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Estudo mapeia área de sedimentos decorrentes do desastre em Mariana-MG

Fonte

CNPq | Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Data

quarta-feira, 20 março 2019 12:25

O crescimento exponencial da mineração em todo o mundo é uma realidade que preocupa a comunidade científica. Já há, segundo cientistas, evidências convincentes de que as ameaças associadas a essa atividade estão aumentando globalmente, afetando diretamente tanto  ecossistemas locais como aqueles distantes da atividade em si. Dentre essas ameaças está a possibilidade de acidentes e desastres como os que o Brasil presenciou nos últimos quatro anos: o rompimento das barragens de Mariana, em 05 de novembro de 2015, e mais recentemente, em 25 de janeiro deste ano, de Brumadinho, ambos no Estado de Minas Gerais.

Estudo coordenado pelo analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Dr. Rafael Magris, com a participação de pesquisadores da Universidade de Vigo (Espanha), Universidade de Victoria (Canadá) e Universidade Freie de Berlim (Alemanha), reconstruiu a trajetória da pluma de sedimentos liberada pelo acidente ocorrido na barragem de Fundão, em Mariana. O objetivo era obter uma estimativa mais precisa sobre a área costeira afetada pela ruptura e os ecossistemas marinhos que sofreram impacto.

De acordo com o Dr. Magris, o estudo utilizou simulações computacionais matemáticas, baseadas em dados hidrológicos (uso e ocupação do solo, vazão do rio, e concentração de sedimentos) e climáticos (pluviosidade, temperatura), observados ao longo da bacia do Rio Doce para o período compreendido entre 2000 a 2016 e combinou tal informação com dados das condições oceanográficas da região costeira adjacente (vento, correntes, profundidade).

“Com isso, foi possível avaliar a dispersão da pluma de sedimentos e a deposição dos mesmos ao longo da zona costeira durante a fase aguda do impacto. Após calibração e validação do modelo com dados reais, foi possível também fazer predições sobre o comportamento da pluma ao longo dos anos, até 2029”, explica Magris, que coordenou o estudo.

Em novembro de 2015, entre 50 e 60 milhões de metros cúbicos de lama contaminada com rejeitos da mineração foram liberadas na cabeceira do Rio Doce. Em pouco mais de um ano (desde o ocorrido até dezembro de 2016), o rio Doce exportou 74 milhões de toneladas de sedimentos – um aumento médio de 88%. Segundo o Dr. Magris, considerando a quantidade de chuvas ocorridas no mesmo período, o rio deveria ter exportado apenas 2,4 milhões de toneladas de sedimento para o mar. “Ou seja, houve um aumento expressivo na quantidade de sedimentos transportados pelo rio”, avalia o pesquisador.

O estudo mostrou que a pluma contendo sedimentos contaminados pelos rejeitos se espalhou em direção às áreas sensíveis na zona costeira, tais como recifes de corais na região sul do Banco dos Abrolhos, bancos de gramíneas marinhas, na mesma região e na costa sul do Espírito Santo, além de grandes bancos de algas calcárias. “A pluma de sedimentos causa impacto direto nestes ambientes, pois atenua a luz na água, soterra organismos do fundo, e funciona como veículo no transporte de substâncias químicas nocivas, tais como metais pesados”, explica Magris.

O pesquisador afirma que a intensidade dos impactos diminuirá com o tempo, mas o estudo prevê que a área total de ecossistemas em risco ou possivelmente afetados  tende a aumentar, em decorrência das variabilidades ambientais oceanográficas. “Determinamos as prioridades de monitoramento e restauração, avaliando e comparando a extensão em que ecossistemas sensíveis dentro de áreas marinhas protegidas foram expostos a perturbações. Os resultados obtidos permitirão otimizar os esforços de recuperação na área marinha afetada e avaliar os serviços ecossistêmicos perdidos”, conclui.

Acesse a notícia completa na página do CNPq.

Fonte: Coordenação de Comunicação Social do CNPq. Imagem: Centro TAMAR/ICMBio – Divulgação.

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