Notícia

Exame de DNA revela captura de peixes ameaçados de extinção

Estudo mostra impacto da pesca acidental mesmo quando realizada em pequena escala

Pixabay

Fonte

Agência FAPESP

Data

quinta-feira, 11 julho 2019 10:20

Áreas

Biodiversidade, Conservação, Gestão Ambiental.

Com baixo valor comercial, as raias são frequentemente capturadas em grande quantidade ao ficarem presas, acidentalmente, nas redes de pescadores que buscam outras espécies mais valorizadas. Embora involuntária, um novo estudo indica o impacto da pesca de raias na biodiversidade marinha.

Análises genéticas de 228 raias capturadas por pescadores artesanais e por pequenos barcos industriais no Sudeste do Brasil entre 2012 e 2018 mostram que 101 faziam parte de lista de espécies globalmente ameaçadas de extinção e 131 têm a pesca e comercialização proibidas no país.

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), foi publicado na revista científica Genes.

O trabalho alerta para a necessidade de uma fiscalização mais efetiva da atividade pesqueira no Brasil e demonstra o potencial da aplicação de técnicas genéticas para realizar estatísticas pesqueiras mais precisas e de maior qualidade.

Uma vez que muitas espécies são bastante semelhantes entre si ou que são retalhadas ou processadas pelos pescadores antes do desembarque, torna-se impossível fazer a identificação precisa do que é pescado apenas pelas características externas dos animais.

“As raias são animais bastante negligenciados em termos de pesquisa e os poucos trabalhos produzidos mostram a fragilidade dessas populações. Além disso, quase não há fiscalização da pesca e as fraudes ocorrem com bastante frequência”, disse Dr. Fernando Fernandes Mendonça, professor do Instituto do Mar da Unifesp e coordenador do estudo.

O material foi colhido e as análises realizadas como parte de um projeto apoiado pela FAPESP. O objetivo foi criar um banco genético de elasmobrânquios do Brasil, grupo de peixes composto por raias e tubarões. “Fomos além e hoje temos amostras praticamente do mundo inteiro”, disse Mendonça.

 

No mundo, pelo menos 90% das espécies de elasmobrânquios estão na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), índice que é referência global no assunto.

Para identificar as espécies capturadas, os pesquisadores utilizaram o protocolo de código de barras de DNA (DNA barcoding). Trata-se do sequenciamento do gene mitocondrial Citrocromo C Oxidase I (COI), padrão para identificação de espécies animais. As sequências geradas pela pesquisa foram então comparadas com as depositadas em um banco de dados genéticos on-line, o Barcode of Life Database (BOLD).

 

Para os pesquisadores, os resultados mostram a necessidade de uma fiscalização mais efetiva e a retomada de estatísticas pesqueiras, utilizando técnicas modernas que permitam saber o que está sendo retirado e em que quantidade dos mares brasileiros.

Os autores propõem que ferramentas genéticas de menor custo, como o PCR (reação em cadeia da polimerase) multiplex, PCR em tempo real (qPCR) ou mesmo metodologias de nova geração, como o metabarcoding, possam ser usadas para fazer análises em algumas amostragens nos desembarques de frotas industriais e mesmo artesanais no litoral. Com isso, seria possível conhecer melhor o impacto da pesca, melhorar a qualidade das estatísticas pesqueiras e fomentar a elaboração de planos de manejo mais precisos e bem fundamentados.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: André Julião,  Agência FAPESP. Imagem: Pixabay.

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