Notícia

Eucalipto pode afetar biodiversidade de florestas do entorno de plantações

Segundo a pesquisa, plantios de eucalipto podem afetar a biodiversidade em florestas preservadas do entorno de plantações em até 800 metros

ekaterinvor via Pixabay

Fonte

Ufopa | Universidade Federal do Oeste do Pará

Data

sexta-feira, 10 junho 2022 11:20

Áreas

Conservação. Desmatamento. Ecologia. Engenharia Florestal. Monitoramento Ambiental.

Preocupados com os efeitos que o plantio de espécies de árvores exóticas, isto é, plantas não nativas como o eucalipto (Eucalyptus), podem provocar em florestas nativas presentes no entorno dessas plantações, cientistas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Universidade de Bristol, no Reino Unido, publicaram um estudo mostrando como florestas plantadas com este tipo de árvore, na região do Jari, no estado do Pará, podem influenciar a biodiversidade de florestas nativas e preservadas próximas a esses plantios. As espécies florestais exóticas podem provocar o que os ecólogos denominam efeito de borda, que são alterações que se concentram nas extremidades dos fragmentos de floresta, deixando-os expostos ao clima, parasitas e outros fatores biológicos e químicos que influenciam de forma negativa a vida das plantas. O estudo foi publicado na revista científica Forest Ecology and Management.

Utilizando os besouros rola-bosta, espécie que apresenta papel fundamental nas florestas tropicais, a pesquisa revelou que os efeitos de borda, causados pelas plantações de eucalipto, podem alcançar até 800 metros para o interior das florestas nativas próximas a esses plantios.

A influência desses efeitos, provocados pelo desmatamento e o manejo florestal madeireiro sobre as árvores, vem sendo investigada há décadas. No entanto, pouco se sabia sobre o impacto das plantações de árvores exóticas sobre as comunidades da fauna, que habitam ecossistemas nativos e próximos dessas florestas plantadas.

Coleta

Para preencher essa lacuna de conhecimento, os cientistas coletaram cerca de 3.700 indivíduos de 49 espécies de besouros rola-bosta em florestas na região do Jari, Pará. A região foi escolhida porque faz parte de um Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD Jari) em que diversas pesquisas vêm sendo realizadas. Os pontos de coleta foram estabelecidos em diferentes distâncias dos plantios de Eucalyptus. Eles também mediram outros fatores que poderiam influenciar os besouros, tais como: quantidade de areia no solo; abertura da copa das árvores; e quantidade de folhas acumuladas no chão da floresta.

“Nossos resultados trazem novas perspectivas e fazem um alerta sobre a expansão dos plantios de espécies florestais exóticas na Amazônia, como o eucalipto e o dendê, ao demonstrar o seu potencial efeito nas populações de besouros habitando florestas nativas adjacentes”, explicou o Dr. Filipe França, professor e pesquisador da Universidade de Bristol e coautor da pesquisa.

Respostas dos besouros ao distúrbio

A pesquisa demonstrou que os efeitos de borda das plantações exóticas sobre a biodiversidade das florestas nativas variaram entre as espécies e tipos de métricas monitoradas. “As respostas dos besouros rola-bosta frente aos efeitos de borda dependeram das espécies investigadas. Por exemplo, encontramos maior quantidade de espécies sensíveis ao distúrbio distante das plantações de eucalipto, enquanto algumas espécies oportunistas aumentaram suas populações na proximidade das florestas plantadas”, ressaltou Maria Katiane Costa, ex-aluna do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade da Ufopa e líder do estudo.

Os resultados também são importantes para a tomada de decisão e práticas de conservação na Amazônia. “Compreender as respostas de várias espécies a distúrbios antropogênicos é crucial para enfrentar a atual crise de biodiversidade e nossas descobertas são fundamentais para gestores florestais e estratégias de conservação que visam manter a biodiversidade em ecossistemas nativos da região tropical”, explicou o Dr. Rodrigo Fadini, coautor da pesquisa e professor da Ufopa.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Oeste do Pará.

Fonte: Talita Baena, Comunicação/Ufopa. Imagem: ekaterinvor via Pixabay.

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