Notícia

Grupo de Pesquisa em Física Ambiental investiga dinâmica do CO2 no Pantanal

O Pantanal tem historicamente cultivo e criações de gado que também alteram a dinâmica do CO2 e do metano

Divulgação

Fonte

UFMS | Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Data

segunda-feira, 17 junho 2019 10:45

Áreas

Agropecuária, Clima, Monitoramento Ambiental, Mudanças Climáticas.

Dotado de condições climáticas antagônicas que passeiam pela água e pela seca, o Pantanal respira e retorna ao ecossistema pelo modo como é impactado, visto que períodos mais longos das variabilidades hidrológicas podem modificar o padrão da troca de gás carbônico (CO2) entre o Sistema Solo-Planta-Atmosfera.

Entender esse padrão, especialmente em um cenário de períodos maiores de seca, e descobrir se esses impactos podem tornar o Pantanal um emissor de carbono para a atmosfera foi o desafio, em projeto pioneiro no Mato Grosso do Sul, assumido pelo professor Dr. Thiago Rangel Rodrigues e pesquisadores do Laboratório de Ciências Atmosféricas (LCA) do Instituto de Física da UFMS, em parceria com o Grupo de Física e Meio Ambiente da UFMT.

“Existe uma variabilidade climática, seja ela de ordem natural ou de ordem antrópica, que influencia nos ecossistemas naturais. Temos a grande satisfação de ter aqui no estado a maior planície alagada do mundo. Então é nosso dever entender esse ecossistema e poder dar alguma resposta para todos os que estão inseridos nesse bioma”, afirma o professor Thiago.

Mas esse processo pode ser modificado frente as variabilidades climáticas, porque o aumento da temperatura tem ligação direta com a dinâmica da fotossíntese.

“Algo diferente que ocorre no Pantanal é o alagamento, que não existe nos outros ecossistemas. Qualquer mudança nesse regime de cheia irá modificar a dinâmica da evapotranspiração do ecossistema, a dinâmica do CO2 do ecossistema, ou seja, quanto captura e emite desse gás. Sabemos que um bioma que é sumidouro de gás carbônico, ou seja, captura mais do que libera, pode via a se tornar um emissor”.

É o que ocorre na Amazônia quando há, em períodos longos de seca, uma grande mortalidade de árvores, o que provoca maior emissão de CO2 para a atmosfera. “Existem variações normais, ciclos, isso acontece naturalmente, mas se começa a acontecer com mais frequência, precisamos entender como funciona essa dinâmica de CO2 nos ecossistemas naturais”, completa o professor.

Essa realidade já está sendo apontada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas (ONU). “A tendência, frente aos modelos desenvolvidos pelo IPCC, é que em regiões como o Centro-Oeste brasileiro, os períodos de seca se tornem mais longos, influenciando no balanço de energia e matéria entre a superfície e a atmosfera, conforme estudos publicados na Revista Nature”.

O Pantanal tem historicamente cultivo e criações de gado que também alteram a dinâmica do CO2 e do metano, esse último gás bastante emitido em áreas alagadas, sendo um dos responsáveis pela ocorrência do efeito estufa.

“Precisamos entender alguns cenários – por exemplo, pegar um período de seca um pouco maior e ver se haverá diferença nesses estoques ou emissão de carbono para a atmosfera. O meu projeto, para os próximos cinco anos, é entender qual a influência de grandes períodos de seca nessa dinâmica do CO2 e da água entre a superfície e a atmosfera”, explica o pesquisador.

Historicamente, o Pantanal passa pelos meses de enchente, cheia, vazante e seca, com períodos de transição entre eles. Com apoio dos estudos já realizados na parte norte do bioma, pelo Grupo da UFMT, será possível fazer o cruzamento dos dados que permitirão inferências sobre a extensão das variáveis capturadas.

“É importante frisar o papel do ser humano dentro de um bioma. Quando alteramos a superfície mudamos completamente a dinâmica da temperatura, da umidade. Ao retirar uma pastagem natural, e construir uma cidade, por exemplo, o microclima será totalmente diferente do que era anteriormente. Chega a mesma quantidade de radiação, porém ela é dividida de uma forma diferente. A temperatura aumenta, 4 a 5 graus a mais de um lugar onde não houve a derrubada da vegetação”, lembra o Dr. Thiago.

Acesse a notícia completa na página da UFMS.

Fonte: Paula Pimenta, UFMS. Imagem: Divulgação.

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