Notícia

Altas temperaturas aumentam o risco de lesões em trabalhadores

Fonte

UCLA | Universidade da Califórnia em Los Angeles

Data

terça-feira, 20 julho 2021 06:30

Áreas

Mudanças Climáticas. Saúde. Segurança do Trabalho.

Um estudo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, mostra que o tempo quente aumenta significativamente o risco de acidentes e lesões no trabalho, independentemente de o trabalho ser realizado em ambiente interno ou externo. A análise é baseada em dados do sistema de compensação de trabalhadores da Califórnia, o maior do país.

“A incidência de doenças causadas pelo calor, como exaustão por calor e insolação, definitivamente aumenta nos dias mais quentes”, disse o Dr. R. Jisung Park, pesquisador principal do estudo e professor de Políticas Públicas na Escola de Relações Públicas da UCLA. “Mas o que descobrimos é que incidentes aparentemente não relacionados – como cair de uma escada ou ser atropelado por um caminhão em movimento ou ficar com a mão presa em uma máquina – tendem a ocorrer com mais frequência em dias mais quentes também”, destacou o pesquisador.

Ao comparar os registros de mais de 11 milhões de pedidos de indenização por acidentes de trabalho da Califórnia de 2001 a 2018 com dados meteorológicos locais de alta frequência, o Dr. Park e seus colegas isolaram o impacto dos dias mais quentes no número de pedidos de indenização por lesões. O estudo mostra que em dias com temperaturas acima de 32^oC, os trabalhadores têm um risco 6% a 9% maior de lesões do que em dias com temperaturas na casa dos 10^oC ou 15^oC. Quando o termômetro chega a cerca de 38^oC, o risco de lesões aumenta em 10% a 15%.

Essas descobertas são particularmente alarmantes no contexto da mudanças climáticas, que deve produzir mais dias de alta temperatura a cada ano. Os pesquisadores estimam que as altas temperaturas já causam cerca de 15.000 feridos por ano na Califórnia.

“O calor às vezes é descrito como um assassino silencioso. Mas se você olhar os dados e fizer a análise estatística, verá que o calor tem um impacto significativo na mortalidade e nos resultados de saúde”, disse a Dra. Nora Pankratz, pós-doutoranda da UCLA.

Não é surpreendente que o tempo quente leve a lesões e doenças entre os trabalhadores em indústrias predominantemente ao ar livre, como agricultura, serviços públicos e construção civil. Mas os dados mostram de forma consistente que os setores nos quais a maioria das pessoas trabalha em ambientes fechados também são afetados. Na fabricação, por exemplo, dias com altas temperaturas (acima de 35^oC) têm risco de lesão que é aproximadamente 7% maior do que dias com temperaturas abaixo de 15^oC.

“Muitas instalações de manufatura não têm ar-condicionado. Como você está em um ambiente interno, não necessariamente pensa na temperatura como uma grande ameaça”, disse o Dr. A. Patrick Behrer, que faz pós-doutorado na Universidade Stanford e também é coautor do estudo.

A realidade é que trabalhadores que frequentam ambientes com temperaturas mais altas enfrentam inúmeros riscos, independentemente de onde ocorra o trabalho.

“O calor afeta sua fisiologia. Isso afeta a cognição. Afeta a capacidade do corpo em lidar com a situação. Parece possível que o que estamos observando nos dados desses trabalhadores é que eles estão mais propensos a cometer erros ou erros de julgamento [em ambientes mais quentes]”, destacou o Dr. Jisung Park.

Os pesquisadores descobriram que lesões relacionadas ao calor no local de trabalho são mais prováveis ​​de serem sofridas por homens e trabalhadores de baixa renda. Além disso, os mais jovens sofrem mais lesões relacionadas ao calor, possivelmente em parte porque são mais propensos a ter empregos com maiores riscos físicos em canteiros de obras, fábricas ou armazéns.

Para um funcionário de escritório trabalhando em uma mesa de computador, cochilar em uma tarde quente de verão provavelmente não causará ferimentos. “Mas se você tem uma enorme serra elétrica na mão, a situação é mais crítica”, disse o Dr. Park.

Podem ser enumeradas como conclusões complementares do artigo:

• O número de lesões relacionadas ao calor na verdade diminuiu depois de 2005, quando a Califórnia se tornou o primeiro estado a implementar medidas obrigatórias de prevenção de doenças causadas pelo calor em locais de trabalho ao ar livre em dias em que as temperaturas excedem 35^oC.
• Os custos financeiros de lesões relacionadas ao calor podem ser entre US$ 750 milhões e US$ 1,25 bilhão por ano somente na Califórnia, considerando despesas com saúde, perda de salários e produtividade e reivindicações por invalidez.
• As desigualdades no mercado de trabalho são exacerbadas em parte pelo fato de que as comunidades de baixa renda tenderem a se situar nas partes mais quentes do estado [da Califórnia]. Pessoas na faixa de renda familiar mais baixa do estado têm aproximadamente cinco vezes mais probabilidade de serem afetadas por doenças relacionadas ao calor ou lesões no trabalho do que aquelas na faixa de renda mais alta, apontou o estudo.

O estudo está disponível em formato de pré-impressão (ainda sem análise por pares) através do Institute of Labor Economics, que divulga versões de pesquisas potencialmente influentes antes da publicação em periódicos acadêmicos.

Acesse a pré-impressão do artigo completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UCLA (em inglês).

Fonte: Universidade da Califórnia em Los Angeles. Imagem: Yancy Min via Unsplash.