Notícia

O perigo da fragmentação de habitats para a biodiversidade

Polêmica em ecologia de paisagens levou um grupo de aproximadamente 70 pesquisadores  a publicar um artigo contestativo na revista científica “Biological Conservation”

Professor Dr. Mauricio de Almeida Gomes

Fonte

UFMS | Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Data

quinta-feira, 12 março 2020 10:15

Áreas

Biodiversidade. Biologia. Ecologia.

É prematuro e inseguro sustentar a afirmativa que somente a quantidade total de habitats em uma determinada área importa para a manutenção da biodiversidade local, sendo indiferente o percentual de fragmentações (subdivisões).

Essa é a grande polêmica em ecologia de paisagens e que levou um grupo de aproximadamente 70 pesquisadores – entre eles o professor Dr. Mauricio de Almeida Gomes, do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a publicar na revista científica Biological Conservation o artigo contestativo “Indirect effects of habitat loss via habitat fragmentation: A cross-taxa analysis of forest-dependent species” (Efeitos indiretos da perda de habitat via fragmentação do habitat – uma análise multitaxonômica de espécies dependentes de florestas).

Na verdade, a configuração também importa, segundo os pesquisadores. ‘Mostramos no resultado do trabalho que a fragmentação afeta a riqueza de espécies florestais, para vários grupos – anfíbios, mamíferos, aves, plantas. Fizemos uma análise para a Mata Atlântica inteira, e sim, a fragmentação tem efeitos negativos pelo que chamamos de efeito de borda”, explica o professor Mauricio.

Efeitos de borda seriam as alterações ocasionadas na borda de um ambiente, geralmente provocando redução da umidade, aumento de temperatura, mudança de composição de espécies, redução dos tamanhos das populações, uma série de alterações físico-químicas e biológicas que afetam os animais que vivem nessas manchas, especialmente os mais sensíveis.

Tudo isso gera um efeito cascata, pois com a redução dos habitats, muitas espécies se tornam mais suscetíveis às extinções locais, já que as populações espalhadas podem não ter conexão entre si, por não existir fluxo biológico entre elas, e isso leva, ao longo do tempo a menor recolonizarão pela dificuldade de atravessarem a matriz, que são as áreas entre as manchas de habitats. Dessa forma, ocorre a redução de variabilidade genética, com aumento de chances de endocruzamento.

Ao ficarem isoladas, as populações ficam mais sujeitas às extinções estocásticas, segundo o professor. Se ocorre um incêndio ou uma doença, e a população é grande, perde-se alguns indivíduos, mas a população continuará lá. Mas numa mancha pequena, as populações também são menores, então dependendo do fenômeno, a população pode desaparecer e não ser recolonizada, porque não tem como outros indivíduos da espécie chegarem.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFMS.

Fonte: Paula Pimenta, UFMS. Imagem: Professor Dr. Mauricio de Almeida Gomes.

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