Notícia

Descobertas duas novas espécies de leveduras da Amazônia com potencial para diversas aplicações biotecnológicas

Quatro isolados (colônias puras) de espécies de Spathaspora (dois de cada espécie inédita) foram recuperados de madeira em decomposição coletada em biomas da Amazônia brasileira

Divulgação, UFMG

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

sábado, 18 março 2023 11:10

Áreas

Biodiversidade. Biologia. Biotecnologia. Ecologia. Microbiologia. Química Verde. Recursos Naturais. Tecnologias.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com colegas da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e da Universidade de Western Ontario, no Canadá, descobriram duas novas espécies da levedura Spathaspora em biomas da Amazônia brasileira.

Spathaspora brunopereirae sp. nov. e a Spathaspora domphillipsii sp. nov. foram nomeadas em homenagem ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista Dom Phillips, assassinados em junho de 2022, no Vale do Javari, extremo-oeste do Amazonas. As novas espécies e suas aplicações potenciais foram apresentadas em artigo publicado na revista científica International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology.

De acordo com o microbiologista e professor Dr. Carlos Augusto Rosa, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Leveduras (INCT Leveduras) e orientador das pesquisas que resultaram no artigo, quatro isolados (colônias puras) de espécies de Spathaspora (dois de cada espécie inédita) foram recuperados de madeira em decomposição coletada em biomas da Amazônia brasileira. “Dois deles foram obtidos em diferentes locais da floresta amazônica, no estado do Pará, e os outros dois, em uma região de transição, entre a floresta e o ecossistema do Cerrado, no estado de Tocantins”, destacou o professor Carlos Rosa. O sequenciamento e a análise das amostras foram realizados no Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Fungos do ICB-UFMG.

Os testes mostraram que ambas as espécies são capazes de converter d-xilose em etanol e também em xilitol, um tipo de adoçante natural que pode ser usado por diabéticos. “Isso significa que esses microrganismos têm características com diversas aplicações biotecnológicas, entre as quais está a produção de xilitol e de combustível”, explicou o pesquisador. A produção de xilitol e bioetanol tendo como base a xilose, oriunda de resíduos vegetais, por exemplo, requer conhecimento tanto das condições experimentais quanto das enzimas responsáveis pelo metabolismo desse açúcar, cujo nome vem do grego (xylon significa madeira).

Diversidade pouco explorada

Há 15 anos, o grupo de pesquisa do professor Carlos Rosa coleta leveduras de biomas de floresta amazônica nos estados do Amazonas, Pará e Tocantins. Também foram estudados a Mata Atlântica e o Cerrado. O objetivo central do projeto é determinar a biodiversidade desses organismos em biomas brasileiros e descobrir novas espécies e aquelas de interesse biotecnológico. O bioetanol pode ser produzido com hidrolisados hemicelulósicos obtidos de resíduos vegetais, como casca e sementes de cupuaçu, casca de arroz, palha de milho e bagaço de cana de açúcar.

Os cientistas destacam o fato de que a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, representa 40% das florestas tropicais remanescentes e responde por 10% da biodiversidade conhecida do planeta. “Mas, apesar disso, esse bioma continua sofrendo com as mudanças climáticas, desmatamento e queimadas”, salientou o Dr. Carlos Rosa. Ele chama a atenção para o fato de que a riquíssima biodiversidade microbiana da região ainda é pouco explorada no Brasil como fonte de inovações biotecnológicas. “Nos trabalhos realizados na região sobre biodiversidade de leveduras, geralmente de 30% a 50% das espécies encontradas desses microrganismos são novas para a ciência”, informou o professor.

“Daí a importância das pesquisas nessa área e também dos esforços de Bruno e Dom para preservar o bioma da região”, destacou o professor Carlos Rosa. Ainda segundo o cientista, batizar as duas novas espécies com os nomes deles “é reconhecer, valorizar e homenagear a dupla pelo trabalho em defesa do meio ambiente”.

O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Conselho de Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia do Canadá (NSERC).

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.

Fonte: Dayse Lacerda, Assessoria de Comunicação do ICB-UFMG. Imagem: amostras de leveduras foram coletadas de troncos em decomposição. Fonte: Divulgação, UFMG.

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