Notícia

Estudo feito no Pantanal e na Amazônia investiga papel dos peixes na recuperação florestal

Regenerando florestas debaixo d’água

Raul Costa-Pereira

Fonte

UNESP | Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Data

segunda-feira, 4 junho 2018 12:00

Áreas

Agricultura, Biodiversidade, Conservação, Recursos Naturais

Entender o papel de peixes grandes na dispersão de sementes em florestas inundadas. Esse foi o desafio de pesquisas realizadas pelo doutorando do Instituto de Biociências da Unesp em Rio Claro, Raul Costa-Pereira e publicadas na forma de dois artigos nas revistas Biotropica e na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Realizadas em áreas inundadas do Pantanal Sul-Matogrossense e em diferentes áreas da Amazônia brasileira e peruana, o estudo analisou interações entre peixes e frutos. O trabalho foi amparado em literaturas já disponíveis e com apoio dos pesquisadores Dr. Mauro Galetti da Unesp em Rio Claro, Dra. Sandra Bibiana Correa, da Mississipi State University e outros da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

“Já sabíamos por estudos anteriores que muitas espécies de peixes tropicais consomem uma diversidade tremenda de frutos. As sementes desses frutos muitas vezes são defecadas intactas pelos peixes, as quais podem dar origem a novas plantas e contribuir assim para a regeneração natural da floresta. Porém, ainda sabemos pouco sobre como a qualidade desse serviço ecossistêmico de dispersão de sementes é afetada por diferenças de tamanho entre peixes, o que é uma pergunta importante, porque peixes gigantes estão sumindo dos rios devido à pressão histórica de sobrepesca”, relata o pesquisador.

Ainda de acordo com Raul, foram estudados os tambaquis amazônicos grandes, que podem chegar a um metro de comprimento e pesar 40 kgs, até pequenas espécies de lambaris que consomem pequenos frutos nas planícies inundadas do Pantanal.

“Nossa pesquisa tem focado primariamente no tambaqui (Colossoma macropomum), um peixe frugívoro que consome mais de 100 espécies de frutos nas florestas inundadas da Amazônia e que figura na lista brasileira de espécies sobreexplotadas. Além do tambaqui, temos estudado outras espécies de peixes que comem frutos e dispersam sementes nas savanas inundadas do Pantanal, como o pacu e a sardinha-de-água-doce, e nas florestas de várzea da Amazônia, como a pirapitinga e a matrinxã”.

Resultados dos estudos

De modo geral, esses dois artigos destacam que peixes grandes são de fato melhores dispersores de sementes, porque conseguem consumir maior quantidade e diversidade defrutos e sementes e conseguem defecar muitas sementes intactas capazes de germinar. Por consequência, as interações mutualísticas entre peixes e frutos, as quais são fundamentais para a regeneração natural de florestas tropicais inundáveis, se encontram ameaçadas pela sobrepesca que remove massivamente os maiores peixes dos rios em ritmo preocupante.

Segundo Raul, existem medidas relevantes a serem tomadas. “Um controle mais rígido e efetivo em relação à pesca predatória e a sobreexploração de espécies de peixes frugívoros é fundamental para manter as dinâmicas de regeneração natural em florestas inundadas tropicais. Além disso, é preciso ressaltar que o desmatamento de áreas inundáveis, bem como a construção de usinas hidrelétricas podem quebrar a importante ligação ecológica entre peixes e frutos”, finaliza.

Os estudos também mostraram que mais de 600 espécies de plantas têm suas sementes dispersadas por peixes nas planícies inundáveis da América do Sul. E certamente esse número ainda está subestimado. Em geral, espécies de plantas que tem suas sementes dispersadas por peixes ocorrem em áreas sazonalmente alagáveis ou nas matas ripárias de rios e riachos, e comumente frutificam durante a estação de chuvas, quando a floresta está inundada e densamente habitada por peixes famintos por frutos carnosos.

Acesse o conteúdo completo no site da UNESP.

Fonte: Renato Coelho, UNESP. Imagem: Raul Costa-Pereira, Divulgação.

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