Notícia

Compósito bioadsorvente, produzido a partir de quitosana, bentonita e biocarvão da munguba, pode ser usado no tratamento de resíduos industriais

Material sólido reduz a concentração de contaminantes orgânicos e inorgânicos em resíduos aquosos da produção de uma fábrica

Cícero Oliveira, UFRN

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

quinta-feira, 4 janeiro 2024 19:05

Áreas

Engenharia Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Materiais. Qualidade da Água. Química. Tecnologias. Toxicologia.

Pesquisadores da Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram um material que cria nova possibilidade para tratar resíduos da indústria. A tecnologia rendeu, como um dos seus frutos, um depósito de pedido de patente, em outubro, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A inovação foi identificada como ‘Compósitos bioadsorventes de quitosana, bentonita e biocarvão para o tratamento avançado de efluentes via adsorção e adsorção/flotação, seu processo de obtenção e uso’.

A invenção é um material sólido que, misturado a resíduos aquosos da produção de uma fábrica, reduz a concentração de contaminantes orgânicos e inorgânicos. O tratamento desses efluentes permite que haja o reaproveitamento para uso em situações domésticas, como lavagens, bem como que seu descarte seja feito de acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Joemil Oliveira de Deus Júnior, autor da dissertação que deu origem ao pedido de patente, acrescenta que a sustentabilidade é um dos pilares da nova tecnologia, além de destacar que a facilidade do produto patenteado, em relação a outros materiais, está relacionada com o método de produção, no qual o material é sintetizado a partir do gotejamento em solução alcalina.

“O dispositivo é um compósito bioadsorvente, produzido a partir de quitosana, bentonita e biocarvão da munguba, a Pachira aquatica aubl, ou seja, em parte com resíduos. Esse compósito é destinado para o tratamento avançado de efluentes aquosos, como os da indústria petrolífera, que contém metais e apresentam caráter tóxico e cancerígeno. A adsorção é um método de tratamento de baixo custo, fácil instalação e operação, porém o uso do carvão ativado como adsorvente acarreta custos elevados para a operação. Uma alternativa economicamente viável é o uso de materiais naturais com baixo valor agregado, os bioadsorventes. Dessa forma, o que fizemos foi valorizar o resíduo proveniente da casca do fruto da munguba, através da sua aplicação como potencial bioadsorvente para o tratamento da água produzida, avaliando a remoção de metais pesados, como cobre, chumbo e cromo pelo método de adsorção em banho finito”, explicou Joemil Júnior.

Ao atuar no tratamento dos efluentes industriais antes do seu descarte, evitando a contaminação aquática e a destruição de ecossistemas, a nova tecnologia junta-se a um tema pertinente na atualidade: a preservação dos recursos hídricos. Afinal, alguns segmentos, como as indústrias petrolífera, têxtil e alimentícia, possuem grande potencial de poluição através do descarte de resíduos, pois tais ‘detritos’ contém contaminantes específicos que requerem técnicas avançadas de remoção. “Por isso, a busca pelo desenvolvimento de tecnologias alternativas sustentáveis e de baixo custo para serem aplicadas no tratamento desses efluentes é essencial tanto para fins científicos quanto comerciais”, destacou Joemil Júnior, atualmente doutorando no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFRN.

Karine Fonseca Soares de Oliveira, uma das cientistas autoras da invenção, comentou que esse contexto toca no conceito de economia circular, uma vez que o compósito é produzido a partir da utilização de dois materiais que podem ser obtidos de resíduos agroindustriais: a quitosana e o biocarvão. “No Laboratório de Tecnologia Ambiental [da UFRN], temos uma linha de pesquisa destinada ao tratamento de efluentes, onde fazemos o teste de novos materiais para remoção de contaminantes avançados de resíduos industriais, em especial a água produzida. O método de síntese empregado na invenção já está sendo testado com outras matérias-primas e sendo modificado para remoção de poluentes mais específicos e complexos”, ressaltou.

Acesse a dissertação ‘Aplicação de bioadsorventes em sistema combinado adsorção/flotação para tratar água produzida‘.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fonte: Wilson Galvão, AGIR-Reitoria/UFRN. Imagem: Cícero Oliveira, UFRN.

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