Notícia

Açaí ganha o seu primeiro Zoneamento Agrícola de Risco Climático

O zoneamento permite quantificar os riscos relacionados a problemas climáticos e identificar as melhores regiões e épocas para a produção

Ronaldo Rosa, Embrapa

Fonte

Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Data

quinta-feira, 29 fevereiro 2024 15:55

Áreas

Agricultura. Ciência Agrária. Clima. Economia. Geografia. Meteorologia. Modelagem Climática. Solo.

O cultivo do açaizeiro da espécie Euterpe oleracea, cultura de origem amazônica, dispõe agora de zoneamento que orienta a sua expansão para outras regiões do País. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a cultura do açaí em sistema de produção irrigado foi publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Trata-se do primeiro zoneamento para o açaí e considera riscos climáticos de 20%, 30% e 40%. Na maior parte do Brasil, o ZARC aponta risco de 20% para o plantio irrigado de açaí e mostra que a totalidade das regiões Norte e Nordeste, maior parte do Centro-Oeste e uma pequena parte do Sudeste (norte de Minas Gerais e Espírito Santo) apresentam condições de temperatura, umidade, ocorrência de chuvas e tipos de solo que permitem o cultivo da palmeira amazônica em sistema irrigado.

“O zoneamento tem o objetivo de quantificar os riscos relacionados aos problemas climáticos e permite ao produtor identificar as melhores regiões para produção e as épocas para plantio das mudas, levando em conta o clima, a cultura e os diferentes tipos de solos”, explicou o Dr. Alailson Santiago, meteorologista e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

O modelo agrometeorológico utilizado no estudo considera diversos elementos climáticos. “Analisamos elementos que influenciam diretamente no desenvolvimento da produção agrícola, como a temperatura, a ocorrência de chuvas, umidade relativa do ar, água disponível nos solos, necessidade hídrica da cultura e parâmetros geográficos, como altitude, latitude e longitude”, relatou o Dr. Alailson Santiago.

As características de solo e clima de todas as regiões do País foram analisadas para cada fase de desenvolvimento da planta, desde o plantio até a colheita. “Verificamos a necessidade de água e o tipo de solo para cada fase de desenvolvimento do açaí”, acrescentou o pesquisador. A metodologia considera dados meteorológicos de séries históricas de pelo menos 15 anos, além de todo o conhecimento científico sobre a cultura e validações em campo.

Para chegar às informações disponibilizadas no zoneamento, pesquisadores de diferentes áreas da Embrapa na Região Norte  – AmapáAcreAmazônia OcidentalRondônia e Roraima – realizaram consultas a produtores e validaram as informações técnicas do ZARC do açaí.

Açaí depende de disponibilidade de água

O principal parâmetro de risco climático para o açaí é a necessidade hídrica. O açaizeiro é uma palmeira nativa das áreas de várzea da Amazônia e a expansão para sistemas comerciais de produção em terra firme requer a irrigação, pois mesmo os períodos curtos de falta de água podem reduzir muito a produção. “Não se pensa em plantar açaí em terra firme sem irrigação. Sem a água, o cultivo se torna inviável”, afirmou o Dr. João Tomé de Farias Neto, pesquisador da Embrapa.

A técnica mais utilizada é a irrigação por microaspersão e a quantidade de água nas diferentes idades da planta depende das condições edafoclimáticas da região, afirmou o Dr. João Farias. “É preciso utilizar técnicas de manejo de irrigação para o uso racional da água”, completou.

O ZARC considera, portanto, somente o sistema de produção de açaí com irrigação. As duas cultivares de açaí de terra firme desenvolvidas pela Embrapa, BRS Pará e BRS Pai d’Égua, são componentes fundamentais desse sistema de produção. Entre as principais características das variedades estão a redução da sazonalidade na produção, maior rendimento de polpa dos frutos e produção precoce.

Temperaturas elevadas para o açaí

Em sistema de produção de açaí irrigado, outro fator climático limitante passa a ser o risco térmico que pode comprometer a produção da palmeira. “Em baixas temperaturas, ocorre o abortamento dos frutos, eles caem dos cachos antes de amadurecer”, destacou o Dr. Alailson Santiago. Em avaliações de campo, temperaturas próximas a 11 ºC, ainda que em ocorrências isoladas, foram bastante prejudiciais ao açaizeiro, provocando morte de folhas e abortamento de flores ou frutos.

Acesse a notícia completa na página da Embrapa.

Fonte: Ana Laura Lima, Embrapa Amazônia Oriental. Imagem: Ronaldo Rosa, Embrapa.

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