Destaque

Pesquisadores alertam sobre os desafios de adaptação das metrópoles às mudanças climáticas

Fonte

Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz

Data

quinta-feira, 14 março 2024 11:30

Em artigo opinativo – Heat waves, climate crisis and adaptation challenges in the global south metropolises (em tradução livre: “Ondas de calor, crise climática e desafios de adaptação nas metrópoles do sul global”) –, publicado recentemente na revista científica PLOS Climate, o Dr. Christovam Barcellos, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alertou sobre os desafios encontrados na adaptação das metrópoles do sul global às mudanças climáticas, em especial, às ondas de calor, lembrando que nestas áreas questões como fornecimento de água potável, energia elétrica e saneamento básico são ainda dificuldades extras à população, em especial aos mais pobres.

Segundo o Dr. Christovam Barcellos, que é pesquisador do Observatório de Clima e Saúde e do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), as ondas de calor não atingem a todos os habitantes de um país não têm as mesmas características do que vem acontecendo na Europa.

Como um dos signatários da carta aberta da Fiocruz, lançada no início de fevereiro deste ano, solicitando que seja declarada uma ‘nova emergência global de saúde’, devido à crise climática e ambiental e o acelerado agravamento de seus impactos na saúde da população, o Dr. Barcellos expôs neste artigo sua visão sobre os impactos que vêm acompanhando enquanto pesquisador tanto no Brasil quanto em outros países, como por exemplo, em Moçambique.

Na real

No caso brasileiro, os dados apurados pelo IBGE no censo nacional de 2022 e divulgados em dezembro de 2023, realizado em mais de 90 milhões de domicílios, mostram grandes diferenças por regiões nacionais, o que reforça a preocupação do pesquisador em relação à comparação com as condições do norte global (países mais industrializados e com a economia mais forte) e as do sul global, que vivem realidades completamente diferentes.

No caso das populações que moram em favelas, a situação é pior, como explicou a Dra. Renata Gracie – coordenadora do LIS e também pesquisadora do Observatório de Clima e Saúde – devido a vários fatores, como acesso reduzido à educação, ao saneamento básico e à saúde, dentre outros. Segundo ela, “a chance de adaptação das populações periféricas urbanas, cidadão dos territórios de favelas, é em geral menos protetiva do que dos cidadãos do restante das cidades” e acrescentou: “em geral, como estes cidadãos têm menos acesso à saúde, têm mais dificuldade de ter diagnóstico de doenças crônicas e quando têm diagnóstico muitas vezes têm dificuldade de acesso ao tratamento e este fato termina por expor mais este grupo da sociedade, e por isso quando uma região metropolitana está passando por um evento de onda de calor, esse grupo tem uma possibilidade maior de ter consequências mais graves e podem vir a óbito”.

Os desafios

No artigo, o Dr. Christovam Barcellos apontou duas  preocupações principais nas  cidades do sul global: as políticas de água, energia e saúde devem apoiar melhor os grupos marginalizados, muitas vezes dispersos, com pouca capacidade de investimento e que enfrentam problemas de renda, educação e acesso aos serviços de saúde; é necessário garantir a qualidade e a segurança dos sistemas de saneamento para aqueles já incluídos nesses sistemas, reconhecendo que sua complexidade e vulnerabilidade os tornam propensos a falhas, especialmente durante eventos climáticos extremos.

O pesquisador defende enfaticamente que os problemas só poderão ser reduzidos ou solucionados “com a participação da população diretamente afetada por condições de risco imediato ou potencial, dentro de um ambiente democrático que permita o diálogo intersetorial e interdisciplinar”.

Acesse a publicação na revista PLOS Climate (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.

Fonte: Graça Portela, Icict/Fiocruz.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account