Notícia

Cooperação internacional na caça aos vazamentos de água

Projeto da UFC em parceria com instituições chinesa e sul-africana consegue informar a quantidade de água perdida e identificar escoamentos que não aparecem na superfície

Pixabay

Fonte

Agência UFC

Data

quinta-feira, 17 outubro 2019 12:00

Áreas

Cidades, Gestão Ambiental, Recursos Hídricos,, Sustentabilidade

O que os olhos não veem os cientistas podem detectar. Se o que está oculto são vazamentos, caçar essas perdas de água em um estado como o Ceará – que atravessa um dos períodos de seca mais severos das últimas décadas – pode significar o impedimento de um colapso hídrico. Só em Fortaleza, estima-se que a perda global de água chega a 45%, dos quais 25% são vazamentos, enquanto aproximadamente 20% são as chamadas perdas aparentes (fraudes, os famosos “gatos”; e submedição dos hidrômetros, os relógios de água das residências). Na Universidade Federal do Ceará, um projeto de cooperação internacional com a China e a África do Sul busca atacar o problema dos vazamentos em sistemas de distribuição de água.

A ação, intitulada Detecção de Vazamentos e Interação Tubo-Solo em Sistemas de Distribuição de Água, foi selecionada em 2016 para financiamento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em chamada para pesquisas entre países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Trata-se da única proposta do País selecionada fora do eixo Sul-Sudeste e a única no âmbito internacional sobre o tema de águas.

Com previsão para ser finalizado em 2020, o projeto já alcançou importantes resultados, como a possibilidade de definir a quantidade de água perdida em um vazamento que chega à superfície, auxiliando o trabalho da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).

“A partir das nossas técnicas, a CAGECE pode fazer a escavação e, verificando o tamanho do orifício, a profundidade da rede e o tipo de solo, avaliar o volume perdido durante o tempo de existência do vazamento”, explica o coordenador da pesquisa, Prof. Dr. Iran Eduardo Lima Neto, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA).

Mas o que parece ser ainda mais promissor é a possibilidade que o projeto abre de atuar na prevenção, através da identificação dos vazamentos não visíveis, chamados também de confinados, que, se não cessados, podem provocar colapso e erosão, afetando a estabilidade do terreno.

De acordo com o Dr. Iran, estudos da África do Sul mostram que esse tipo de vazamento é responsável por grandes perdas de água. “Eventualmente, a CAGECE consegue identificar esses não visíveis se forem uma coisa muito gritante, por exemplo, se for um vazamento orientado para baixo: ele não chega à superfície, mas, se for muito significativo, é possível até, algumas vezes, ver oscilação nos medidores. Mas não é o que acontece normalmente.”

Modelo Experimental

No Laboratório de Recursos Hídricos, do DEHA, a equipe do projeto desenvolveu um modelo experimental reduzido do sistema de distribuição de água. Por meio de bombeamento, a água entra no tanque, através de uma tubulação onde se controla o tamanho do orifício para simular um vazamento, coberto com uma camada de solo, tal como ocorreria numa situação real na rede.

Esse sistema, de acordo como Dr. Iran Eduardo, permite obter várias informações, como pressões da água e em quais situações o vazamento se torna visível ou confinado. “No momento, estamos em conversa com a CAGECE para instalar um modelo experimental em escala maior na unidade da empresa no Pici”, adianta.

A companhia entraria em colaboração fornecendo medidores a fim de que o sistema possa ser reproduzido numa tubulação real e na profundidade encontrada em Fortaleza. Isso ajudaria a meta da CAGECE de reduzir de 45% para 25% as perdas nas redes de água até 2025.

Outra técnica mais tradicional, já utilizada pela equipe, é a de balanço hídrico, com a qual se avalia na rede da CAGECE quais são os fluxos dos macromedidores (nas tubulações maiores). Com essa informação, é possível fazer um balanço da quantidade de água que foi para a rede e a que foi, de fato, consumida. Além disso, a equipe também tem utilizado modelagem computacional para avaliar possíveis perdas de água em comparação com os dados fornecidos pela companhia.

Perdas Financeiras

Para definir o tema do projeto, o Dr. Iran Eduardo conta que foram seis meses de conversas por e-mail com os pesquisadores da China e da África do Sul. ”Nós nos perguntávamos: o que é um problema global que afeta os três países, com relevância científica, e, ao mesmo tempo, envolve grandes perdas de recursos financeiros?”. Segundo dados da CAGECE, de novembro de 2016 a maio de 2018, foram investidos R$ 14,3 milhões para a retirada de vazamentos.

No âmbito nacional, o Instituto Trata Brasil aponta que o País perdeu, em 2016, mais de R$ 10 bilhões por conta do desperdício de 38% da água potável em vazamentos nas tubulações, erros de leitura de hidrômetros, roubos e fraudes, o que significa quase 7 mil piscinas olímpicas de água potável perdidas todos os dias. “Então, é uma perda não só do recurso hídrico, mas também de recursos financeiros”, alerta o professor.

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Síria Mapurunga, Agência UFC. Imagem: Pixabay.

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