Notícia

Biobaterias geram eletricidade a partir de esgoto sanitário e efluentes agroindustriais

Na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, cientistas desenvolveram e mantêm em funcionamento protótipos de “baterias biológicas” que transformam resíduos em eletricidade, as chamadas Células a Combustível Microbianas

Divulgação, EACH-USP

Fonte

Jornal da USP

Data

sexta-feira, 30 abril 2021 10:05

Áreas

Energia. Inovação. Sustentabilidade. Tecnologias.

Em busca de alternativas para a sustentabilidade dos setores de energia e saneamento, pesquisadores vinculados ao Laboratório de Saneamento e Tecnologias Ambientais (LabSanTec) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) desenvolveram um modelo de Célula a Combustível Microbiana (CCM) que é capaz de gerar eletricidade a partir de águas residuárias urbanas e agroindustriais, a exemplo da vinhaça, resíduo obtido na produção de bioetanol. O Grupo de Pesquisa Água, Saneamento e Sustentabilidade – GEPASS mantém seis unidades que apresentam potência em torno de 48 Watts por metro cúbico (m3) de volume do sistema. A solicitação de depósito de patente baseada no projeto foi efetuada no último mês de março.

O grupo de pesquisa liderado pelo Dr. Marcelo Nolasco, professor do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da EACH, vem trabalhando agora com seus orientandos nas melhorias que buscam otimizar os protótipos para torná-los mais eficientes e capazes de gerar maior densidade de corrente elétrica. “Nossos protótipos resultam de estudos anteriores que almejavam a recuperação de recursos diversos, provenientes de estações de tratamentos de águas residuárias. Os sistemas, formados por tecnologias e processos, deixam de ser consumidores de insumos e eletricidade para se tornarem fontes de geração de novos recursos”, explicou o professor ao Jornal da USP, lembrando que o grupo buscou previamente identificar potencialidades para implementar a transformação do esgoto sanitário em água de reúso, biogás e em fertilizante orgânico.

O pós-doutorando Vitor Cano, que também integra o grupo, destaca que os pesquisadores têm, entre outros objetivos, desenvolver soluções que tornem o setor de saneamento mais sustentável, alinhado às melhores práticas e tecnologias apropriadas. “Quando observamos estações de tratamento, mesmo em outras regiões, vemos que são obras de grande porte e, em que pesem os enormes benefícios há muito conhecidos, causam impactos ao ambiente, incluindo emissões de gases de efeito estufa. Em alguns países, como os Estados Unidos, os setores de água e esgoto podem consumir até 4% da eletricidade de toda a nação”, destacou o pesquisador. A tese de doutorado de Vitor Cano, defendida na EACH-USP, contou com a colaboração de grupo de pesquisa da Universidade de Columbia, EUA.

Bactéria eletrogênica

Nos experimentos, além da vinhaça sintética, os pesquisadores também têm usado espécies de bactérias denominadas eletrogênicas. “A presença desse grupo de bactérias no ambiente natural é mais comum do que se pensava inicialmente, quando foram descobertas em 1910. Esses microrganismos podem ser encontrados em diversos locais, inclusive nas estações de tratamento de esgotos”, destacou Vitor, ressaltando que há várias espécies de bactérias que são utilizadas para tratar efluentes. Mas dentro da CCM só irão se desenvolver as que se adaptarem ao meio, sendo principalmente as capazes de gerar corrente elétrica, como as eletrogênicas.

Otimização

Atualmente, os pesquisadores trabalham em processos de otimização da CCM. Dentre os diversos pontos investigados, têm-se a otimização dos bioprocessos, a automatização do sistema, a identificação e uso de materiais para a construção das câmaras que compõem a CCM.

O estudante Julio Cano, que vem fazendo seu mestrado na EACH e integra o GEPASS e o LabSanTec, trabalha nesse sentido e avalia como as condições de funcionamento afetam os custos do equipamento. “Estamos buscando ampliar o potencial de geração de eletricidade alcançado na primeira etapa do estudo para valores que permitam avançar no ganho de escala da CCM”, destacou Julio.

A ideia é contribuir para que no futuro as CCMs possam sair da escala de laboratório, e ganhar escala para funcionar em uma estação de tratamento de esgotos urbanos, ou em usinas de produção de álcool e estações de tratamento de efluentes industriais.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Antonio Carlos Quinto, Jornal da USP. Imagem: Divulgação, EACH-USP.

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