dos campos rupestres de Minas Gerais, ou seja, as próprias comunidades florísticas em Minas são diversas entre si, com uma grande quantidade de espécies únicas para cada comunidade. O estudo conseguiu mostrar, entretanto, uma diferença ainda maior quando fez a comparação com os sítios da Amazônia.

Por exemplo, de 801 angiospermas (grupo de plantas com flores, analisadas pelos pesquisadores) encontradas em Carajás e incluídas nas análises, apenas 74 eram compartilhadas com as cangas de Minas Gerais, que apresentou um total de 974 espécies.

“Assim, não há um único grupo de espécies típicas das cangas, mas, sim, comunidades vegetais muito diferentes entre as cangas da Amazônia e do Sudeste do Brasil”, diz o professor Dr. Marcelo Moro, responsável pela pesquisa no LABOMAR.

Conservação

Uma consequência prática dos apontamentos feitos por esses dados é o tipo de planejamento de preservação para os locais. Uma vez que há tanta heterogeneidade, tanto entre diferentes sítios da mesma região quanto entre as regiões (Carajás e Espinhaço), a conservação de apenas pequenas porções de cada local não seria algo efetivo para a conservação da biodiversidade total dos ecossistemas.

“Nós mostramos no trabalho que a composição de espécies nas comunidades vegetais do Pará e de Minas é muito diferente entre si e, por isso, uma política de conservação teria de levar em conta essas diferenças, protegendo partes representativas do ambiente tanto na Amazônia quanto no Sudeste do Brasil”, explica o Dr. Marcelo Moro.

Um exemplo recente de política de preservação é a criação do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Estabelecido em 2017, o parque proíbe mineração em parte do ecossistema dos Carajás, porém, compreende apenas duas serras da região (Tarzana e Bocaina), abrangência insuficiente para a conservação de toda a biodiversidade, já que outros sítios trazem ocorrência de espécies não encontradas nessas duas serras.

Além disso, o estudo mostra que as duas serras recentemente protegidas são mais similares entre si, do ponto de vista de variedade de espécie, do que de outras serras da região, como a Norte e a Sul, ambas ameaçadas pela expansão da atividade mineradora. Uma proteção à biodiversidade completa deveria contemplar, portanto, também esses dois locais.

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Kevin Alencar, Agência UFC. Imagem: Afloramentos da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Fonte: Flickr.

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