Notícia

Modelagem do clima ártico muito conservadora: pesquisadores argumentam que a taxa de aquecimento será muito mais rápida

Fonte

Universidade de Gotemburgo

Data

quarta-feira, 15 março 2023 06:30

Áreas

Ciência Ambiental. Clima. Geociências. Geografia. Modelagem Climática. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Sensoriamento Remoto.

Devido à cobertura de gelo marinho do Ártico e seu clima rigoroso, relativamente poucas observações são feitas naquela parte do mundo. Isso significa que os modelos climáticos usados para projetar o futuro do Ártico não foram calibrados da mesma forma que em outras partes do mundo.

Dois estudos científicos recentes envolvendo pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, compararam os resultados dos modelos climáticos com observações reais. Eles concluíram que o aquecimento do Oceano Ártico ocorrerá em um ritmo muito mais rápido do que o projetado pelos modelos climáticos.

Modelos subestimam as consequências

“Esses modelos climáticos subestimam as consequências das mudanças climáticas. Na realidade, as águas relativamente quentes nas regiões árticas são ainda mais quentes e mais próximas do gelo marinho. Consequentemente, acreditamos que o gelo marinho do Ártico derreterá mais rápido do que o projetado”, explicou a Dra. Céline Heuzé, climatologista da Universidade de Gotemburgo e principal autora de um dos estudos.

A água quente flui para o Oceano Ártico através do Estreito de Fram entre a Groenlândia e Svalbard. No entanto, o volume de água nessas correntes oceânicas e sua temperatura nos modelos climáticos são muito baixos, o que é uma das razões pelas quais as projeções dos modelos climáticos não serão precisas. Até a estratificação do Oceano Ártico está incorreta. Os pesquisadores argumentam que, como aproximadamente metade dos modelos projeta um aumento e a outra metade uma diminuição na estratificação, as consequências do aquecimento global não podem ser estimadas com precisão.

Aquisição de dados concretos deve ser priorizada

“Esta é uma situação grave. Se governos e organizações de todo o mundo vão confiar nesses modelos climáticos, eles devem ser aprimorados. É por isso que a pesquisa e a aquisição de dados no oceano Ártico devem ser priorizadas. No momento, não podemos fornecer uma previsão útil da rapidez com que o gelo marinho do Ártico está derretendo”, explicou a  Dra. Céline Heuzé.

O Ártico é uma região importante para projetar qual será a intensidade futura do aquecimento global. Seu gelo marinho contribui com um efeito albedo – uma superfície branca que reflete a luz do sol para longe do planeta. Se o gelo desaparecesse, mais radiação solar atingiria a Terra.

“Precisamos de um modelo climático adaptado ao Ártico. Em geral, não dá para usar o mesmo modelo para todo o planeta, pois as condições variam consideravelmente. Uma ideia melhor seria criar um modelo específico para o Ártico que considere corretamente os processos que ocorrem no Oceano Ártico e nas áreas terrestres circundantes”, concluiu a Dra. Céline Heuzé.

Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Climate.

Acesse o resumo do primeiro artigo científico (em inglês).

Acesse o segundo artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Gotemburgo (em inglês).

Fonte: Olof Lönnehed, Universidade de Gotemburgo. Imagem: Dra. Céline Heuzé.