Notícia

Aquecimento global causa aumento das hospitalizações por subnutrição no Brasil

Fonte

Universidade Monash

Data

quinta-feira, 31 outubro 2019 09:30

Áreas

Aquecimento Global. Saúde Ambiental.

Pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, em conjunto com pesquisadores brasileiros, estão alertando que o aquecimento global provavelmente aumentará as doenças causadas pela desnutrição, devido aos efeitos da exposição ao calor.

Embora esteja bem documentado que o aquecimento global resultará indiretamente em mais pessoas subnutridas devido à produção agrícola ameaçada e ao aumento da insegurança alimentar, este primeiro estudo mundial analisou a ligação entre a exposição ao calor e o aumento da subnutrição.

Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Yuming Guo, professor de Epidemiologia Ambiental e Bioestatística da Escola de Saúde Pública e Medicina Preventiva da Universidade Monash, analisaram dados de hospitalizações diárias cobrindo quase 80% do Brasil entre 2000 e 2015. Eles estudaram a ligação entre temperaturas médias diárias e hospitalização por desnutrição, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças.

Os pesquisadores descobriram que, para cada aumento de 1 ° C na temperatura média diária durante o verão, havia um aumento de 2,5% no número de hospitalizações por desnutrição.

“A associação entre aumento de calor e hospitalização por desnutrição foi maior para indivíduos com mais de 80 anos e entre 5 e 19 anos. Estimamos que 15,6% das hospitalizações por desnutrição possam ser atribuídas à exposição ao calor durante o período do estudo”, destacaram os pesquisadores.

O estudo diz que o aumento do calor pode causar desnutrição de várias maneiras:

• Reduzindo o apetite
• Provocando aumento no consumo de álcool
• Reduzindo a motivação ou capacidade de fazer compras e cozinhar
• Aumentando os efeitos da desnutrição já existente, resultando em hospitalização
• Piorando a digestão e absorção de alimentos e aumentando a morbidade gastrointestinal
• Prejudicando a termorregulação.

O estudo foi publicado na revista científica PLOS Medicine no dia 30 de outubro. Participaram do estudo os pesquisadores brasileiros Dr. Paulo Saldiva, ambos do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) e a Dra. Micheline Coelho, também do IEA-USP e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

“A mudança climática é uma das maiores ameaças à redução da fome e da desnutrição, especialmente nos países de baixa e média renda. Estima-se que a mudança climática reduzirá a disponibilidade global de alimentos em 3,2% e, portanto, causará cerca de 30.000 mortes relacionadas ao baixo peso até 2050. No entanto, isso pode realmente subestimar o efeito real das mudanças climáticas na futura morbimortalidade relacionada à desnutrição, porque negligencia os efeitos diretos e em curto prazo do aumento da temperatura”, diz o artigo científico.

“Estimamos que mais de 15% das hospitalizações por desnutrição poderiam ter sido atribuídas à exposição ao calor no Brasil durante o período do estudo. É plausível especular que as mudanças climáticas não apenas aumentem a taxa de desnutrição nas áreas mais afetadas do mundo, mas, ao mesmo tempo, prejudiquem a capacidade dos indivíduos de se adaptarem aos aumentos projetados de temperatura. As estratégias globais que abordem a correlação entre as mudanças climáticas e a desnutrição devem se concentrar nos sistemas alimentares, mas também na prevenção da exposição ao calor”, concluem os pesquisadores.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Monash (em inglês).

Fonte: Universidae Monash. Imagem: Pixabay.