Notícia

Em Portugal, pesquisadora prevê impacto das alterações climáticas na mortalidade em curto e longo prazo

Estudo identificou os grupos etários em risco no âmbito do impacto das alterações climáticas sobre as doenças do aparelho circulatório, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto

Bruno Martins via Unsplash

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

sexta-feira, 1 abril 2022 10:55

Áreas

Modelagem Climática. Mudanças Climáticas. Saúde. Sociedade.

Um estudo realizado por Mónica Rodrigues, pesquisadora no Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Coimbra, em Portugal, projetou o impacto das alterações climáticas na mortalidade em Portugal em curto e longo prazo.

Na pesquisa, Mónica Rodrigues utilizou modelos avançados para quantificar os efeitos da temperatura na mortalidade, em curto (2051-2065) e longo prazo (2085-2099), e desenvolveu, também, estudos que incorporam cenários demográficos prospectivos em projeções de mortalidade associada à temperatura em condições atuais e futuras (2046-2065), tendo em conta a mortalidade relacionada com o frio e o calor.

Segundo a pesquisadora, a aplicação destes modelos permite “obter resultados sobre a identificação de fatores inerentes à vulnerabilidade climática, contemplando os impactos das alterações climáticas no agravamento de mortes evitáveis e, ainda, conhecer os grupos etários que apresentem vulnerabilidades associadas, à luz de cenários futuros. O objetivo é continuar a reforçar os conhecimentos sobre a modelação e simulação dos impactos das alterações climáticas na saúde da população em Portugal”.

Em particular, o estudo identificou os grupos de idade (inferior a 65 anos e +65 anos) em risco no âmbito do impacto das alterações climáticas sobre as doenças do aparelho circulatório, nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.

Os resultados, explicou Mónica Rodrigues, evidenciaram que para os períodos futuros “prevê-se um aumento da temperatura, quer no verão, quer no inverno, com maior frequência de ondas de calor, tendo influência na mortalidade. Por exemplo, na Área Metropolitana de Lisboa, durante os meses de verão, observa-se um aumento da mortalidade associada ao calor extremo, em todas as idades, na ordem de 1,58% e 0,10% em ambos os períodos (2051-2065 e 2085-2099, respetivamente), comparativamente ao período histórico (1991-2005)”.

“A mortalidade associada ao calor extremo é mais elevada no grupo +65 anos do que no grupo <65 anos, nomeadamente 2,22% vs. 1,38% em 2085-2099, comparativamente ao período histórico. Porém, na Área Metropolitana do Porto, só o grupo +65 anos é que evidencia impactos significativos com a mortalidade associada ao calor de 0,23% em 2051-2065 para 1,37% em 2085-2099”, salientou a pesquisadora.

No que diz respeito aos meses de inverno, o estudo estima, para a Área Metropolitana de Lisboa, uma diminuição da mortalidade associada ao frio extremo na ordem de 0,55% para 2051-2065 vs. 1991-2005 e 0,45% para 2085-2099 vs. 1991-2005. Do mesmo modo, na Área Metropolitana do Porto observou-se uma diminuição da mortalidade associada ao frio na ordem de 0,31% em curto prazo (2051-2065) e 0,49% em longo prazo (2085-2099), comparativamente ao período histórico (1991-2005).

Segundo a especialista, os resultados obtidos através da modelação climática e em saúde “podem e devem influenciar a formulação de políticas e incluir uma abordagem preventiva. A ausência de projeções quantitativas que incorporam alterações climáticas em cenários de possíveis alterações demográficas e adaptações limita a evidência sobre os riscos emergentes para a saúde, as definições da exposição da temperatura em nível local e a identificação de zonas/áreas geográficas onde o risco é mais elevado”.

A tese de doutorado realizada pela pesquisadora Mónica Rodrigues é inédita e teve destaque num dos mais prestigiados relatórios com relevância global, o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) – “Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability (IPCC, WGII)” –, o principal organismo mundial que estuda as alterações climáticas.

Mónica Rodrigues integra grupos de trabalho na Organização Mundial da Saúde, na Agência Europeia do Ambiente, na Agência do Ambiente (na Áustria), e integra o grupo de peritos e de revisores especialistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). A sua pesquisa tem-se dedicado ao estudo do impacto que as alterações climáticas podem ter nas doenças crônicas em Portugal e na Europa.

Ao longo de seu doutorado, Mónica Rodrigues publicou estudos nas revistas científicas Journal of Urban HealthEnvironmental Research e Atmosphere.

Acesse o artigo científico completo publicado na revista Journal of Urban Health (em inglês).

Acesse o artigo científico completo publicado na revista Environmental Research (em inglês).

Acesse o resumo do primeiro artigo científico publicado na revista Atmosphere (em inglês).

Acesse o resumo do segundo artigo científico publicado na revista Atmosphere (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Cristina Pinto, Universidade de Coimbra. Imagem: Idoso em Guimarães, Portugal. Fonte: Bruno Martins via Unsplash.

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